Veterano Kristoff é o primeiro camisola amarela da Volta a França

A primeira tirada do Tour teve chuva, muitas quedas, incidentes bizarros e recuperações heróicas na estrada. No final, sorriu Kristoff.

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Kristoff a celebrar em Nice LUSA/Christophe Petit-Tesson / Pool

Alexander Kristoff (Emirates), de 33 anos, venceu neste sábado a primeira etapa da Volta a França, batendo ao sprint o dinamarquês Mads Pedersen (Trek) e o holandês Cees Bol (Sunweb). Com este triunfo na chegada a Nice, o ciclista norueguês venceu pela quarta vez no Tour, estreando-se também a vestir de amarelo. Veja em baixo o sprint final.

A etapa deste sábado – na qual nem sempre se viu distanciamento social no público presente nas bermas – trouxe uma notícia tão ou mais importante do que as incidências da corrida.

O regulamento inicial da prova estipulava que dois casos positivos de covid-19 em todo o staff de uma equipa daria exclusão dessa formação. Mais tarde, as críticas das equipas levaram a organização do Tour a limitar essa regra para os ciclistas – apenas seriam excluídas equipas com dois dos oito corredores infectados.

Neste sábado, tudo voltou à forma inicial. Christian Preud’Homme, director da corrida, anunciou que o governo francês não aceitou o repto das equipas, exigindo que dois casos de covid-19 numa equipa, sejam ciclistas ou staff, valham exclusão.

Isto equivale a dizer que a probabilidade de haver equipas afastadas aumentou significativamente, dado que o staff de uma equipa tem 30 pessoas.

Esta informação provocou, decerto, algum nervosismo nas equipas, mas não foi esse o único factor de ansiedade. A própria corrida encarregou-se de o trazer também.

Na estrada, os 176 ciclistas sentiram a acção da natureza com chuva forte em algumas zonas da etapa. Durante a tirada, contaram-se seis quedas colectivas.

Uma envolveu o português Nélson Oliveira (sem consequências físicas visíveis), outra atrasou Pavel Sivakov, um dos principais ajudantes do campeão Egan Bernal.

Houve ainda um incidente bizarro com Miguel Ángel López, um dos candidatos ao triunfo no Tour, que deixou “patinar” a roda traseira e deslizou vários metros, até bater de frente num sinal de trânsito – não houve, porém, lesão para o colombiano da Astana, que bem pôde agradecer a um poste de sinalização que lhe permitiu evitar uma queda mais grave numa curva perigosa.

Na frente da corrida havia três homens a salvo de todas estas confusões. Mal foi dada a ordem de partida para a etapa, Michael Shar, Fabien Grellier e Cyril Gautier saltaram do pelotão e chegaram a ter mais de dois minutos de vantagem.

Numa tirada destinada a um final ao sprint – apesar das duas subidas durante o percurso –, a fuga pareceu sempre condenada, acabando por ser neutralizada a cerca de 50 quilómetros do final.

E foi também por esta altura que se deu um plot twist tremendo. Caleb Ewan, sprinter envolvido numa queda, recuperou os mais de seis minutos que perdeu para o pelotão e reentrou, surpreendentemente, no grupo principal.

A partir daqui viveu-se uma grande tranquilidade, com o pelotão “escaldado” pelas várias quedas registadas até então. Pareceu haver até um acordo tácito entre as equipas para não existirem ataques até aos quilómetros finais da etapa.

A três quilómetros da meta houve… outra queda. Desta feita, o candidato à vitória final Thibaut Pinot foi um dos envolvidos, terminando a etapa com algumas feridas.

Na frente, na chegada à meta colocada em Nice, na Riviera Francesa, Kristoff surpreendeu com um ataque forte, vencendo com alguma tranquilidade. Numa fase mais “morna” da carreira, este triunfo acaba por ser surpreende da parte do norueguês.

Para este domingo está marcada uma etapa presumivelmente animada. Com duas contagens de montanha de primeira categoria e uma de segunda, será um dia indicado para vingar uma fuga. Prevê-se chuva e trovoada, pelo que deverão existir muitas incidências.

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