Rúben Amorim: “Preferia ter um jogo com adeptos, mesmo contra a equipa e a direcção”

Treinador do Sporting vai manter Matheus Nunes no “onze” nesta sexta-feira, em Alvalade, frente ao Paços de Ferreira.

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Ruben Amorim, treinador do Sporting LUSA/HUGO DELGADO POOL

Alvalade vai receber nesta sexta-feira o seu primeiro jogo do futebol português desconfinado e também estará obrigado a jogar sem público. O que significa que também não se irá ouvir durante o Sporting-Paços de Ferreira a contestação de uma parte do público à direcção liderada por Frederico Varandas. Mas Rúben Amorim prefere, em qualquer circunstância, jogos com adeptos, mesmo que seja para assobiar.

“Preferia ter um jogo com adeptos, mesmo contra a equipa e contra a direcção. Os jogadores só têm uma função, ganhar, e se ganharem tudo muda. Seja para dizer mal, para gritar, o futebol é sempre melhor com adeptos”, frisou nesta quinta-feira Amorim, que irá cumprir o seu terceiro jogo como treinador do Sporting.

A falta de público, diz Rúben Amorim, não explica os maus resultados das equipas de topo nestas primeiras experiências pós-confinamento: “Não faço ideia por que razão é que isso acontece, mas é redutor dizer que é a falta de adeptos. Não sei explicar, pode ser a qualidade dos treinadores e os seus jogadores bem preparados, pode ser coincidência, mas queremos mudar essa regra. Fizemos dois treinos em Alvalade para mostrar o que seria sem público. Mas mais importante que isso será a forma como vamos iniciar o jogo.”

Amorim admitiu, no entanto, que o facto de não haver público pode ser benéfico na sua aposta em jovens jogadores da formação “leonina”, mas acrescentou que eles também têm de estar preparados para jogar com público. “Se calhar, não haver público também ajuda”, reconheceu o jovem técnico, reforçando que a maior presença de jogadores da formação é um sinal de que têm qualidade e que não se trata apenas de um teste tendo em vista a próxima época: “Estou a apostar em jovens porque demonstraram valor. Estamos a preparar bem a próxima época, eles dão boas respostas e são bastante adultos a receber a mensagem do treinador. Os melhores estão a jogar neste momento.”

Um desses jovens é o médio brasileiro Matheus Nunes, que se estreou como titular na equipa principal e que, garantiu Amorim, vai continuar no “onze”, mesmo com a recuperação de Wendel. Podem é ser os dois titulares ao mesmo tempo, reconheceu: “Todos os jogadores do Sporting são compatíveis, depende de jogo para jogo, depende da semana deles, depende mais deles do que de mim.”

"Não vou pedir a ninguém para ficar"

Amorim falou ainda da continuidade, ou não, do experiente central francês Mathieu, garantindo que não vai pedir a ninguém para continuar: “É importante ter fome e querer jogar, não vou pedir a ninguém para ficar, quem não quiser ficar, não ficará. Mas todos têm dado uma resposta boa.”

O Sporting regressa, então, a Alvalade para defrontar o Paços de Ferreira, equipa treinada por Pepa, um técnico que costuma criar bastantes problemas ao Sporting. “É uma equipa muito organizada e pressionante. O Pepa incute na sua equipa uma excelente agressividade, estamos preparados para isso e temos melhorar com bola e no momento da decisão”, analisou.

A lutar pelo pódio e longe das contas do título, Rúben Amorim não pensa sequer nos dois primeiros, FC Porto e Benfica, nem que tem mais hipóteses de ser campeão: “Em relação a isso, tenho visto o Paços e o Vitória, logo à noite vou ver o Tondela. Não temos tempo para pensar em mais nada.”

E se tivesse chegado mais cedo, estaria a lutar pelo título, seja no Sp. Braga ou no Sporting? “Não penso muito assim, o jogo é muito incerto. Se não tivesse corrido tão mal ao Sp. Braga no início, não estaria aqui. Temos conseguido fazer um bom trabalho, mas sei que vou ter fases difíceis”, frisou Amorim, cujo foco é ganhar os nove jogos que faltam até ao fim da época.

Amorim também foi questionado sobre o ataque ao autocarro do Benfica na passada semana, no Seixal, e considerou o acto “muito grave": “São actos que têm de ser investigados muito a sério, linhas muito graves que são ultrapassadas. O que me faz mais confusão, passa-se para o campo das famílias, é uma linha grave. O Sporting condenou, o plantel e o treinador também. Em vez de trazer mais, vamos afastar gente e grandes jogadores que ainda jogam na Liga portuguesa.”

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