Covid-19: número de casos pode subir substancialmente em África nas próximas semanas, diz OMS

Agência da ONU diz que é preciso fazer, com urgência mais testes no continente, sobretudo fora das capitais porque o vírus já alastrou ao interior dos países. “Sem ajuda e acções imediatas, os países pobres e as comunidades vulneráveis podem sofrer uma devastação em massa”.

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Prevenção da covid-19 em Joanesburgo, na África do Sul KIM LUDBROOK/EPA

Alguns países africanos podem assistir a um aumento substancial no número de casos de covid-19 nas próximas semanas, e os números de testes realizados deve aumentar urgentemente na região, disse a Organização Mundial de Saúde (OMS) nesta quinta-feira. “Nos últimos quatro dias vimos que os números duplicaram”, disse Michel Yao, o chefe do programa de resposta a emergências para África da organização.

“Se a tendência continuar, e de acordo com o que aprendemos na China e na Europa, alguns países podem ter subidas muito elevadas muito em breve”, disse acrescentando que essa subida da curva pode acontecer nas próximas semanas, mas sem nomear países.

O número de casos registados no continente africano tem-se mantido relativamente baixo - quase 11 mil casos e 562 mortes, segundo a contagem da Reuters deita a partir dos dados da OMS e dos governos.

O chefe da OMS em África, Matshidiso Moeti, disse que é “urgente” aumentar o número de testes à covid-19 nos países africanos e igualmente urgente realizar testes fora das capitais, uma vez que o vírus alastrou para o interior dos países.

“Sem ajuda e acções imediatas, os países pobres e as comunidades vulneráveis podem sofrer uma devastação em massa”, disse também o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “O número de infecções em África é relativamente baixo, mas está a subir de forma rápida”. 

Ghebreyesus sublinhou a forma como o vírus se espalhou em países ricos nos cem dias depois de a China ter notificado a OMS de que havia uma “pneumonia de causa desconhecida” na cidade de Wuhan.

Os líderes africanos, incluindo os presidentes da África do Sul, Nigéria e Ruanda, saíram em apoio de Tedros Ghebreyesus, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros da Etiópia, depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter criticado a agência da ONU e ter ameaçado deixar de contribuir para o seu orçamento.

Apesar dos relativamente poucos casos registados, África já sente o impacte económico da pandemia. Num relatório publicado nesta quinta-feira, o Banco Mundial diz que a pandemia vai empurrar África subsariana para a recessão, o que acontece pela primeira vez em 25 anos.

O banco África Pulse diz que a economia regional vai contrair entre 2,1% e 5,1%, depois de um crescimento de 2,4% no ano passado. E que a pandemia vai custar à região entre 37 mil milhões e 79 mil milhões de dólares.

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