Nova edição do programa BIP/ZIP já está à procura de projectos para combater efeitos da pandemia

Arrancou esta sexta-feira a fase de candidaturas para a décima edição do programa BIP/ZIP. Câmara de Lisboa tem 1,6 milhões de euros para distribuir por projectos que assentem no reforço da empregabilidade, na educação e no apoio directo às comunidades e grupos vulneráveis pela cidade.

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Alguns projectos dedicaram-se à produção de máscaras e cógulas que foram distribuídas pelos hospitais de Lisboa Rui Gaudencio

O desafio é global, mas a resposta precisa de ser local, por isso a próxima edição do programa BIP/ZIP – Bairros e Zonas de Intervenção Prioritária de Lisboa vai focar-se na procura por respostas aos desafios provocados pela pandemia: da empregabilidade, ao apoio à educação e formação, ao “apoio directo às comunidades e grupos vulneráveis” — especialmente no acesso às medidas de emergência —, à sensibilização e divulgação à informação e boas práticas face à pandemia de covid-19.

Segundo refere a proposta aprovada em reunião de câmara na semana passada, subscrita pela vereadora da Habitação e Desenvolvimento Local, Paula Marques, verifica-se “a necessidade de respostas imediatas às comunidades prioritárias de Lisboa que estão particularmente vulneráveis ao processo destrutivo, presente e futuro, do tecido social, económico e cultural que resulta do contexto actual da emergência da pandemia covid-19”. 

A décima edição deste programa municipal arrancou esta sexta-feira com a abertura das candidaturas. Há 1,6 milhões de euros para projectos que visem a protecção das populações, o apoio aos mais velhos e às crianças. “O impacto mais severo nas comunidades BIP/ZIP focaliza-se principalmente nas dimensões prioritárias da empregabilidade e do tecido económico local, nas dimensões educativa e formativa e na necessidade de incremento do apoio directo aos grupos mais vulneráveis”, nota a autarquia. 

A nona edição do BIP/ZIP, que está a chegar à sua recta final, envolveu 44 projectos com a participação de 135 entidades, 49 promotoras e 86 parceiras, que promovem 295 actividades em 53 territórios de intervenção prioritária, diz o município.

Quando a pandemia chegou, estes projectos, que já estavam em curso, tiveram de se reinventar, procurando dar resposta aos efeitos da pandemia. Passaram, por exemplo, a produzir máscaras, a prestar apoio psicológico e combater o isolamento, a distribuir alimentos. Por isso, a autarquia reuniu numa plataforma todos os projectos que estão a prestar apoio directo às comunidades para que cada um possa conhecer os da sua freguesia ou área de residência e assim recorrer a eles, se necessitar.

Projectos reinventados

Um dos projectos que teve de repensar a sua actuação junto da comunidade foi o Redes Sociais Saudáveis – Games 4 All, sobretudo porque os workshops presenciais que estavam planeados tiveram de ser repensados e adaptados às plataformas digitais. E com uma dificuldade adicional: muitos dos participantes não tinham acesso à internet ou a equipamentos. 

“Ninguém estava à espera desta pandemia, mas uma das coisas que queríamos trabalhar nas redes sociais era eles [os participantes] utilizarem-nas de outra forma e a pandemia veio mostrar que existem muitas maneiras de as utilizar, de fazer workshops, de fazer reuniões”, diz Bruno Batista, da Associação de Inter-Ajuda de Jovens “Eco-estilistas”.

O projecto está a ser desenvolvido na freguesia de Marvila, com jovens a partir dos dez anos e com a comunidade escolar da Escola Básica Damião de Góis. Os workshops passaram a ser feitos via videoconferência, os desafios feitos online assim como os cursos de vídeo e de fotografia. “Criámos ‘salas’, grupos no Whatsapp em que colocamos uma série de desafios para os participantes para mantê-los activos, para se sentirem acompanhados e poderem passar esta fase da melhor maneira”, conta Bruno.

O projecto deverá terminar no final de Julho e em cima da mesa está a possibilidade de poder ser replicado noutras zonas da freguesia e da cidade. 

O mesmo aconteceu com o projecto Academia CV.pt Patrício Prazeres, que dá apoio aos alunos migrantes do jardim-de-infância e 1.º ciclo deste agrupamento da capital para melhorarem a comunicação em português. Todas as semanas, estas crianças tinham uma tutoria nas escolas com voluntários para praticarem a língua. Com o fecho das escolas, as tutorias e todo o acompanhamento teve de migrar para o online.

"A distância não é simples. Não tem o mesmo impacto um vídeo para trabalhar o português do que estar uma hora com esse aluno”, explica Almudena Ferro, coordenadora do projecto. Ainda assim, os tutores têm enviado tarefas, fazem telefonemas e videochamadas. Dependendo de cada aluno, o meio de comunicação é diferente, uma vez que há alunos que não têm acesso a computadores ou smartphones. 

"Muitos alunos não estavam a fazer os trabalhos de casa, não estavam a ser acompanhados porque os professores não conseguiam ter contacto com os pais”, conta a coordenadora. A rede de voluntários acabou por ajudar a escola a chegar a todos os encarregados de educação, ajudando-os a compreender a informação que ia sendo enviada pelo estabelecimento de ensino. 

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