Fotografia

Caçar e vender carne de baleia volta a ser “livre” no Japão. Haverá procura?

Issei Kato/Reuters
Fotogaleria
Issei Kato/Reuters

“Uma baleia pode valer 250 mil dólares e um prato de baleia pode valer 400. E há gente que paga por isso.” Em Maio, a activista Bárbara Veiga indignava-se quando contava ao P3 sobre a sua jornada de sete anos no mar e a “matança” de baleias que testemunhou na Antárctida. Nesta altura, a caça de baleia levada a cabo no Japão ainda era feita ao abrigo de um “programa científico”.

Mas o cenário agora é diferente: as imagens da fotogaleria são alguns dos exemplos de pratos que o restaurante japonês P-man, em Tóquio, prepara à base de baleia. Em Dezembro de 2018, os nipónicos saíram da Comissão Baleeira Internacional — que desde 1986 proibia os seus membros de caçarem baleias para fins comerciais — e, a partir de 1 de Julho, deixam de caçar na zona da Antárctida. Por outro lado, voltam a caçar na zona costeira e na zona económica exclusiva do país, de uma forma mais ou menos livre, ainda que tenham de cumprir algumas leis internacionais, como a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.

A tradição de caçar e comer baleia é antiga no Japão: Yachiyo Ichihara, proprietária do restaurante P-man, relembra ao JapanToday os dias em que descia o porto com um balde vazio, e voltava a casa com ele cheio de carne fresca de baleia. “É delicioso, cresci a comer isso. A família junta-se para comer baleia”, conta a mulher que vive em Wada, uma das aldeias mais antigas com tradição baleeira. Vendia-se baleia porta a porta — até 1986, quando o acordo foi estabelecido e comer esta carne passou a ser “um luxo”.

Actualmente, de acordo com o jornal Asahi, o consumo deste animal representa apenas 0,1% do consumo de carne dos japoneses. Número que pode mudar, agora que o país fica livre para caçar estas espécies protegidas. Ou não: “Nos últimos 30 anos, todos os tipos de alimento entraram no Japão. Há tanto que comer. Não continua a ser uma situação em que se produzes muita carne de baleia, vais ganhar muito dinheiro”, afirmou Kazuo Yamamura, presidente da Associação Baleeira do Japão. E Yachiyo Ichihara também não festeja a decisão do Japão: “Estou muito ansiosa, não expectante.”

De acordo com Joji Morishita, antigo comissário da Comissão Baleeira, são cerca de quatro a cinco mil toneladas de carne de baleia que entram no Japão, anualmente. O que significa que cada japonês consome entre 40 e 50 gramas — o equivalente a meia maçã. "A questão é: há procura e viabilidade suficiente para comércio baleeiro no Japão?", disse, citado no mesmo texto. 

Um inquérito informal feito pela Yahoo no Japão a cerca de 20 mil pessoas demonstrou que 58,2% dos inquiridos afirmaram gostar de baleia, 28,3% responderam que não e 13,5% dizem nunca ter comido. Apesar de o porta-voz do Governo japonês ter afirmado que a caça vai acontecer “de acordo com a lei internacional e os limites de captura calculados de acordo com o método adoptado pela Comissão Baleeira Internacional”, activistas temem o que possa acontecer e condenam a decisão. 

Issei Kato/Reuters
Issei Kato/Reuters
Issei Kato/Reuters
Issei Kato/Reuters
Issei Kato/Reuters
Issei Kato/Reuters
Issei Kato/Reuters
Issei Kato/Reuters
Issei Kato/Reuters
Issei Kato/Reuters
Issei Kato/Reuters
Issei Kato/Reuters
Issei Kato/Reuters
Issei Kato/Reuters
Issei Kato/Reuters
Issei Kato/Reuters
Issei Kato/Reuters