Andersen chefiou um novo “vendaval” da Sunweb na Volta a França

Para este domingo, não há como fugir: haverá etapa com duelo entre os principais favoritos à vitória final e teste ao líder Roglic.

Foto
Andersen celebra no Tour Reuters/CHRISTOPHE ENA

Etapas com finais abertos e possibilidade de ataques são sinónimo de show da Team Sunweb na Volta a França. Hirschi já tinha vencido nestes moldes na etapa 12 e, neste sábado, a equipa voltou a tentar vários ataques quase em simultâneo, conseguindo que resultasse o do dinamarquês Søren Kragh Andersen. O ciclista de 26 anos venceu pela primeira vez no Tour, dando o “bis” à Sunweb, uma das equipas mais activas nesta edição da prova.

Na luta pela vitória final não houve alterações significativas, com os mais bem colocados na classificação a chegarem no grupo principal e sem perdas de tempo.

Neste sábado, a etapa 14 começou com a notícia rara do abandono de Romain Bardet. O ciclista francês, sempre um dos candidatos a um lugar no top-5 do Tour, não resistiu a uma comoção cerebral provocada por uma queda na etapa 13 e abandonou apenas pela quinta vez em 680 corridas no World Tour. Também os consagrados Bauke Mollema e Pierre Latour já não alinharam à partida para este sábado.

Na estrada, esta etapa estava desenhada para uma fuga. Com várias elevações durante o percurso, ainda que sem escaladas duras o suficiente para serem atacadas pelos grandes favoritos ao triunfo final, o perfil favorecia um lote de fugitivos que conseguisse escapar do pelotão. E os primeiros quilómetros confirmaram-no.

Houve vários ataques, mas foram Theuns e Küng a conseguirem criar uma fuga digna desse nome. O belga e o suíço ainda rolaram alguns quilómetros na frente, mas cedo se percebeu que a fuga não vingaria, havendo muitas equipas no pelotão interessadas num final de etapa em pelotão compacto.

Com pequenas elevações nos últimos quilómetros, havia o palco ideal para ciclistas rápidos aproveitarem a ausência no pelotão dos sprinters mais pesados. E foi nesse sentido que trabalharam equipas como a Bora, a CCC e a Jumbo, pensando em nomes como Sagan, Van Aert, Trentin ou Van Avermaet, corredores rápidos e explosivos, mas capazes de superar a média montanha ainda existente no que restava da etapa.

A dez quilómetros do final, a Sunweb repetiu uma receita que já tinha utilizado em dias anteriores: atacar com mais do que um ciclista. Saiu primeiro Benoot, antes de Andersen tentar juntar-se ao colega de equipa. Não resultou, porém – para nenhum dos dois.

Seguiu-se Lennard Kämna, que tinha perdido a etapa 13 para Martínez, seguido por Thomas de Gendt, habitualmente mais conhecido pelas tentativas em fugas longas. Os aventureiros seguintes foram o inevitável Alaphilippe, famoso pelo poder de explosão neste tipo de subidas curtas, e o talentoso Hirshi. Também estes falharam o ataque.

Veio, depois, o round 2 de Andersen e quarta tentativa da Sunweb. E com o consagrado e muito interessado Sagan na cabeça do pelotão todos ficaram à espera que fosse o eslovaco a responder ao ataque – uma postura das equipas que já tantas vezes tem prejudicado Sagan, que fica com as despesas das perseguições. E o cenário repetiu-se, não havendo ninguém capaz de fazer uma “caçada” a Andersen. O dinamarquês venceu e fez valer a estratégia ofensiva da Sunweb, que voltou a atacar com vários ciclistas em simultâneo.

Nota ainda para o português Nélson Oliveira, que chegou a mais de seis minutos do pelotão.

Para este domingo, não há como fugir: haverá duelo entre os principais favoritos à vitória final e teste ao líder Roglic. Com duas montanhas de 1.ª categoria e uma terceira que coincide com chegada em alto, no Grand Colombier, a subida deverá ser atacada pelo sempre ofensivo Tadej Pogacar, segundo classificado, havendo também a curiosidade para ver como agirá e reagirá Egan Bernal.

O colombiano tem mostrado fragilidades em subidas curtas, neste início de Tour, mas a escalada deste domingo, mais longa e constante, assenta nos predicados do colombiano, actual terceiro classificado. Ciclistas como Quintana, Porte, López e Landa, assim as pernas permitam, também poderão atacar a corrida neste domingo.

Sugerir correcção