Associação Outra Voz celebra 10 anos com divulgação de fotoreportagem

Foi em 2010 que nasceu a associação Outra Voz, que quer envolver a comunidade na criação artística. As celebrações dos 10 anos incluíram a troca de cartas e a filmagem de conversas com os participantes no projecto.

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As fotos revelam os bastidores das entrevistas com os integrantes da Outra Voz José Caldeira

Em 2010, concretamente a 18 de Julho, nasceu a Outra Voz, no âmbito da escolha de Guimarães para Capital Europeia da Cultura de 2012. Uma década depois, a associação celebra os trabalhos que tocaram as vidas de 300 vimaranenses com várias iniciativas, partilhadas com a hashtag #10AnosOutraVoz.

“Fomos desenhando um projecto pensando que ele teria de ficar pós-2012 e em Janeiro de 2013 constituímos uma associação para nos formalizarmos. Temos continuado a nossa actividade, que consiste sobretudo no envolvimento da comunidade na construção de objectos artísticos vocais e corporais”, refere o presidente da Outra Voz, Carlos Correia, sobre o nascimento da associação, ao PÚBLICO.

Actualmente, a associação conta com cerca de 100 participantes, que se dividem por seis grupos de ensaio espalhados por freguesias de Guimarães. “Por norma, nós propomos sempre que os interessados escolham os grupos de ensaio que lhes são mais próximos e cujo horário seja mais prático. A partir daí fazem um ensaio e, se gostarem, tornam-se sócios da associação”, revela Carlos Correia. As actividades decorrem em horário pós-laboral e servem para incentivar “um sentimento de partilha”.

O balanço do trabalho que tem sido feito é positivo. “Começamos numa estrutura grande e trabalhamos com diferentes artistas, ao estarmos envolvidos na Capital Europeia da Cultura. Uma vez que nos tornamos associação, obviamente que os recursos eram muito menores, mas notou-se que os participantes que ficaram eram os que tinham um maior interesse neste convívio”, refere o presidente. Com o passar dos anos, as actividades têm-se focado mais no trabalho no corpo e não só da voz e contributo dos associados é mais valorizado.

Há quase uma semana, a associação comemorou o seu décimo aniversário. Apesar da pandemia ter impossibilitado a realização de todas as celebrações que estavam nos planos, as alternativas começaram a surgir. “Sentimos que o que poderíamos fazer era ligar as pessoas de outra forma, portanto enviamos uma carta a todos os participantes, que continha também um envelope para uma resposta. Pegamos depois nas respostas, que não eram assinadas, e distribuímos entre eles e assim cada um recebeu uma carta de alguém sem saber de quem”, conta Carlos Correia.

José Caldeira
José Caldeira
José Caldeira
Fotogaleria
José Caldeira

Mas as ideias não se ficaram por aqui. De câmaras e máquinas fotográficas em punho, a equipa da Outra Voz lançou-se pelos recantos da cidade berço e entrevistou 86 dos seus membros, em conversas íntimas sobre a vida. “Fizemos uma fotoreportagem da viagem que andamos a fazer no universo dos nossos participantes, da autoria do José Caldeira, que começou a ser publicada no início do mês”, afirma o presidente. O vídeo já foi lançado e as comemorações vão também incluir a exposição de uma pedra alusiva ao trabalho da associação no Museu Alberto Sampaio, em Guimarães, da autoria da artista local Raquel Sampaio.

As circunstâncias actuais não são favoráveis à proximidade que a Outra Voz quer fomentar. Contudo, são apenas um “desafio” e já há planos para o futuro que envolvem os registos recolhidos. “Retomámos os ensaios e estamos a trabalhar num projecto que terá a direcção do Rui Sousa e que andará em torno destes registos que recolhemos dos nossos participantes. Fazemos planos numa base semanal, gostaríamos de o apresentar por volta de Outubro, mas na verdade isto não depende de nós e estamos atentos às directivas que vão saindo”, remata Carlos Correia.

Texto editado por Ana Fernandes

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