BE pede a Centeno que assine autorizações de despesa que tem na secretária

A líder do BE diz que não se entende que o Governo não autorize a despesa em hospitais e no INEM uma vez que está orçamentado o investimento necessário e na saúde não há cativações.

Foto
LUSA/OCTÁVIO PASSOS

A coordenadora do BE pediu esta segunda-feira ao ministro das Finanças para assinar “as autorizações de despesa que tem na secretária para o Serviço Nacional de Saúde”, porque o dinheiro, previsto no orçamento, “está a ser necessário como nunca”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A coordenadora do BE pediu esta segunda-feira ao ministro das Finanças para assinar “as autorizações de despesa que tem na secretária para o Serviço Nacional de Saúde”, porque o dinheiro, previsto no orçamento, “está a ser necessário como nunca”.

“Mário Centeno [ministro das Finanças] tem de assinar as autorizações de despesa que tem na secretária e que são investimento preciso no Serviço Nacional de Saúde [SNS]. O INEM [Instituto Nacional de Emergência Médica] precisa de ambulâncias e de 300 profissionais. Há hospitais que aguardam pela assinatura do ministro para terem os profissionais e os meios necessários. Não se compreende que continuem a esperar: está nos orçamentos o investimento necessário e não há cativações”, afirmou Catarina Martins aos jornalistas, à margem de uma visita à feira semanal de Espinho, distrito de Aveiro.

Questionada sobre os elogios do jornal britânico Financial Times à recusa da austeridade por parte do primeiro-ministro António Costa, Catarina Martins destacou que a reposição de salários e pensões “foi possível” devido à “participação de vários partidos que fazem uma maioria no Parlamento”, destacando que “esse caminho não chega”, sendo agora necessário o investimento nos serviços públicos, em particular no SNS.

“O BE orgulha-se de ter contribuído para um caminho de reposição de salários, pensões e criação de emprego. Todos nos lembramos que, em 2015, o PS queria congelar as pensões e não se comprometia com nenhum aumento do salário mínimo nacional. Portanto, houve um caminho que foi possível porque houve participação de vários partidos que fazem uma maioria no parlamento [BE e PCP]”, respondeu Catarina Martins, quando os jornalistas lhe perguntaram sobre qual a quota parte de responsabilidade do BE no trabalho elogiado pelo Financial Times ao primeiro-ministro socialista António Costa.

A coordenadora bloquista notou ser preciso “reconhecer que esse caminho ainda não chega”, compreender as suas “fragilidades” e “ter a responsabilidade de investir onde é mais necessário”.

“Neste momento, quem precisa mesmo desse olhar atento e determinado é o SNS”, frisou. “O ministro das Finanças tem de autorizar a despesa para servir da melhor maneira possível a população portuguesa”, acrescentou.

Catarina Martins fez questão de deixar a Mário Centeno um “apelo muito claro” para assinar “as autorizações de despesa que tem na secretária para o SNS”. “Está a ser necessário como nunca para o SNS. O SNS não pode continuar à espera”, alertou.

A coordenadora do BE destacou que “atrasar a despesa não poupa dinheiro ao país, pelo contrário”.

Para Catarina Martins, atrasar despesa “fica mais caro ao país”. “As pessoas não têm os cuidados na altura em que precisam e, quando o SNS não responde porque não tem os meios de que precisa, cria listas de espera e isso leva o Estado a fazer cheques cirurgia ou cheques consulta para o privado”, disse.

Ainda sobre o artigo do Financial Times, a coordenadora do BE considera que o país provou, com a maioria parlamentar saída das eleições de 2015, “que recuperar rendimentos faz bem à economia”.

“O que Portugal fez de diferente na Europa nos últimos anos foi ter uma maioria parlamentar que recuperou salários e pensões”, destacou.

“Talvez não [tenha recuperado] tanto como país precisa, mas há uma diferença entre corte e reposição, e estes quatro anos foram de reposição. Isso faz diferença. Isso está a ser reconhecido e é importante”, observou.

Observando que, “durante muito tempo, se criou a ideia de que os países perderiam se protegessem quem trabalha”, Catarina Martins afirmou que em Portugal se provou que “um país é tão mais forte quanto melhor trata de quem nele trabalha”.

“Chamo a atenção para outro passo que é preciso dar e que noutros países se discute para prevenir futuras crises: investimento público que torne o nosso país mais forte”, disse. “Precisamos agora de cuidar dos serviços públicos essenciais”, vincou.