Surf português foi excepção mundial e resistiu à pandemia

Após alguns meses de incertezas, a Liga Meo Surf, o principal campeonato português da modalidade, ficou concluído no passado fim-de-semana no Guincho com a atribuição do título a Frederico Morais.

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LUSA/CARLOS BARROSO

Houve reajustamentos no calendário e dificuldades originadas pelas orientações da Direcção Geral de Saúde (DGS), mas num ano marcado pela pandemia da covid-19, o surf português foi uma excepção a nível mundial e vai chegar ao final de 2020 cumprindo “em pleno a agenda desportiva”. Francisco Simões Rodrigues, presidente da Associação Nacional de Surfistas (ANS), realça que “no mundo inteiro as competições seniores ou de escalão superior foram sendo canceladas ou reestruturadas para eventos únicos”. Porém, em Portugal, foi possível completar com “todas as suas vertentes” a 10.ª edição da Liga Meo Surf (LMS), a principal competição de surf nacional que, no passado fim-de-semana, consagrou Frederico Morais como campeão nacional pela terceira vez. 

Após alguns meses de incertezas, que tiveram início com o adiamento em Março da Allianz Ericeira Pro, a primeira etapa da LMS, o principal campeonato português de surf ficou concluído no passado fim-de-semana no Guincho, com grande sucesso desportivo: à entrada para a última das cinco etapas, os dois mais reputados surfistas nacionais (Frederico Morais e Vasco Ribeiro) e um dos mais promissores (Afonso Antunes) dependiam apenas deles próprios para conquistar o título nacional. No final, foi Morais a celebrar a reconquista do principal troféu português, mas o sucesso da LMS deste ano não se limitou à sua vertente desportiva.

Com a responsabilidade de organizar a prova que atribui o título nacional, Francisco Simões Rodrigues explica ao PÚBLICO que, numa fase inicial, “foi importante a união entre a Federação Portuguesa de Surf, a ANS e o escritório português da World Surf League”, que procuraram “sensibilizar o governo que não fazia sentido” impedir a prática de um desporto individual no mar.

Ultrapassado o confinamento e as restrições iniciais, a autorização a 1 de Junho para que fossem permitidos desportos individuais sem contacto físico deu à ANS “os alicerces para retomar as competições” e, a 19 de Junho, a praia do Cabedelo, na Figueira da Foz, recebeu a primeira etapa da LMS 2020, naquela que foi a primeira prova de surf a ser retomada em todo o Mundo depois do surgimento da pandemia.

A partir daí, a ANS acelerou “a agenda para recuperar o atraso”, conseguindo realizar as duas etapas seguintes (Ericeira e Sintra) antes de Agosto, “o mês mais pobre de ondas em Portugal”. Seguiu-se a segunda fase onde, refere Francisco Simões Rodrigues, procurou-se “encostar as etapas o mais tarde possível a seguir ao verão, mas, ao mesmo tempo, o mais cedo possível para não entrar num período mais instável no número de contágios”: “Sabíamos que tínhamos que terminar em Outubro e que não podíamos ficar ingenuamente à espera de Novembro, onde havia mais ondas, mas podia não haver condições para a prova se realizar.”

Concluído o campeonato, o presidente da ANS diz que é “com bastante orgulho e agrado que, num ano destes, com estas dificuldades todas”, conseguiram “fazer exactamente aquilo” que queriam “se não fosse um ano de pandemia”. “Cumprimos em pleno a nossa agenda desportivas, sem qualquer incidência e a respeitar sempre as orientações da DGS. Fomos os únicos no mundo inteiro a manter aquilo que costumamos fazer em todas as vertentes: número de etapas, número de atletas, número de dias de competição.”

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