O Mexe já tem data e cartaz, mas ainda falta garantir o orçamento total

Na última semana de Junho, o festival multidisciplinar lançou uma campanha de angariação de fundos para garantir o valor que falta para a organização da 5ª edição do evento que nasceu no Porto em 2011.

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PAULO PIMENTA

Faltam dois meses para arrancar a 5ª edição e o Mexe - Encontro Internacional de Arte e Comunidade ainda não garantiu a totalidade do orçamento para cobrir as despesas deste ano. Para 2019, o festival que inclui música, teatro, dança, cinema, performances, instalações artísticas e oficinas de formação precisa de 93 mil euros, mas só tem 90 mil. Mil euros estão em vias de ser angariados por via da disponibilidade de mais um parceiro. Para atingir o montante restante, a organização lançou uma campanha de crowdfunding para que este evento, que se realiza no Porto desde 2011, possa suportar todos os gastos de produção.

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Faltam dois meses para arrancar a 5ª edição e o Mexe - Encontro Internacional de Arte e Comunidade ainda não garantiu a totalidade do orçamento para cobrir as despesas deste ano. Para 2019, o festival que inclui música, teatro, dança, cinema, performances, instalações artísticas e oficinas de formação precisa de 93 mil euros, mas só tem 90 mil. Mil euros estão em vias de ser angariados por via da disponibilidade de mais um parceiro. Para atingir o montante restante, a organização lançou uma campanha de crowdfunding para que este evento, que se realiza no Porto desde 2011, possa suportar todos os gastos de produção.

A programação, já definida, foi apresentada nesta segunda-feira, e as datas do evento que se realiza de dois em dois anos já estão fechadas - 16 e 22 de Setembro. Diz o director artístico do Mexe, Hugo Cruz, que esta produção conta com uma estrutura composta por 412 pessoas, de 28 grupos, oriundas de 6 países (Portugal, Brasil, Uganda, Tanzânia, Espanha e Itália), para um total de 70 acções, em 22 espaços do Porto. Ao rol de artistas e técnicos, juntam-se mais 100 investigadores científicos para participarem num encontro académico sobre Práticas Artísticas Comunitárias, co-organizado com 9 universidades. Directamente a trabalhar com organização estão mais “uma centena de pessoas”, muitos “de forma voluntária”, sem os quais afirma “não ser possível” fazer o festival.

Para que fosse possível garantir que as despesas do evento fossem cobertas, ainda em 2018, os responsáveis pelo Mexe levaram a cabo uma série de contactos. “Fizemos mais de 400 abordagens junto de entidades públicas e privadas durante cerca de ano e meio”, adianta. Apesar de uma recepção “positiva” por parte dos contactados esse esforço, afirma, “não se concretizou num aumento do orçamento”.

O resultado das quatro centenas de abordagens foram “apenas 34 parceiros”. Porém, nem todas as parcerias se traduzem num apoio financeiro. Alguns contribuem com “géneros”, o que considera ser “igualmente fundamental” e, ao mesmo tempo, espelhar o “trabalho em rede que está enraizado no Mexe”.

Além da possível parceria que está em vias de ser concretizada, faltam 2 mil euros para fechar o orçamento. Servirá esse valor para pagar o alojamento e alimentação de um grupo de 7 pessoas, durante a estadia de uma semana no Porto - “só do Brasil temos 26 viagens”, refere. Para os garantir o Mexe lançou uma campanha de angariação de fundos colaborativa na plataforma PPL, na última semana de Junho, que ficará activa até 23 de Agosto. Nesta segunda-feira contava apenas com 130 euros.

Há oito anos que o Mexe faz um trabalho de inclusão, envolvendo na programação jovens, população mais desfavorecida, pessoas com deficiência, desempregados, jovens com medidas tutelares educativas e pessoas sem-abrigo.

No conjunto das quatro primeiras edições, entre 2011 e 2017, passaram pelo festival “mais de 20.000 espectadores e mais de 1200 participantes provenientes de 18 países”. Para que o futuro do evento não fique comprometido arriscam pela primeira vez numa campanha de crowdfunding, para angariarem os fundos que não conseguiram reunir junto das entidades parceiras como a DGArtes, que assegura mais de 35% do orçamento, com 33 mil euros. Parte da lista de parceiros fazem também as Associações de Moradores da Lomba ou da Pasteleira, mas muitas outras estruturas, às quais Hugo Cruz diz dar “a mesma importância”, motivo pelo qual prefere não evidenciar nenhum.

A câmara do Porto entra com 15 mil euros, montante canalizado para a co-produção de apenas um espectáculo – o Quando Quebra Queima, do Brasil, integrado no programa do Cultura em Expansão.

Avançar para esta campanha foi uma decisão pensada seguindo a lógica colaborativa que o festival leva a cabo, face a um orçamento “manifestamente baixo”, tendo em conta “a dimensão” do mesmo. “Perante estes números temos claro que o orçamento é curto para o que é proposto fazer”, sublinha.

Funcionará este campanha de angariação de fundos também como uma espécie de projecto-piloto para os próximos anos: “Não é muito comum acontecer no nosso país, mas é um mecanismo que gostaríamos de aprofundar para que o festival possa ter continuidade com o mínimo de condições”.