Em Esmoriz, a arte ancestral da tanoaria funde-se com a música e o novo circo

Este fim-de-semana, cumpre-se mais uma edição do Tan Tan Tann, um festival de artes performativas que também contribui para a preservação do património.

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O nome é inspirado no som produzido pelos tanoeiros ao bater nos pipos e o cenário nem podia ser outro: a Josafer, uma das tanoarias mais antigas em funcionamento em Esmoriz, cidade com grande tradição de tanoeiros. O Tan Tan Tann - Festival Internacional de Artes Performativas Contemporâneas de Esmoriz cumpre, este fim-de-semana (sexta-feira e sábado), a sua quarta edição, num formato adaptado às circunstâncias do momento actual, mas fiel à sua essência. A arte ancestral da tanoaria volta, assim, a fundir-se com a arte contemporânea.

Promovido pela estrutura Imaginar do Gigante, em parceria com a câmara municipal de Ovar – e com o apoio da junta de freguesia de Esmoriz –, o evento surge este ano numa data diferente da habitual (início de Junho). Por conta da pandemia de covid-19, esta quarta edição acabou por arrastar para o final do Verão, apostando num programa que junta artistas de oriundos de Espanha, França, Canadá e Portugal.

De Espanha vem o músico Amorante, nome sonante da música tradicional do País Basco, que promete levar até ao Tan Tan Tann “um projecto novo e vanguardista, onde transforma o tradicional, com uma fusão contemporânea”, realça a organização. Destaque, ainda, para a companhia francesa Atónita, de Georgina Vila Bruch, que vai apresentar um trabalho de clown físico e visual. Do Canadá chega pela primeira vez a Portugal o projecto da Gestalt Theatre, “grupo com uma abordagem integrativa, holística e expressiva da psicoterapia e do desenvolvimento pessoal”, é ainda destacado pelos programadores do Tan Tan Tann.

Portugal estará representado por Laudo, um projecto musical que junta alaúde e guitarra eléctrica, e pelos dj's Edgar Maia e João Doce, que irão passar discos e músicas nos interlúdios dos espectáculos. A Universidade Sénior de Esmoriz também integra o elenco de artistas, apresentando um trabalho de vídeo realizado durante o confinamento - avós e netos juntam-se numa experiencia à distância.

Um contributo para preservar o património

Mais do que um pequeno festival – a lotação nunca vai além dos 100 lugares, este ano, reduzida para cerca de 80, por força da pandemia -, o Tan Tan Tann ajuda a preservar a história e a projectar esta arte ancestral no futuro. Um poderoso contributo numa altura em que “já só restam duas tanoarias em actividade em Esmoriz”, destaca Pedro Saraiva, da estrutura Imaginar do Gigante, fazendo votos que este festival possa ter um efeito semelhante ao que teve uma outra organização à qual esteve ligado, o Trebilhadouro. Um festival de artes e culturas que, recorde-se, ajudou a preservar e a recuperar a aldeia de Trebilhadouro, no município de Vale de Cambra, que tinha estado desabitada cerca de 15 anos.

Para ajudar a manter viva essa arte de produzir barricas para acolher os mais famosos vinhos e licores do mundo, durante o festival (noites de sexta-feira e de sábado, a partir das 21h00) o tanoaria Josafer manterá pelo menos um tanoeiro a trabalhar ao vivo.

E à semelhança do que vem sendo hábito nas outras edições, o programa do Tan Tan Tann reservará espaço para a recriação da “tradição da Macaca Rambóia, uma actividade que antigos tanoeiros realizavam uma vez por mês no final do trabalho” e “onde não faltarão as conversas e os bifes à tanoeiro”. “Será também um encontro de gerações”, realça Pedro Saraiva, que não afasta a possibilidade de, no futuro, o evento vir a alargar-se também à outra tanoaria ainda em actividade em Esmoriz.

O festival tem entrada gratuita, mas sujeita à lotação máxima do espaço – a organização aconselha o público interessado a proceder à reserva de bilhetes - e cumprindo as medidas de segurança e as directivas da Direcção-Geral de Saúde. Mais informações através do website da Imaginar do Gigante.

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