Nunca pareceu tão certo o fim do reinado da Ineos na Volta a França

Sobre a prometida luta entre os favoritos, pode dizer-se que, neste domingo, “a montanha pariu um rato”. Não houve duelo e só existiram ataques nos últimos 500 metros da etapa, com sprint entre os eslovenos Roglic e Pogacar.

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O pelotão do Tour Reuters/STEPHANE MAHE

A equipa Ineos/Sky venceu as últimas cinco edições da Volta a França e sete das últimas oito. A partir deste domingo, porém, parece claro que este reinado da equipa britânica vai acabar. Egan Bernal, campeão do Tour 2019, vacilou na etapa 15 e perdeu mais de sete minutos para o camisola amarela Primoz Roglic.

O ciclista colombiano já tinha deixado más indicações sobre a frescura física, mas a etapa deste domingo, vencida por Tadej Pogacar - a segunda neste Tour -, numa chegada em alto, confirmou a má forma de Bernal.

E até o top-5 parece irreal para o actual campeão, bem como para Nairo Quintana, num dia muito negativo para o mais proeminente duo colombiano do pelotão internacional.

Sobre a prometida luta entre os favoritos, pode dizer-se que “a montanha pariu um rato”. Não houve duelo e a subida não foi muito atacada, havendo ataques apenas nos últimos 500 metros da etapa, com sprint entre os eslovenos Roglic e Pogacar.

Sem fuga

Neste domingo, no panorama extradesportivo, a melhor notícia foi o cumprimento das normas sanitárias. Ao contrário do que tem acontecido, a organização foi competente a fechar os acessos às montanhas e não existiram os aglomerados vistos nos últimos dias.

Na estrada, foi uma etapa “morna”. De início, a fuga do dia demorou mais de meia hora a formar-se. Apesar das várias tentativas, só já com alguns quilómetros de corrida é que se isolaram oito corredores: Kévin Ledanois, Simon Geschke, Matteo Trentin, Jesús Herrada, Marco Marcato, Niccolo Bonifazio, Michael Gogl e Pierre Rolland.

A primeira fase da etapa, totalmente plana, não trouxe grandes motivos de interesse, com excepção da desistência de Sergio Higuita, que caiu não uma, mas duas vezes nos primeiros quilómetros da tirada.

E Higuita já nem chegou a participar nos pratos fortes do dia: as três subidas de 1.ª categoria. A primeira das escaladas acabou por deixar Geschke, Herrada, Rolland e Gogl na frente, mas o pelotão nunca pareceu predisposto a deixar que a fuga vingasse – os segundos de bonificação para os primeiros classificados são importantes para a luta pela classificação geral.

As duas primeiras subidas não foram atacadas, com o duelo entre os favoritos a ficar guardado para a escalada ao Col du Grand Colombier. Pouco depois do início da subida, Egan Bernal confirmou que não está, de facto, na melhor forma.

O colombiano já tinha dado más indicações em subidas curtas e pensou-se que poderia estar melhor numa montanha mais longa como a deste domingo, mas o cenário não se confirmou. 

Bernal “descolou” cedo e os ciclistas da Jumbo aumentaram de imediato o ritmo na frente, para tirar de vez o líder da Ineos da luta pela Volta a França. Também Nairo Quintana foi “chutado para canto”, perdendo mais de cinco minutos.

Na frente, o primeiro ataque foi de Adam Yates, mas sem sucesso – a Jumbo não permitiu saídas do grupo principal. E só nos últimos metros houve duelo pela vitória, com o fenómeno Tadej Pogacar a bater Primoz Roglic.

O ciclista da Jumbo continua com a camisola amarela, mas agora já só com 40 segundos de vantagem para Pogacar.

Nesta segunda-feira os ciclistas terão o segundo dia de descanso neste Tour, antes de mais uma etapa com muita montanha na terça-feira.

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