Uma vitória competente para adepto ver

Benfica triunfa por 3-0 sobre o Standard Liége para a Liga Europa. Pizzi, o melhor em campo, fechou as contas do jogo com um golo espectacular.

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LUSA/JOSE SENA GOULAO

Haver público num estádio é tão raro nestes tempos de pandemia que já nem estamos habituados, sabendo racionalmente que os adeptos são algo de verdadeiramente insubstituível num jogo. Os espectadores regressaram à Luz, mais de 200 dias depois, em quantidade reduzida (7% da lotação, 4875), para assistirem ao triunfo do Benfica sobre o Standard Liège, por 3-0, a contar para a Liga Europa, a segunda vitória em dois jogos para os “encarnados”, segurando o comando do Grupo D, com seis pontos, a par do Glasgow Rangers, triunfante em Ibrox sobre o Lech Poznan.

Frente a um adversário fechado e sem ambição atacante, o Benfica só conseguiria desbloquear o jogo na segunda parte. Sem nunca perder o controlo das operações, a formação orientada por Jorge Jesus foi dominadora em todos os capítulos, mas levou mais de meio jogo a transformar esse domínio em golos. E nessa primeira metade, não houve propriamente uma catadupa de remates perigosos e defesas espectaculares do guardião belga Bodart.

Houve domínio esmagador na posse de bola, houve remates e houve meias oportunidades, mas nada disto serviu para desfeitear um adversário muito limitado e formatado só para defender – e isto não é um exagero, o Standard não fez um único remate à baliza de Vlachodimos na primeira parte. O melhor que o Benfica conseguiu nos primeiros 45’ veio dos seus jovens laterais, que se estreavam a titulares com Jesus: Diogo Gonçalves, na direita, e Nuno Tavares, na esquerda, aproveitavam da melhor maneira a falta de pendor atacante dos belgas para aumentar a presença benfiquista no seu meio-campo ofensivo.

Só mesmo a fechar a primeira parte é que o Benfica se aproximou verdadeiramente do golo. Um remate de Pizzi, aos 39’, saiu bastante por cima da baliza dos belgas, houve uma pressão final intensa nos últimos segundos antes de o árbitro apitar para o intervalo, mas nada. O marcador continuava a zero e Jesus precisava de fazer alguma coisa.

Para a segunda parte já não regressou Pedrinho. Entrou Rafa Silva e, com o internacional português em campo, o Benfica passou do domínio estéril da primeira parte para um domínio consequente na segunda.

Logo aos 48’, Waldschmidt recebeu a bola na área belga, mas teve logo em cima dele Bokai, que o derrubou. Da marca dos 11 metros, Pizzi colocou o Benfica na frente, uma vantagem mais que justa para a única equipa verdadeiramente interessada em ganhar o jogo. O golo dos “encarnados” despertou a formação belga para a vida e, à passagem da hora de jogo, conseguiu, imagine-se, um par de cantos consecutivos. E, de caminho, o único remate que deu trabalho a Vlachodimos durante todo o jogo: bola na área e Vanheusden a rematar para uma boa defesa do guarda-redes.

Este despertar belga foi de curtíssima duração. Pouco depois, Nuno Tavares arrancou em velocidade na direcção da área do Standard e só foi travado em falta por Fai, mesmo em cima da linha. Novo penálti, mas não foi Pizzi que assumiu a marcação – o capitão entregou a bola a Waldschmidt e o alemão, com um remate poderoso, fez o 2-0 aos 66’.

Nesta altura, e tendo em conta tudo o que o jogo nos tinha mostrado até então, a vitória já não iria fugir ao Benfica. A pensar na sempre difícil deslocação ao Bessa, na próxima segunda-feira, Jesus fez a gestão dos recursos humanos com múltiplas substituições, mas o domínio “encarnado” manteve-se a um bom nível e foi abrilhantado, aos 76’, por um grande golo de Pizzi: um chapéu a Bodart, com a bola a tocar ligeiramente na cabeça de um defesa da formação belga antes de entrar na baliza.

E, assim, os quase cinco mil adeptos saíram satisfeitos do Estádio da Luz, com a alma cheia, não por uma exibição histórica frente a um adversário que causou problemas (não causou nenhum), mas pelo simples facto de terem voltado a entrar num estádio, mesmo com todas as limitações impostas, longe uns dos outros espalhados pelas bancadas. E, claro, por mais vitória competente do Benfica, que, depois daquela entrada em falso que lhe fechou as portas da Liga dos Campeões, já vai em sete triunfos consecutivos.

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