Vamos ter um Governo para quantos anos?

Costa não respondeu a Catarina Martins. Quer mais portas abertas e não apenas a do BE ou da esquerda?

Há uma abstenção má. Nestas eleições legislativas, 45,55% dos eleitores abstiveram-se. Mas há também uma abstenção boa, aquela que assegurará a sobrevivência do futuro Governo de António Costa.

Passo a explicar. Se António Costa quiser governar à Guterres, ou seja, sem acordo escritos (PCP já se pôs de fora) e negociando ano a ano a aprovação de cada Orçamento do Estado, bastará a abstenção de um partido. Nem sequer precisa do voto a favor. 

Vejamos o que sucedeu nos orçamentos de António Guterres: o de 1996 foi aprovado graças à abstenção do CDS e de cinco deputados do PSD-Madeira; o de 1997, 1998 e 1999 com a abstenção do PSD (na altura, liderado por Marcelo Rebelo de Sousa); o de 2000 e 2001 com a abstenção de um deputado do CDS, Daniel Campelo.

O PS tem agora mais de 106 deputados (falta apurar os deputados eleitos pelo círculos da emigração). Pode por isso negociar ou com os parceiros de esquerda, com o PAN e o Livre (como já desafiou) e até com o PSD. 

Mas quanto tempo durará este Governo? Na recta final da campanha, António Costa bem avisou que queria “um Governo com força para assegurar quatro anos de legislatura e não um Governo para os próximos dois anos”. Ontem, Catarina Martins ofereceu a solução de “estabilidade” que Costa assumiu procurar, disponibilizando-se para negociar um “programa de governo” comum. Costa não respondeu. Quer mais portas abertas e não apenas a do BE. Talvez porque concorda com Marcelo Rebelo de Sousa que ontem pôs pressão ao lembrar que a futura legislatura vai ser exigente e que vem aí uma recessão económica a que Portugal não poderá escapar (e que tem subentendido que será necessária a direita)?

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