Teatros D. Maria II e São João reabrem mais cedo do que o previsto com homenagens aos profissionais da saúde

A peça By Heart, de Tiago Rodrigues, será reposta na Sala Garrett nos dias 20 e 21 de Junho. O teatro nacional portuense regressa com a produção Castro, de António Ferreira, a 2, 3 e 4 de Julho.

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O Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII), em Lisboa, que tinha previsto regressar aos espectáculos apenas em Setembro, vai afinal retomar a programação ainda em Junho, com espectáculos fora de portas e uma iniciativa dirigida aos profissionais de saúde, além do regresso à Sala Garrett da peça By Heart, de Tiago Rodrigues, director artístico da instituição. Também o seu congénere no Porto, o Teatro Nacional de São João (TNSJ), decidiu antecipar o regresso que estava planeado para Agosto, apresentando já no início de Julho três récitas gratuitas da peça Castro, de António Ferreira, especialmente dirigidas aos profissionais de saúde e da protecção civil e aos amigos da instituição com sede na Praça da Batalha.

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O Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII), em Lisboa, que tinha previsto regressar aos espectáculos apenas em Setembro, vai afinal retomar a programação ainda em Junho, com espectáculos fora de portas e uma iniciativa dirigida aos profissionais de saúde, além do regresso à Sala Garrett da peça By Heart, de Tiago Rodrigues, director artístico da instituição. Também o seu congénere no Porto, o Teatro Nacional de São João (TNSJ), decidiu antecipar o regresso que estava planeado para Agosto, apresentando já no início de Julho três récitas gratuitas da peça Castro, de António Ferreira, especialmente dirigidas aos profissionais de saúde e da protecção civil e aos amigos da instituição com sede na Praça da Batalha.

Com os espaços do teatro nacional de Lisboa tomados pelos ensaios de novas produções, as actuações previstas para o Verão ocorrerão de preferência ao ar livre, levando “o D. Maria à cidade”. A abertura da nova temporada, em Setembro, acontecerá por sua vez mais cedo do que o habitual, logo no dia 2 (a rentrée do TNDMII costuma ter lugar entre os dias 15 e 20), disse à Lusa a presidente do Conselho de Administração, Cláudia Belchior, acrescentando que só assim foi possível reagendar os 18 espectáculos que o encerramento das salas de espectáculos obrigou a suspender.

Cerca de três meses depois de ter fechado as portas, devido à pandemia da covid-19, o D. Maria reabre ao público a 20 e 21 deste mês, com By Heart. As verbas angariadas com o espectáculo vão reverter para um fundo de emergência para os profissionais da cultura, confrontados com dificuldades financeiras na sequência da paragem forçada que as medidas restritivas impostas pelo Governo para travar a disseminação do novo coronavírus vieram impor. 

As iniciativas que o D. Maria agendou para o Verão terão lugar essencialmente fora do espaço do teatro, que está tomado pelos ensaios de espectáculos que ficaram pendentes. “Quando parámos, no dia 13 de Março, estávamos em vésperas de estrear, estávamos em fase de criação, a iniciar ensaios, e tivemos de suspender tudo. Os profissionais estão agora a ensaiar e não podemos usar as instalações”, contou Cláudia Belchior. Neste momento, está a ser trabalhada a peça A Vida Vai Engolir-vos, de Tónan Quito, a partir das quatro principais peças de Tchékhov, uma co-produção com o São Luiz Teatro Municipal.

Enquanto se trabalha dentro, apresentam-se espectáculos fora: o D. Maria vai participar no Festival ao Largo, em colaboração com o Teatro Nacional de São Carlos, no dia 12 de Julho, com o espectáculo Sopro  também de Tiago Rodrigues , e vai estar no Festival de Almada, no primeiro fim-de-semana de Julho.

Paralelamente, a instituição está também “a desenhar uma iniciativa” em parceria com a administração do Hospital de Santa Maria. “Vamos fazer uma iniciativa para estarmos junto dos profissionais de saúde, para lhes agradecer publicamente e juntar a cultura e a saúde”, avançou à Lusa Cláudia Belchior, sem adiantar detalhes, porque o projecto está ainda a ser pensado. “A ideia será sempre sair do teatro e estar nas instalações que pertencem ao Santa Maria”, acrescentou a administradora. “Estamos também a ver espaços da cidade para espectáculos mais pequenos, de entrada livre, e de preferência ao ar livre, em Julho. Vamos abrir de forma muito interessante: levar o Teatro D. Maria à cidade.

Quanto aos espectáculos internacionais que já tinham sido anunciados, vão ser todos reagendados caso de Bajazet, Considerando o Teatro e a Peste, encenação do monstro sagrado do teatro alemão Frank Castorff que o D. Maria programou em parceria com o TNJS e o Teatro Municipal do Porto, e que chegará a Portugal entre o final deste ano e o início do próximo. Também “a colaboração com o Alkantara Festival” será para manter.

Alguma da programação prevista para o período de Março a Junho foi canalizada para o online, como os encontros O Clube dos Poetas Vivos e algumas iniciativas para crianças. O sucesso da actividade online foi tão “surpreendente”, com “quase 120 mil visualizações”, que o TNDM decidiu manter alguma programação nas redes sociais, como a maratona de leitura de Os Lusíadas, de António Fonseca, “que põe pessoas a recitar cantos” daquela obra de Luís Vaz de Camões, assinalou Cláudia Belchior.

No âmbito do “plano de desconfinamento”, as salas de cinema, teatro e espectáculos em Portugal tiveram autorização para reabrir a partir de 1 de Junho, mas o TNDMII anunciou, inicialmente, que só reabriria em Setembro. Entretanto, foi possível rever essa decisão. “Tivemos o anúncio da reabertura dos teatros quase no final de Maio. Não tínhamos perspectiva de saber quando estaríamos a trabalhar em pleno. Tínhamos uma preocupação, que era a de saber como trabalhar em segurança. Havia muitas incógnitas, apesar de termos o nosso próprio plano de contingência”, explicou Cláudia Belchior. Além disso, estavam a decorrer obras no teatro, que avançaram em Maio.

Com a permissão do Governo para a reabertura dos teatros e a retracção dos números da infecção, mas ao mesmo tempo com o espaço ocupado, gerou-se uma situação de conflito entre a vontade de reabrir e as dúvidas acerca de como fazê-lo na prática. “Há uma grande preocupação para os teatros de criação: como abrir de repente sem ter ensaiado? Acho que esta solução é muito boa. Conseguimos desenhar uma programação fácil de montar”, diz Cláudia Belchior, referindo ainda que os trabalhadores “ficaram muito entusiasmados por voltar aos ensaios – com máscaras feitas pela equipa de guarda-roupa –, porque, para quem está habituado a trabalhar todos os dias para um público, o confinamento foi terrível”.

Entretanto, no Porto

Também o TNSJ antecipou o seu desconfinamento para 2 de Julho, com a primeira de três apresentações da Castro, de António Ferreira. “Vamos recomeçar com três récitas excepcionais da Castro, dirigindo-as e oferecendo-as aos profissionais de saúde e da protecção civil, que, de um modo muito especial, se têm empenhado na luta contra a pandemia, mas também aos amigos do São João, aqueles espectadores mais fiéis e mais regulares, que durante estes meses foram privados do teatro que lhes pertence”, disse também à Lusa o presidente do Conselho de Administração do TNSJ, Pedro Sobrado. As três apresentações acontecerão a 2 e 3 de Julho (às 21h) e a 4 (às 19h), devendo os interessados efectuar reserva prévia na página do teatro.

Já a temporada 2020/21 vai ser antecipada um mês, tal como estava previsto, iniciando-se nos primeiros dias de Agosto.

“É a primeira vez, em 25 anos, que o TNSJ tem uma programação ao longo de todo o mês de Agosto. Em todo o caso, entendemos que estavam reunidas todas as condições técnicas, logísticas, de segurança e protecção para, antes desse início da temporada, e antes também da nossa apresentação no Festival de Almada, apresentarmos aqui no São João a nossa nova produção, como gesto de reconhecimento pelo empenho na luta diária contra a pandemia”, acrescentou Pedro Sobrado.

Com encenação de Nuno Cardoso, Castro simboliza “o esforço do TNSJ no desenvolvimento de uma política de descentralização”, tendo a estreia ocorrido no Teatro Aveirense, no âmbito do arranque da programação do Centenário do São João.

A tragédia renascentista portuguesa, de António Ferreira, que relata o drama histórico (e lendário) do amor vivido entre Pedro e Inês, é a primeira incursão do director artístico do TNSJ, Nuno Cardoso, na dramaturgia clássica portuguesa. A peça é também o primeiro desafio dos seis actores que fazem parte do elenco “quase” residente do TNSJ: Afonso Santos, Joana Carvalho, João Melo, Maria Leite, Mário Santos e Rodrigo Santos. O espectáculo conta ainda com a participação de Margarida Carvalho e Pedro Frias.

As apresentações de Castro no início de Julho no TNSJ antecipam a apresentação do espectáculo no Festival de Almada, onde poderá ser visto entre 9 e 11 de Julho. A peça regressa ao Porto, de 20 de Agosto a 12 de Setembro, já integrada na temporada 2020/21 do teatro.

Pedro Sobrado referiu que, ao longo das últimas semanas, o TNSJ desenvolveu, de acordo com as indicações das autoridades de saúde, “um plano muito rigoroso e abrangente de contingência”, que inclui montagens, ensaios e os próprios espectáculos, salvaguardando a segurança tanto do público, como dos artistas e dos colaboradores. Entre as medidas definidas pelo teatro, destaca-se a realização de testes à covid-19 dos elencos de actores/intérpretes dos espectáculos que integram a programação. As salas e os espaços comuns serão objecto de “uma desinfecção completa” antes da abertura das portas e logo após o fim de cada espectáculo, através de técnicas de nebulização.

No que toca à capacidade das salas, os espaços geridos pelo TNSJ contam com “uma redução considerável": o São João terá uma lotação máxima de, aproximadamente, 200 pessoas. Já a lotação máxima do Teatro Carlos Alberto rondará as cem pessoas. Para ambas as salas, foi estabelecido um princípio de dois lugares de intervalo entre espectadores ou grupos de espectadores coabitantes. Os espaços do TNSJ contam ainda com gel desinfectante em vários pontos dos seus edifícios e com a sistemática desinfecção de instalações sanitárias. Procedeu-se também à instalação de sinalética nos edifícios, com o propósito de evitar a proximidade e o contacto entre pessoas. Dentro dos edifícios, é obrigatório o uso de máscara, inclusive pelos espectadores, aplicando-se as recomendações de distanciamento social.