Supremo espanhol autoriza retirada dos restos mortais de Franco do Vale dos Caídos

Governo de Sánchez quer concluir o processo antes das eleições de Novembro.

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Seis juízes do Supremo Tribunal de Espanha decidiram, por unanimidade, autorizar a transladação dos restos mortais do ditador Francisco Franco, sepultado no Vale dos Caídos, nos arredores de Madrid. O processo tinha sido suspenso em Junho e a decisão vai permitir ao Governo avançar para a sua conclusão antes das eleições de 10 de Novembro.

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Seis juízes do Supremo Tribunal de Espanha decidiram, por unanimidade, autorizar a transladação dos restos mortais do ditador Francisco Franco, sepultado no Vale dos Caídos, nos arredores de Madrid. O processo tinha sido suspenso em Junho e a decisão vai permitir ao Governo avançar para a sua conclusão antes das eleições de 10 de Novembro.

O executivo socialista pretende trasladar o corpo para o cemitério El Pardo, também nos arredores da capital, onde está o túmulo da sua mulher, o que também foi validado pelo Supremo, cujo pronunciamento vai contra a solução apresentada pelos familiares do antigo chefe de Estado, em recurso, de transferir o corpo para a cripta da catedral de La Almudena, junto ao Palácio Real, bem no centro da cidade madrilena, onde está sepultada a sua filha.

O processo de retirada dos restos mortais do ditador – que governou Espanha com mão-de-ferro entre 1939 e 1975, ano da sua morte – arrasta-se há mais de um ano. Pedro Sánchez avançou em Junho de 2018, ao abrigo da Lei da Memória Histórica, de 2007, para a retirada do túmulo do Vale dos Caídos, que foi construído com a ajuda de trabalho forçado de prisioneiros da ditadura.

O objectivo era transformar o espaço num “lugar de memória e reconciliação”, em vez de um “lugar de exaltação do franquismo”. 

Mas foi constantemente travado por recursos apresentados pela família do ditador e pela Fundação Francisco Franco, que exigiam uma transladação com honras militares para La Almudena, e acusa o executivo de querer apagar a memória histórica espanhola.

O Governo não queria a exumação para um dos edifícios mais visitados da capital, que é também sede da Arquidiocese da Igreja Católica de Madrid e local de funerais de Estado. 

Para além da gestão difícil de uma decisão dessas na relação entre o Estado e as autoridades religiosas e dos problemas práticos que a mesma acarretaria – a cripta da família em La Almudena não está protegida, nem se encontra num lugar recatado da catedral, e a Igreja Católica já alegou “motivos de segurança” para se opor a essa possibilidade –, o Governo argumentava que a exumação de Franco para aquele espaço o transforme num destino de peregrinação, ainda mais mediático, para os saudosistas da ditadura espanhola.