Estudo revela impacto de mil milhões de euros do golfe na economia portuguesa

Estima-se ainda que aos números de 2018 corresponda uma receita fiscal indirecta de cerca de 141 milhões de euros e a criação/manutenção de aproximadamente 16.600 postos de trabalho.

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Reuters/Eric Bolte

A Federação Portuguesa de Golfe divulgou um estudo sobre o impacto macroeconómico do golfe na economia portuguesa em 2018, dando conta de um valor de mil milhões de euros e da criação de cerca de 16 mil postos de trabalho.

O estudo, solicitado pela Federação Portuguesa de Golfe (FPG) à Deloitte, revela que o impacto directo e indirecto da prática da modalidade na geração de riqueza na economia nacional, em 2018, ultrapassou os 1,9 mil milhões de euros (1.025 milhões de euros directos), estimando-se corresponder a uma receita fiscal indirecta de cerca de 141 milhões de euros e à criação/manutenção de aproximadamente 16.600 postos de trabalho.

“É um estudo que nos vai permitir sustentar as nossas tomadas de decisão. Nós, sem dados, somos mais uma pessoa com opinião, e por isso precisávamos de ter dados mais concretos”, explicou o presidente da FPG, Miguel Franco de Sousa.

Na apresentação por videoconferência, que contou também com a participação de Alexandre Barroso, presidente da Associação de Gestores de Golfe de Portugal, Pedro Santos Rosa, membro da Deloitte responsável pela análise, defendeu que o estudo tem “um resultado credível e robusto” e que “surge num momento muito relevante, em que vários sectores do golfe foram afectados.”

“Para além do impacto na economia, o golfe representa benefícios qualitativos, ao nível da notoriedade de Portugal a nível internacional, enriquecimento sociocultural, desenvolvimento de infraestruturas e soluções de sustentabilidade ambiental, entre outras”, destacou Pedro Santos Rosa.

Atendendo ao encerramento das 83 infraestruturas existentes em Portugal, sendo que a receita média por campo de golfe é de 1,8 milhões de euros, e à paragem da modalidade devido à pandemia da covid-19, os números apresentados não terão o mesmo reflexo na economia este ano.

“A estimativa é de uma quebra de receita dos campos de golfe na ordem dos 65%. Em Março houve já menos de 50% daquele que seria o negócio habitual e em Abril e Maio não houve receita nenhuma, sendo que estes três meses correspondem a época alta no golfe. Estamos e vamos continuar sem turistas até Setembro, por isso diria que estes 65% no golfe poderá ser uma percentagem maior no que a hotelaria concerne ao golfe”, frisou Alexandre Barroso.

Como forma de contrariar estas quebras de receitas no golfe e minimizar o impacto na economia nacional na ordem dos 600 a 700 milhões de euros, Miguel Franco de Sousa defende, entre outras medidas, a “redução do IVA”, actualmente fixado nos 23%.

“Teria um impacto muito significativo. É um factor tão importante no sector do desporto e no turismo, e, num país em que se incentiva a prática da actividade física e um modo de vida saudável, não faz sentido que a actividade seja tributada a 23%, um regime fiscal altamente penalizante. Acredito que rever o enquadramento fiscal aplicado ao golfe seria uma mais-valia a longo prazo, tal com o ‘lay-off’ e as moratórias estão a ser a curto prazo”, finalizou o presidente da FPG.

O presidente da FPG revelou, ainda, que a realização do Portugal Masters e do Open de Portugal está a ser equacionada, atendendo à suspensão dos circuitos internacionais, devido à pandemia da covid-19.

“Não é certo que não haja Portugal Masters e não é certo que não haja Open de Portugal. Vamos ter uma reunião com o European Tour na próxima semana. Existe a possibilidade de se fazer os dois torneios, o Open de Portugal em Setembro, como previsto, e existe uma forte possibilidade do Portugal Masters ter de mudar de data, mas está a ser a ser avaliado”, frisou o responsável federativo.

Além de antever que, aquando da retoma dos circuitos, “os torneios não terão público”, Franco de Sousa diz estar a ser analisada a possibilidade de “suspender ou não, este ano, o Open de Portugal”, prova pontuável para o Challenge Tour.

“Temos um contrato válido por três anos com o nosso principal patrocinador, que está totalmente comprometido em fazê-lo. Mas a verdade é que um torneio como o Open de Portugal, que tem um cariz desportivo de dar lugar aos jovens profissionais portugueses, e não havendo necessidade de competir este ano, não sabemos se se justifica ou não fazer este torneio”, reconheceu.

O Open de Portugal, dotado de 200 mil euros em prémios monetários, está previsto realizar-se entre os dias 17 e 20 de Setembro, no Royal Óbidos Spa & Golf Resort, enquanto o Portugal Masters, torneio do European Tour que distribui 1,5 milhões de euros em prémios monetários, terá lugar no Dom Pedro Victoria Golf Course, entre 22 e 25 de Outubro.

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