Era uma antiga fábrica de cervejas, agora é uma farmacêutica — e já ganhou um prémio

Assinada pelo atelier ORANGEarquitectura, a renovação da Cooperativa Farmacêutica Plural, em Coimbra, recebeu o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana 2019, na categoria intervenção comercial e serviços.

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O desafio consistia em transformar um histórico complexo fabril conimbricense, construído na década de 30 e em avançado estado de degradação, numa moderna central logística, com toda a tecnologia de automação e distribuição que a actividade comporta. O edifício em questão era a antiga Fábrica de Cervejas de Coimbra; a nova proprietária, a Cooperativa Farmacêutica Plural. Alexandre Dias e Amália Freita, arquitectos do atelier ORANGEarquitectura, também de Coimbra, foram os responsáveis por projectar a mudança que acabou por lhes valer o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana 2019, na categoria intervenção comercial e serviços.

Ao P3, Alexandre destaca a importância da antiga fábrica para a cidade e os habitantes da mesma, devido à memória colectiva, que ainda perdura, dos anos dourados do tecido industrial da região — entretanto caído em decadência e que podia, muito bem, fazer-se representar por esta infra-estrutura. “Uma das principias dificuldades que enfrentámos foi o facto de se tratar de um edifício muito simbólico e com valor acrescido para as pessoas.” A actividade na Fábrica de Cervejas de Coimbra foi desactivada em 2002, quando a empresa declarou falência, e desde então tem sido alvo de inúmeros actos de vandalismo e, inclusive, um processo de demolição clandestino. 

A questão não passou, naturalmente, despercebida à dupla de arquitectos que, ao invés de a encarar como uma responsabilidade acrescida, preferiram transformá-la num legado que deveria ser recuperado e num exemplo a seguir para outras empresas. “A esperança é que esta nova vida que está a ser dada, ao alocar naquele espaço novamente uma grande empresa, sirva de inspiração para que novos investimentos possam reabilitar outros edifícios que merecem seguramente um trabalho cuidado, em vez de se estar a construir novo betão.”

No caso da fachada principal e da torre dos silos, a sua destruição nunca esteve em cima da mesa — a via da reabilitação foi a escolhida. Foi, aliás, a partir destes elementos que todo o projecto se desenvolveu, numa amarra perfeita “entre o antes e o agora”. “Fizemos um projecto com um estilo moderno”: foi esta a forma que encontraram de estabelecer um “contágio” entre as duas linguagens que Alexandre e Amália queriam trabalhar. “A nova, que marca esta reabilitação do século XXI, e a antiga, através da manutenção de peças de meados do século XX.”

Como reabilitação do século XXI que é, premissas como a sustentabilidade não poderiam ser naturalmente esquecidas durante o planeamento. O modo como o racionamento de água está a ser feito é um exemplo dessa preocupação. “Temos uma recolha de águas pluviais, encaminhadas na totalidade para uma bacia de retenção que faz toda a rega das zonas exteriores. Ou seja, as águas pluviais ficam alocadas num lago que depois permite que a rega seja feita com água da chuva e não com água da rede.” E, na mesma linha, “toda a cobertura do novo armazém é revestida com painéis fotovoltaicos”.

Este ano, o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana de 2019 distinguiu oito projectos em diferentes categorias. Um deles já esteve em destaque no P3: a Casa António Patrício, no Porto.

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