Segundo nos ensinaram, uma mulher não pode vestir o que lhe aprouver a partir de certa idade. Por exemplo, uma senhora não deve usar saias nem calções curtos, decotes demasiado cavados, indumentária de cores vivas e berrantes, acessórios extravagantes, saltos demasiado altos ou ténis coloridos. O cabelo comprido também é de evitar, deve usar-se médio ou curto, preferencialmente pintado, de modo a parecer natural e a iludir os outros sobre a sua idade. A partir dessa certa idade, uma senhora não deve beber demasiado (aliás, não deve beber de todo), falar alto ou proferir palavrões. Deve manifestar-se delicada e discretamente.

Um dos ensinamentos femininos inseridos no inconsciente colectivo desde a infância: “Menina, não se saliente.” Uma senhora não deve gostar muito de sexo, só moderadamente e, de preferência, não falar sobre este assunto. Deve manifestar o seu prazer de forma suave, congratulando o seu companheiro de modo submisso e gentil. Uma senhora deve ter amigas, mas recusar a amizade de homens heterossexuais atraentes; já se sabe que a má-língua pode dar cabo da reputação de uma rapariga.

E mesmo as amizades de género feminino devem ser escolhidas de forma criteriosa; nada de doidivanas que atraiam más companhias. Uma senhora deve cozinhar e não dar comida pré-feita ou encomendada aos seus filhos. Deve alimentar-se de modo saudável, ser boa profissional sem se impor aos seus pares, praticar desporto, sim, mas para que se torne elegante e não masculina. Deve ser boa filha, boa irmã, boa mãe, boa mulher e amante, boa profissional, boa amiga, e fazer tudo isto de forma delicada e sem se queixar.

Mas o que realmente distingue uma mulher de uma grande, grande senhora é a capacidade de olhar para estas regras, perpetuadas ao longo dos tempos, e riscar todo o manual escrevendo, clara e explicitamente, uma única palavra: F...-vos.