Comissão Europeia: Costa pediu a pasta da Economia e Finanças para Elisa Ferreira

Na segunda-feira, o processo conclui-se, ou seja, Ursula von der Leyen e os chefes de governo chegarão a acordo sobre qual a pessoa que representará cada país na futura Comissão.

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Pedro Marques deverá ser mesmo – tal como António Costa desejou desde o início – o futuro comissário europeu, com o pelouro dos fundos estruturais. O primeiro-ministro também apresentou à nova presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o nome de Elisa Ferreira, actual vice-governadora do Banco de Portugal, por exigência da sucessora de Juncker, que desafiou todos os Estados-membros a apresentar um nome de um homem e de uma mulher, de forma a conseguir fazer uma comissão paritária.

Mas as possibilidades de Elisa Ferreira estão diminuídas, porque a pasta que António Costa pediu para a candidatura da vice-governadora do Banco de Portugal a comissária é a toda-poderosa pasta da Economia e Finanças. Ora, com Mário Centeno a presidir ao Eurogrupo, fontes contactadas pelo PÚBLICO consideram esta uma “missão impossível”: a improbabilidade de a nova presidente da Comissão colocar dois portugueses como interlocutores directos em matérias estruturantes da União, como a economia e as finanças é grande. “Seria muito difícil que fosse uma comissária portuguesa a lidar com Mário Centeno”, resume uma fonte contactada pelo PÚBLICO.

Na realidade, ao pedir para Elisa Ferreira uma pasta praticamente incompatível com o facto de Mário Centeno ser presidente do Eurogrupo, Costa acabou por “esvaziar” a candidatura. Mas a verdade é que a opção do primeiro-ministro para comissário europeu sempre foi Pedro Marques – e o convite a Elisa Ferreira para entrar em campo deveu-se à exigência de Ursula von der Leyen de que cada país-membro apresentasse um nome de um homem e um nome de uma mulher.

A própria candidatura de Pedro Marques como cabeça de lista ao Parlamento Europeu foi concebida de modo a dar-lhe um peso político que não tinha, apesar de ser governante há muitos anos, de forma a permitir com mais força política a sua ascensão a comissário europeu. Elisa Ferreira, ex-ministra do Ambiente e do Planeamento, eurodeputada durante 12 anos, tem uma experiência das instituições europeias reconhecida, nomeadamente nas áreas da união bancária e da agenda climática – foi a negociadora portuguesa do protocolo de Quioto.

Na segunda-feira, o processo conclui-se, ou seja, Ursula von der Leyen e os chefes de governo chegarão a acordo sobre qual a pessoa que representará cada país na futura Comissão. A menos que exista uma reviravolta de última hora (se Ursula von der Leyen e António Costa porventura acordassem numa pasta que não fosse as Finanças, mas que encaixasse no perfil de Elisa Ferreira), o comissário será Pedro Marques. Pelo menos, a pasta que Costa indicou para Elisa é virtualmente impossível de atribuir.

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