Siza recebe Grande Prémio da Academia de Belas-Artes francesa

O prémio carreira é dado pela primeira vez pela Academia de Belas-Artes francesa.

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Álvaro Siza com vários arquitectos franceses, entre os quais Dominique Perrault (à direita) Académie des Beaux-Arts

“É uma grande honra, porque é um prémio importante. É a primeira vez que a Academia de Belas-Artes dá este prémio carreira”, explica o arquitecto Álvaro Siza ao PÚBLICO, comentando a atribuição esta quarta-feira do Grande Prémio de Arquitectura da Académie des Beaux-Arts, pelo conjunto do seu percurso, no valor de 35 mil euros.

O arquitecto, que esteve em Paris para receber o Prix Charles Abella, proferiu uma conferência no Instituto de França, que junta as cinco academias de letras, artes e ciências, onde começou por agradecer “com emoção e humildade” o facto de ser o primeiro laureado. Este prémio, que tem um carácter internacional, deverá agora alternar, num modelo bienal, com outro galardão que já era atribuído e dedicado a jovens arquitectos.

Álvaro Siza, que discursou debaixo da bonita cúpula do Instituto de França, como o próprio fez questão de sublinhar, lembrou a sua primeira viagem a Paris em 1967, “há muito desejada e necessária”, que durou 15 dias, onde viu obras de Le Corbusier e de Picasso, mas também de Sauvage, Charreau ou Perret, entre muitos outros: “Paris não era para mim o centro do mundo, como ouvia dizer. Era a cidade aberta a todo o mundo, como deveriam ser todas as cidades, como exige o próprio conceito de cidade. A expressão centro do mundo sugere de algum modo uma ideia de marginalização de periferias. Mas as periferias foram ou vão-se sucessivamente revelando como outros centros de cultura.”

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Álvaro Siza tem apenas um edifício construído em França, a igreja de Saint-Jacques-de-la-Lande, próximo de Rennes (Bretanha), inaugurada em 2018 DR

Durante a cerimónia, o arquitecto português conversou também com François Chaslin, correspondente da secção de arquitectura da Académie des Beaux-Arts e crítico de arquitectura, que sublinhou a capacidade de Siza “em ligar o passado ao presente, permitindo ao futuro que se instale”, lê-se no Twitter da instituição francesa.

Ao entregar este novo prémio ao arquitecto português, “a academia francesa quis mostrar o respeito que lhe inspira este grande mestre”, escreveu o jornal francês Le Monde.

A academia lembra no seu comunicado de imprensa que Siza tem apenas um edifício construído em França, a igreja de Saint-Jacques-de-la-Lande, próximo de Rennes (Bretanha), inaugurada em 2018, além de um projecto de urbanismo para o centro de Montreuil (1990-2000).

No Instituto de França, conta Álvaro Siza, estavam presentes nomes conhecidos da arquitectura francesa como Dominique Perrault e Christian de Portzamparc, mas também muitos outros, como Laurent Beaudouin, “um arquitecto amigo há muitos anos”, ou Dominique Machabert, “um jornalista que tem escrito sobre a arquitectura portuguesa”. O júri, que escolheu Siza “pela exemplaridade de uma trajectória”, era constituído por Marc Barani, Bernard Desmoulin, Dominique Perrault, Alain-Charles Perrot, Jacques Rougerie, Roger Taillibert, Aymeric Zublena e Jean-Michel Wilmott.

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