Nos bairros do Porto há cultura de portas abertas para todos os públicos

Até ao final do ano, a 6ª edição do Cultura em Expansão somará 64 espectáculos de 46 projectos diferentes. O evento por onde passarão nomes como Manel Cruz, Beatriz Batarda ou Ivo Canelas, arranca no fim-de-semana de 22 de Março com música dos Trabalhadores do Comércio e de Camané e poesia dita pelo actor/encenador António Capelo.

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Manel Cruz vai apresentar o seu álbum que sai em Abril Nelson Garrido

Fora dos grandes auditórios e do circuito habitual onde se move a arte e o entretenimento, o Cultura em Expansão volta este ano pela sexta vez para chegar aos bairros do Porto, “sem paternalismos e sem discriminação de públicos”, para oferecer música, teatro, poesia, cinema e dança ao público da cidade.

De 22 de Março a 15 de Dezembro, este ano apoiada numa matriz tridimensional, assente em três espaços nucleares, que dali se alastra para toda a cidade, estão programadas 64 sessões de entrada livre, de 46 projectos diferentes – a edição mais ambiciosa. Em 2017 o programa foi preenchido por 42 sessões, de 18 projectos, e no ano passado por 51 sessões, de 22 projectos.

Os auditórios da Junta de Freguesia de Campanhã, o do Grupo Musical de Miragaia e a Associação de Moradores do Bairro da Pasteleira são os três quartéis-generais do evento, para onde está agendada grande parte do cartaz, que se espalha para um bloco de programação itinerante/satélite até espaços como o Jardim Paulo Vallada, Auditório da Associação de Moradores do Bairro da Bouça, Quinta do Covelo, Museu da História da Cidade, Praça do Marquês de Pombal, Parque Oriental da Cidade ou o Mira Fórum.

É com sotaque da casa, com a música dos Trabalhadores do Comércio, que o evento arranca no dia 22 de Março, no Auditório da Junta de Freguesia de Campanhã. Das propostas musicais agendadas há outros nomes tripeiros na calha como os Sensible Soccers, com concerto marcado para 26 de Maio, no Museu da História da Cidade, ou Manel Cruz, em Dezembro, no auditório de Miragaia - as duas datas servirão de apresentação dos últimos álbuns destes artistas.

Na Associação de Moradores do Bairro da Bouça, em dia de celebração da Revolução, toca Manuel João Vieira com o seu power trio. Ainda na música, Norberto Lobo segue com a guitarra para a Pasteleira, a 4 de Outubro. No fim-de-semana de arranque, a 24 de Março, Camané canta Marceneiro em Miragaia.

Também para se servir da palavra, mas sem música, o actor/encenador, António Capelo, passa na noite anterior na Pasteleira para proporcionar a quem lá for Uma Noite com a Palavra dos Poetas, onde revisitará poesia portuguesa e brasileira.

Na manhã desta quinta-feira, na apresentação do programa, a co-programadora, Ana Rocha, destacou ainda os espectáculos de teatro Manda os Teus Pais Passear, do TEP; A Revolta dos Objectos, do Teatro de Ferro; Todos os Dias me Sujo de Coisas Eternas, interpretada pela actriz/encenadora Sara Ramos Leitão; ou Quando Quebra Queima, peça de teatro e dança protagonizada por mais de uma dezena de actores de São Paulo.

Em Dezembro, no fim-de-semana de encerramento, Beatriz Batarda sobe ao palco do auditório da Junta de Campanhã para apresentar A Humanidade é a Primeira Virtude, no dia 14, e, no dia seguinte, Ivo Canelas vai à Pasteleira com Todas as Coisas Maravilhosas.

Novas formas de fazer cultura

O coordenador da 6ª edição do Cultura em Expansão, Guilherme Blanc, presente na conferência de imprensa, afirmou que o objectivo desta nova versão do evento continua a ser cruzar “nomes canónicos da cultura portuguesa das últimas décadas” para dar a conhecer ao público “novas formas de fazer cultura".

O presidente da câmara e responsável pelo pelouro da Cultura, Rui Moreira, corrobora a ideia de que o evento, que “foi acompanhando o crescimento da cidade”, é uma via aberta para permitir o acesso dos cidadãos à cultura “em toda a sua variedade e extensão”.

O autarca considera que esta edição representa o início de um novo ciclo do Cultura em Expansão, baseado num modelo que se foi desenhando “nos últimos anos”. Este ano, passa de um formato de “apresentações pontuais com uma regularidade instável” para um estrutura assente na “regularidade de apresentação e coesão entre artistas e associações”.

Em 2018, a organização da iniciativa, que nesta edição conta com o apoio dos mecenas Mota-Engil e Fundação Manuel António da Mota, custou aproximadamente 280 mil euros. Este ano o orçamento subiu para os 300 mil euros. São mais 20 mil euros que Rui Moreira considera comportáveis: “Não nos podemos esquecer que, num fim-de-semana, organizavam-se corridas que custavam 3 milhões de euros”.

 

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