Pandemia reduziu o calendário desportivo mundial de 2020 a metade

Dos quase 50 mil grandes eventos programados para este ano, apenas 53% devem realizar-se. As receitas geradas pela indústria do desporto vão cair na mesma proporção.

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O Estádio Olímpico de Tóquio só deverá receber as Olimpíadas em 2021 LUSA/KIMIMASA MAYAMA

Apesar de na América do Sul e na América do Norte a pandemia do novo coronavírus continuar na sua curva ascendente, no resto dos continentes os números de novos infectados pela covid-19 mostram que a doença está actualmente sob controlo das entidades de saúde, o que começa a permitir que grandes eventos desportivos, como campeonatos nacionais de futebol ou Grandes Prémios do Mundial de Fórmula 1, reúnam condições para que sejam realizados e recuperem o tempo perdido. No entanto, os efeitos nefastos da pandemia no desporto são inquestionáveis e, no melhor dos cenários, a covid-19 vai reduzir o calendário desportivo de 2020 a metade. A nível financeiro, as receitas geradas pela indústria do desporto vão cair na mesma proporção.

A pesquisa foi efectuada pela Two Circles, agência de marketing desportivo norte-americana, e as projecções são elucidativas sobre o golpe que a covid-19 vai provocar no desporto em 2020. Com as medidas globais de distanciamento social introduzidas como resultado da pandemia, apenas 26.424 dos 49.803 grandes eventos desportivos programados para este ano devem ser realizados, mesmo que alguns sejam reagendados até ao final de 2020. Ou seja, quase metade (47%) das competições calendarizadas, nas quais se destacam os Jogos Olímpicos ou o Campeonato Europeu de futebol, não figurarão no mapa dos eventos realizados até 31 de Dezembro deste ano.

Em Março, mês em que a pandemia foi oficialmente declarada pela Organização Mundial de Saúde, apenas um terço (1870 em 5584) dos eventos programados originalmente ocorreram e, segundo a Two Circles, com o reajustamento do cronograma desportivo mundial, o mês em que se deverão realizar o número máximo de eventos este ano deverá ser Setembro, com a previsão da realização de 5467 competições de relevo internacional.

Calendário desordenado

A desordem provocada pela covid-19 no calendário mundial de eventos desportivos reflectir-se-á, na mesma proporção, nas receitas geradas pela indústria do desporto, que em 2020 devem cair para metade, quando comparadas com o ano anterior.

Segundo os cálculos da Two Circles, o mercado global de eventos desportivos gerará até 31 de Dezembro deste ano 66,35 mil milhões de euros. Em 2019, o volume de negócio superou os 116 mil milhões e as previsões apontavam para um crescimento de 4,9% para este ano.

O maior responsável por esta quebra foi, sem dúvida, o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio para 2021. A decisão inédita de retardar por um ano a competição irá provocar, segundo o jornal japonês Nikkei, um prejuízo a rondar os 2,43 mil milhões de euros, que terá que ser suportado pelo Governo do Japão e pelo Comité Olímpico Internacional.

Os problemas provocados pela necessidade de cancelar ou adiar competições terão repercussões também no concorrido mercado dos direitos de transmissões televisivas, que vai deparar-se nos tempos mais próximos com uma sobrecarga de grandes eventos que, em condições normais, estavam calendarizados de forma cíclica e ordenada, para que não existisse sobreposição de grandes eventos internacionais.

Nos Estados Unidos, por exemplo, há o risco de a época da NBA (basquetebol), coincidir com a da MLB (basebol), colocando as duas principais Ligas norte-americanas em concorrência pela primeira vez.

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