Cartas ao director

Estatuto Social

Hoje em dia parece que toda a gente quer estatuto, ou título académico que justifique a sua posição na sociedade, ou a direcção de um qualquer cargo numa empresa ou instituição, quando muitas vezes, a primeira qualificação necessária é a idoneidade, como salvaguarda da nossa imagem, ainda que muitas vezes os nossos actos, sejam reveladores daquilo que somos e do papel que desempenhamos.

Na grande maioria das vezes não é preciso ser doutor, engenheiro ou ter um qualquer título académico para ter capacidade de organização, para desempenhar cargos de responsabilidade, sem ter perante outros a presunção da afirmação do nosso estatuto ou posição social, como se isso fosse o mais importante para definir o nosso carácter, o que acaba muitas vezes por colocar em causa, as relações cordiais entre as pessoas.

Antes de terem qualquer grau académico, os cidadãos são todos iguais, e mesmo depois de concluídos os seus estudos não deixam de o ser, sendo de lamentar o comportamento de pessoas que tendo ou não algum grau académico, olhem com sobranceria em relação a outros e utilizem o seu suposto pedestal para abusar dos mais frágeis.

Américo Lourenço, Sines

O plenário

O Homem inventou a roda. Grande avanço na mobilidade. Mas o Homem também criou as greves, as paralisações e os plenários. E assim deu um passo gigante para a imobilidade. Vem isto a propósito do recente plenário que trabalhadores do Metro de Lisboa fizeram com a consequente redução da circulação de comboios.

O direito a discutirem as carreiras e salários não está em causa. Agora no contexto da pandemia, com o aumento de infectados e mortos, com o SNS a não conseguir responder na prática aos doentes (ao contrário do discurso oficial) é inaceitável empilhar ainda mais as pessoas nos transportes, onde, neste normal, não mantém a distância física - a melhor defesa da covid – e é mais um contributo significativo para o agravamento dos contágios. Para além da roda, o Homem também inventou a Internet, as plataformas digitais, as videochamadas. Então há que recorrer ao online para reunir e discutir. É este o caminho a seguir nesta nova era, se quisermos sobreviver.

Aristides Teixeira, Almada

O vírus anda à solta porque...

O vírus está cada vez mais à solta porque, como todos os dias centenas de pessoas que testaram positivas ao covid-19 não são inquiridas sobre os contactos próximos que tiveram para que estes últimos possam isolar-se, o vírus tem muita mais possibilidade de se espalhar e infectar outros. Toda a gente falava na segunda vaga e mesmo assim o Governo e a DGS não foram capazes de, antecipadamente, munirem os serviços com gente suficiente para efectuar diariamente os inquéritos. O resultado está à vista e, para além do incumprimento de algumas regras por parte de alguns portugueses, a verdade é que o Governo e a DGS também falharam redondamente porque, embora falando constantemente na segunda vaga, não agiram em concordância com o que sabiam que ia acontecer.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

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