No dia em que foi criada a nova AD-Açores o Chega apoiou e deixou de apoiar a coligação à direita

Chega-Açores revelou que iria apoiar coligação de direita, uma informação depois desmentida por André Ventura.

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André Ventura LUSA/EDUARDO COSTA

Foi um dia em cheio nos Açores. Primeiro, PSD, CDS e PPM anunciaram um “acordo de governação” para os Açores, reeditando a Aliança Democrática (AD) de 1979, liderada por Sá Carneiro. Horas depois, o líder regional do Chega, Carlos Furtado, garantiu ao PÚBLICO que iria viabilizar a coligação de direita. Logo a seguir, André Ventura recorre ao Facebook para garantir que é “falso” que o partido apoie nova AD. De manhã, o vice-presidente regional do Chega demitira-se, acusando Ventura de “postura centralista”. 

Mas indo por partes. Primeiro, foi a conferência de imprensa que juntou José Manuel Bolieiro, presidente do PSD-Açores, Artur Lima, líder do CDS, e Paulo Estêvão, do PPM. O objectivo foi anunciar um “acordo de governação” entre os três partidos. “Trata-se de uma declaração conjunta de PSD, CDS e PPM, fruto de um acordo de governação”, começou por dizer Bolieiro, confirmando o acordo que já tinha sido avançado pelo PÚBLICO. “Representamos um projecto político, uma proposta de governação plural, entendidos que foram por nós os resultados eleitorais e a vontade do povo”, acrescentou em seguida o social-democrata.

Bolieiro destacou que os três partidos conseguiram mais de 43 mil votos nas últimas eleições regionais e que, por isso, apresentam agora uma “proposta de governação profundamente autonómica”, através de um governo de “base parlamentar”. “O parlamento é o centro político da autonomia. O governo depende e respeita o parlamento. É já a desgovernamentalização do parlamento.” 

A oficialização da AD 2020 versão Açores já tinha sido avança por Rui Rio, presidente do PSD, que disse que a solução em preparação para um próximo Governo Regional dos Açores será uma “reedição da Aliança Democrática” de 1979 entre PSD, o CDS e o PPM. 

“As informações que tenho relativamente aos Açores - o partido tem autonomia - é que o partido está a tratar de reeditar a Aliança Democrática do tempo de Sá Carneiro. Uma coligação entre PSD, CDS e o PPM. Faltam só os reformadores, que era um grupo individual”, disse após uma reunião com representantes da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confecção.

Do lado do PSD-Açores, após as perguntas dos jornalistas no final da conferência de imprensa, Bolieiro não quis responder como iria suportar a AD no parlamento (ficam a faltar três deputados para a maioria), mas pouco depois chegaram declarações de apoio por parte do presidente do Chega-Açores.

Carlos Furtado confirmou ao PÚBLICO que o partido ia apoiar uma coligação de direita para assegurar a presidência do Governo dos Açores. “Vamos estar ao lado da coligação de direita no sentido de viabilizar um governo estável para uma legislatura”, afirmou. Segundo o deputado eleito do partido, ainda não existe acordo escrito, mas o PSD mostrou abertura para acolher algumas das exigências do partido. “A carteira de exigências que mais ou menos fomos revelando ao PSD nos últimos dias, que não está ainda assinada, obviamente, leva-nos a crer que este entendimento é perfeitamente possível”, disse, reconhecendo que o resultado eleitoral do partido não permite uma “capacidade de reivindicação muito grande”.

A garantida foi dada por Furtado em ocasiões diferentes ao PÚBLICO, à agência Lusa e à RTP-Açores. Contudo, pouco depois, André Ventura, o líder nacional, classificou estas notícias como falsas. 

“Essas notícias que hoje saíram são falsas. O Chega ainda não viabilizou, não deu nenhum acordo, não deu nenhuma garantia a nenhum governo, seja que orientação for”, disse num vídeo que publicou no Facebook. O deputado na Assembleia da República destacou as “cinco exigências fundamentais” para a coligação ter o apoio do Chega:  a participação do PSD no processo de revisão constitucional; a redução do número de deputados; a redução do número de beneficiários do rendimento social de inserção nos Açores; uma  auditoria aos governos do PS nos Açores; e a criação de um gabinete contra a corrupção.

De manhã, o vice-presidente regional, Orlando Lima demitiu-se depois de acusar André Ventura de ter descurado “os interesses dos açorianos” na noite das eleições, ao negar acordo com o PSD, com uma “postura centralista”.

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