Mais de 220 fogos previstos para terreno que Oeiras vendeu por 14 milhões

Autarquia concluiu processo que se iniciou em 2017 e vendeu lote para dar seguimento a um plano de pormenor com quase 30 anos.

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No terreno funcionaram durante anos as oficinas municipais de Oeiras Rui Gaudencio

Um terreno com 2,2 hectares em Paço de Arcos foi vendido por 14 milhões de euros pela Câmara de Oeiras esta semana em hasta pública. Para o local estão previstos cinco novos prédios de habitação e comércio com cerca de 220 fogos.

O lote faz um triângulo no bairro do Espargal, entre a linha de comboio e o Parque dos Poetas, e ali funcionaram durante muitos anos as oficinas municipais, demolidas em meados de 2018 para dar sequência a um plano de pormenor de 1991 que prevê a ampliação do bairro. A hasta pública tinha uma base de licitação de 10 milhões de euros e ficou deserta da primeira vez. Deveria ter-se realizado novamente em Março, mas a pandemia atrasou-a para Junho.

Em comunicado, a autarquia congratula-se com o desfecho do leilão, cujo vencedor não é identificado. “O valor base foi mantido por se acreditar no valor do terreno, tendo sido agora comprovado pela procura e o valor final da venda”, sublinha o município liderado por Isaltino Morais.

De acordo com os documentos que serviram de base à hasta pública, a construção no lote decorrerá em duas fases, uma das quais envolvendo o prolongamento da Rua do Espargal até junto da via férrea e a criação de uma rotunda na Rua Oeiras do Piauí. Os cinco novos edifícios deverão ter entre 3 e 7 pisos, mais caves para estacionamento automóvel.

Na assembleia municipal, onde a hasta pública foi aprovada com os votos contra de PS, CDU, BE, CDS e PAN, a esquerda mostrou-se preocupada com o futuro da mobilidade na zona, enquanto PSD e independentes elogiaram a autarquia por aproveitar o bom momento do imobiliário para maximizar a receita.

“Antes de colocar a mobilidade em cima, vamos densificar o território, vamos fazer uma contracção e um constrangimento ainda maior na mobilidade”, alertou Carlos Coutinho, da CDU. “O objectivo da câmara continua a ser o desordenamento do território e a consequente criação de mais uns grãos de areia na engrenagem da mobilidade”, acusou Miguel Pinto, do BE.

“Não se entende que, de facto, nos tempos que correm, em que todos nós sabemos que a procura excede a oferta no que diz respeito ao imobiliário em Oeiras, o que determina, naturalmente, o empolamento dos preços, se venha dizer que mais construção não”, respondeu Jorge Pracana, do PSD.

Francisco Rocha Gonçalves, vice-presidente da câmara, argumentou que o êxito de Oeiras nos principais indicadores de qualidade de vida “decorre exactamente da política de planeamento e das políticas de habitação centrais, da política de planeamento municipal nos últimos trinta anos”.

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