Cartas ao director

Greve dos enfermeiros, agora?
Quando os professores equacionaram uma greve na altura dos exames, eis que se manifestaram vozes de indignação de várias frentes, nomeadamente, evocando ilegalidade. Agora, os enfermeiros pretendem fazer greve no meio da pandemia, numa onda de propagação galopante, e não se ouvem juízos de valor sobre tal precipitação. Não pondo em questão a legitimidade das reivindicações dos enfermeiros, a realização de uma greve agora é de uma irresponsabilidade óbvia. Aliás, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros nem deveria hesitar em interferir, pelo menos, no âmbito dos seus poderes, chamando à atenção dos que protagonizam esta iniciativa. Já agora, alguém imagina que, por exemplo, os médicos fariam algo de semelhante?
Luís Filipe Rodrigues, Santo Tirso 

A liberdade de informação e o silêncio sobre Julian Assange 
Julian Assange esteve retido, em asilo político, sete anos na Embaixada do Equador em Londres, cercado por uma brigada policial permanente. É já um grande castigo. Um direito de asilo que lhe foi retirado à traição pelo novo poder do país que o tinha protegido contra o processo para a sua detenção no Reino Unido, uma parceria judicial com o Governo dos Estados Unidos. Spionage Act?! Por ter dado a conhecer ao mundo atrocidades praticadas pelas Forças Armadas dos EUA no Iraque e no Afeganistão?! Transportado em mau estado de saúde física e mental para uma prisão de alta segurança em Londres, em severa clausura, foi julgado para possível extradição para os EUA, onde poderá vir a ser condenado a prisão perpétua. A decisão do tribunal britânico será proferida a 4 de Janeiro de 2021. A verdade velada, com uma acusação para silenciar, excomungar e aprisionar o cidadão australiano, que dirigiu a WikiLeaks. E os media, tão fãs de certa dissidência, veja-se a publicidade ao artista e activista pró-ocidental Ai Weiwei, calam-se estranhamente. E o direito à informação é condicionado com uma espada de Dâmocles?
José Manuel Jara, Lisboa

Sem demagogias
Não sou dado a demagogias, processos que considero perigosos e atentatórios da Democracia. Também entendo que os erros não devem ser combatidos por outros erros. Não fosse isso e apetecer-me-ia dizer que Miguel Guimarães, o inefável bastonário da Ordem dos Médicos, mais me parece ser o representante/capataz dos médicos do sector privado. Seria a forma demagógica de responder à sua torpe insinuação de que Marta Temido mais não é do que mera ministra do SNS.  
José A. Rodrigues, V.N. Gaia

A indiferença é como a ignorância, mata
A indiferença que se manifesta face a realidades que nos entram olhos adentro é cruel. Não admira que o discurso do ódio, do racismo e do branqueamento de várias violências esteja a medrar. Por cá é preciso combater o nacionalismo exacerbado e ler nas entrelinhas a raiva visceral incontida que o anima. A indiferença é como a ignorância, mata! 
Vítor Colaço Santos S.º J.º Lampas

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