Gabriel e Tomás querem entregar roupa (e não só) a crianças de Marrocos — num Fiat de 91

A iniciativa integra-se no Uniraid, um projecto que promove viagens humanitárias para jovens entre os 18 e 28 anos com espírito empreendedor. A 9.ª edição, na Gabriel e Tomás Aires pretendem participar, realiza-se em Fevereiro de 2020 .

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Dois rapazes, um carro com 30 anos, 40 quilos de material solidário, nove dias e cinco mil quilómetros pela frente. Esta é a história ou pelo menos o início dela de Gabriel e Tomás Aires, dois estudantes de Engenharia Mecânica na Universidade de Aveiro. Os irmãos partilham o gosto pela mecânica automóvel e a vontade de participar em acções humanitárias, pelo que decidiram integrar a 9.ª edição do Uniraid, uma expedição humanitária destinada a estudantes com espírito empreendedor que pretende levar material solidário a crianças marroquinas. Para que este plano se concretize, os dois jovens criaram um crowdfunding, sem data de término, destinado à obtenção de apoios financeiros.

Gabriel e Tomás entendem que preenchem todos os requisitos: afinal de contas intitulam-se “aventureiros por natureza”. O nome da equipa que formaram e o contexto em que este surgiu parece ser a prova: no decurso de mais uma das suas aventuras, desta feita em Viena, na Áustria, um funcionário de um restaurante, ao vê-los, gritou: “Los mochileiros por el mundo!

Este e outros episódios estão relatados nas páginas de Facebook e Instagram da equipa, nas quais os dois jovens dão a conhecer a preparação para a “viagem-aventura”. Da lista de preparativos, Gabriel e Tomás já puderam riscar questões mais formais, como a formalização da constituição da equipa e o branding, mas também práticas como o carro que os vai transportar durante esta aventura: um Fiat Panda 750. A escolha não foi ao acaso, já que duas das exigências decretadas pela organização determinam o uso de viaturas com mais de 20 anos e uma cilindrada inferior a 1400 centímetros cúbicos.

Para Gabriel, estas questões são “condicionantes” acrescidas que “promovem a dificuldade do desafio” e acabam por ser uma forma de a organização controlar os custos das equipas e garantir a equidade entre todas. Mesmo assim, dificilmente serão estas imposições a travar a aventura dos irmãos Aires, ambos com formação em engenharia mecânica. Uma “paixão” que ultrapassa o âmbito académico para os tempos livres, períodos que dedica à criação e modificação de máquinas automóveis.

Transformar e preparar o Fiat Panda de que dispõem para as diversas contrariedades — meteorológicas e orológicas —, garantidas já à partida, parece ser uma aliciante extra e exequível para os dois irmãos. Contrariamente, a questão das ajudas monetárias parece ser uma dor de cabeça mais difícil de resolver e que pode, em última instância, comprometer a participação dos dois irmãos. “Temos um orçamento previsto de 5000 euros, 2500 por cabeça. Caso os apoios conseguidos fiquem muito aquém, a participação pode ficar em risco. No entanto, este é um investimento pessoal, quer a nível do tempo despendido, quer a nível monetário.”

Apesar das contrariedades, outro dos factores que motivou a adesão dos dois irmãos a este projecto foram os testemunhos que ouviram da parte de colegas que participaram em edições anteriores da iniciativa. “Todos falavam numa experiência incrível e num sentimento de gratidão enorme.” O envolvimento e participação de Gabriel nos preparativos das expedições dos colegas deixaram um bichinho que só agora conseguiu matar por questões de “disponibilidade”.

Os 40 quilos de roupa, brinquedos e material escolar impostos pela organização são uma meta que Gabriel e Tomás esperam conseguir atingir facilmente e até ultrapassar — afinal de contas é comum os participantes fazerem-no, acabando por transportar aquilo que a dimensão dos carros lhes permite.

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