Poderá a tecnologia evitar um novo confinamento?

Com o correto uso da tecnologia que já temos ao nosso dispor e na que está a ser diariamente aprimorada e desenvolvida, como os sistemas de informação geográfica (SIG), será possível reorganizar o sector do retalho e ajudá-lo a evoluir.

Vivemos atualmente em estado de calamidade, com novas medidas face à situação epidemiológica que todos vivemos. A covid-19 colocou o mundo à procura de soluções que contrariem o atual cenário. Obrigou Portugal e os seus decisores públicos e privados a reorganizarem-se, a procurar soluções. Mas estarão todos os sectores, principalmente o retalhista, preparados para antecipar cenários e tomar decisões que contrariem o encerramento total como assistimos em março? Estará o sector retalhista munido do que precisa para agir em tempo real e à mesma velocidade que a pandemia evolui? Arrisco-me a dizer que não.

O sector retalhista é um dos sectores mais fustigados, tendo cerca de 50% das empresas declarado falência durante a pandemia (620 em cada 1313 empresas). Os empresários deste sector procuram alternativas que, por um lado, ajudam a impulsionar a economia nacional, e por outro ajudam a preservar os 706,4 mil postos de trabalho gerados pelo sector em Portugal. Só este sector contribui com 2,47% para o Produto Interno Bruto (PIB). Entre março e maio de 2020, todos os estabelecimentos do sector retalhista foram obrigados a fechar, exceto os considerados essenciais (padarias, supermercados, farmácias, etc.). Esta situação provocou uma redução de 6,6% nas vendas do sector durante o mês de junho, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE).

É um sector frágil caso o nosso cenário se torne igual ao que já assistimos na vizinha Espanha e Reino Unido, com cidades encerradas e isoladas. Esta afirmação torna-se ainda mais preocupante quando apenas 20% do sector retalhista utiliza e-commerce para vender os seus produtos. Mas como contrariar esta realidade que parece tão próxima? Acredito que com o correto uso da tecnologia que já temos ao nosso dispor e na que está a ser diariamente aprimorada e desenvolvida, como os sistemas de informação geográfica (SIG), será possível reorganizar o sector e ajudá-lo a evoluir.

Com os SIG é possível em tempo real perceber o comportamento dos clientes e perceber a evolução das compras de uma localidade específica. Este dado específico pode ser decisivo para que a empresa se possa munir de soluções logísticas (como a criação de uma dark store nessa zona) e, desta forma, conseguir dar resposta a uma zona do país que está com necessidades especiais e que mesmo que exista um encerramento, a distribuição não irá parar, nem sofrer atrasos de entrega. Esta solução tecnológica e este pequeno exemplo que vos deixo já é usada em países como os Estados Unidos da América, e os relatos são bastante positivos.

Com os SIG, os retalhistas podem também utilizar dados confiáveis que lhes permitem identificar as áreas onde há maior probabilidade de contágio, recondicionar o espaço físico da empresa ou mapear ativos e pessoas para que sejam evitados novos focos de contágio. Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) podem ser a grande solução para controlar e tomar medidas de segurança complementares às que já são obrigatórias. A tecnologia SIG pode também ser uma grande aliada para contrariar as projeções de recessão do país que, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), podem ser de 8%, e combater uma taxa de desemprego que este ano de 2020 prevê alcançar 13,9%.

Em Portugal, os SIG também já são diariamente utilizados pela Direção Geral da Saúde para comunicar a evolução epidemiológica do país. Está ao serviço de todos. A informação no momento exato pode fazer diferença e evitar cenários, como novas medidas de contingência, e consequentemente um novo encerramento.

Focado precisamente nestas permissas, decorre online esta terça-feira (dia 20) o maior evento nacional de Sistemas de Informação Geográfica em Portugal, o Encontro de Utilizadores Esri. Neste evento serão apresentados casos de sucesso no uso dos SIG, bem como as mais recentes novidades em tecnologia.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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