Cartas ao director

Retrocesso civilizacional

A polícia norte-americana já deu mostras mais do que repetidas vezes que actua com enorme ferocidade contra cidadãos afro-americanos. Mata sem perdão, mesmo que as vítimas não tivessem feito nada para tal merecimento.

Foi o que aconteceu com o infeliz George Floyd, de 46 anos, que durante nove longos minutos teve o pescoço pressionado contra o chão pelo joelho de um polícia selvagem e criminoso. Imaginem qual foi o seu alegado delito: ter tentado usar uma nota falsa de 20 dólares. Pediu clemência antes de falecer, asfixiado com o joelho do selvático agente da lei. A vítima era segurança num restaurante e considerada uma pessoa simpática e pacífica, contra a violência e o uso de armas.

José Amaral, Vila Nova de Gaia

Os precários

Quando apareceram trabalhadores infectados pela covid-19 nas instalações da Sonae MC na Azambuja, aquela empresa apressou-se a explicar que eram trabalhadores contratados a empresas de trabalho temporário. Logo depois a comunicação social falava do risco de esses trabalhadores espalharem a pandemia na zona da grande Lisboa. Mas ninguém explicou porquê. Foi preciso Susana Peralta, no PÚBLICO do dia 29 de Maio, explicar todo o enredo. O meu muito obrigado a Susana Peralta pela explicação que nos deu a todos.

Carlos Anjos, Lisboa

Imposto absurdo

O país não vive sem receita fiscal, em que grande parte da mesma é proveniente dos impostos que são cobrados aos cidadãos, como se o crescimento económico do país estivesse apenas dependente dos mesmos, para que existam condições para o país funcionar e se ofereçam aos seus cidadãos serviços de qualidade (…).

Porém, alguns dos impostos que o Estado cobra aos cidadãos são como que uma verdadeira penalização da sua existência, ou direito a viver com dignidade, como é o caso do Imposto Municipal sobre Imóveis, em que os cidadãos que pagam a prestação da sua casa ao banco, suportando os custos associados ao empréstimo, são ainda penalizados com o referido imposto, como se este fosse um custo para terem direito a uma habitação, o que é a mesma coisa que dizer aos cidadãos que têm de passar fome ou frio.

O artigo 1.º da Constituição sueca diz que é proibido qualquer cidadão passar fome ou frio, mas em Portugal, a cobrança de impostos, sem que seja garantido aos cidadãos um nível de vida com dignidade, potencia a existência do frio e da fome de muitas pessoas, quando o Estado lhes rouba o pouco que têm, e onde a Constituição exige deveres mas dificulta os direitos dos cidadãos, potenciando a pobreza dos mesmos com a cobrança de impostos absurdos.

Américo Lourenço, Sines

Desconfinar a três velocidades

Penso que o título do artigo “Um país a desconfinar a duas velocidades” [edição de sábado] deveria ser “Um país a desconfinar a três velocidades": uma para a quase totalidade do território nacional, Madeira e Açores incluídos, outra para a região de Lisboa/Vale do Tejo e uma terceira para as iniciativas (directas ou indirectas) do PCP.

Carlos Seara Cardoso

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