Sporting-FC Porto: um clássico de experiências e riscos

Alvalade recebe neste sábado um confronto entre duas equipas que ainda estão longe de ser um produto acabado, mas que já têm muito a perder neste início de época.

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Pepe LUSA/MANUEL FERNANDO ARAUJO
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Jogadores do Sporting num treino LUSA/LUÍS FORRA

Mercado de Verão que se se prolongou para Outubro? Já fechou. Pausa de duas semanas para três jogos da selecção e outros tantos casos positivos de covid-19? Já passou. Nesta altura, numa época que não esta, já estaríamos quase a um terço da época e a projectar os dois terços seguintes, mas é demasiado cedo para prever alguma coisa. Ainda estamos na fase em que os treinadores estão à procura da melhor fórmula, sabendo que têm de o fazer sem deixar pontos em cima da mesa. É nestas condições que Sporting e FC Porto se defrontam em Alvalade (20h30, SPTV1) para o primeiro clássico da época, nas suas versões beta - em linguagem informática, versões experimentais. Ainda com defeitos e longe do produto final.

O que Rúben Amorim e Sérgio Conceição vão apresentar neste sábado perante um Alvalade à porta fechada será necessariamente diferente do que já apresentaram esta época. O FC Porto perdeu no mercado de Verão dois jogadores que foram fundamentais para a conquista do título e que eram titulares indiscutíveis neste início de época (Alex Telles e Danilo Pereira), e terá de aprender a viver sem eles. Quase de certeza que Sérgio Conceição terá de fazer aquilo que ainda não fez esta época, promover à titularidade um ou mais reforços, sendo que alguns dos mais óbvios candidatos à titularidade (Sarr, Grujic e Anderson) têm menos de duas semanas de trabalho com a equipa.

Para já, nos três primeiros jogos, Conceição só deu minutos a dois reforços, o lateral-esquerdo nigeriano Zaidu e o ponta-de-lança iraniano Taremi. O técnico portista saberá melhor do que ninguém como tem corrido a integração dos novatos, se se adaptaram ao seu grau de exigência e se correspondem ao seu modelo de jogo. O que é certo é que isso nunca irá servir de desculpa para um eventual mau resultado. “Não é chegar e jogar. A exigência do FC Porto implica um período de adaptação e isso não acontece com um estalar de dedos. Alguns jogadores trabalharam dois dias. Tudo neste momento torna as coisas mais difíceis e isso não são desculpas. No final, o que conta é o resultado final do jogo”, alerta Conceição, que abriu a porta a uma eventual surpresa nas suas opções. Mas não disse qual.

Tal como Conceição, também Rúben Amorim terá de recorrer a alguma experimentação no clássico. Não tanto como quando teve um terço do plantel infectado (e ele próprio) com covid-19, mas terá, no mínimo, de reformular o meio-campo, para suprir a saída de Wendel e acomodar a chegada de João Mário – e de João Palhinha, que passou de “dispensável com mercado” a reintegrado com contrato melhorado. Talvez o ataque também mereça alguma mexida tendo em conta que Jovane volta a estar disponível e que Tabata já estará mais adaptado.

Irá Palhinha ser a âncora do meio-campo? Irá Matheus Nunes manter a titularidade? E Pedro Gonçalves? Onde encaixa João Mário? Será demasiado arriscado manter a aposta no jovem Tiago Tomás? Algumas destas perguntas terão resposta no clássico deste sábado, sendo que Amorim deixou uma pista para o “onze” que irá enfrentar o FC Porto: apesar de convocado, João Mário não será titular. “Esteve muito tempo parado”, disse o treinador, salientando que o médio emprestado pelo Inter de Milão, com toda a qualidade que tem, terá de trabalhar para ganhar o seu espaço: “Vai ter de correr muito para ganhar o lugar seja a quem for.”

Os riscos

O que nos disseram os primeiros jogos de FC Porto e Sporting? Os portistas já perderam um dos seus três jogos no campeonato (2-3 no Dragão com o Marítimo), os “leões” fizeram o pleno nos dois jogos que fizeram na Liga (não disputaram a primeira jornada contra o Gil Vicente), mas saíram derrotados no play-off de apuramento para a Liga Europa (1-4 em Alvalade contra o LASK Linz). O FC Porto tem mostrado competência ofensiva (dez golos marcados, cinco deles frente ao Boavista), mas sofreu golos em dois dos três jogos que disputou (num total de quatro). A nível interno (sem contar com o desastre europeu), o Sporting tem sido mais económico no ataque (quatro golos marcados), mas tem conseguido fechar a sua baliza (zero sofridos).

Há alguma urgência de ambos os lados em dar uma prova de força neste clássico de início de época que nada irá decidir. O FC Porto já sofreu um tropeção inesperado e não quer sofrer outro, correndo o risco de ficar a seis pontos do Benfica – os “encarnados” já levam nove pontos conquistados em nove possíveis e podem chegar aos 12 caso vençam no domingo o Rio Ave. Por seu lado, o Sporting quer voltar a derrotar um dos seus rivais históricos (já não ganha a FC Porto ou Benfica desde a final da Taça de Portugal em 2019) e provar que está na direcção certa, ou arrisca-se a mais incertezas e dúvidas por parte dos seus adeptos.

“Gosto de ir à luta, de desafios e sou um lutador por natureza”, diz Sérgio Conceição, para quem todos os jogos são um teste, não apenas os confrontos com os rivais históricos. Para Amorim, o clássico será importante para avaliar o seu próprio trabalho de reconstrução: “Começámos do -1, estamos a construir. Eu vejo um FC Porto forte, o Sporting está em crescendo, mas depende dos resultados para a opinião ser positiva. Penso que vamos ter uma equipa muito competitiva. Vamos crescendo e espero que isso aconteça isso neste jogo. O FC Porto tem dois títulos nos últimos três anos e é uma grande equipa. O Sporting também o quer ser.”

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