Marisa Matias acusa União Europeia de destruir os melhores serviços nacionais de saúde

A bloquista considera que ainda há margem para um entendimento com o PS em matéria de lei de bases e que esse é o desejo de muitos socialistas.

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Marisa Matias esteve no centro onde foi utente, em Coimbra LUSA/PAULO NOVAIS

Não foi a primeira vez que o tema da saúde e, concretamente, da lei de bases entrou na campanha do Bloco de Esquerda para estas eleições europeias. Mas, nesta quinta-feira, foi diferente: a cabeça de lista Marisa Matias esteve em casa, em Coimbra, e visitou aquele que já foi, em tempos, o seu centro de saúde. Os médicos dizem à candidata que está “saudável”, mas a bloquista não esconde que tem uma dor, a de ver ao longo dos anos a destruição de alguns dos “melhores” serviços nacionais de saúde na União Europeia (UE), por culpa de constrangimentos orçamentais.

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Não foi a primeira vez que o tema da saúde e, concretamente, da lei de bases entrou na campanha do Bloco de Esquerda para estas eleições europeias. Mas, nesta quinta-feira, foi diferente: a cabeça de lista Marisa Matias esteve em casa, em Coimbra, e visitou aquele que já foi, em tempos, o seu centro de saúde. Os médicos dizem à candidata que está “saudável”, mas a bloquista não esconde que tem uma dor, a de ver ao longo dos anos a destruição de alguns dos “melhores” serviços nacionais de saúde na União Europeia (UE), por culpa de constrangimentos orçamentais.

“Assistimos, nas últimas décadas, nos últimos anos, por imposições da UE, àquilo que foi a destruição de alguns serviços nacionais de saúde que estavam mais bem classificados a nível mundial. Em Portugal, ainda estamos a tempo [que tal não aconteça]”, disse em declarações aos jornalistas, depois de ter visitado o centro que é, agora, uma unidade de saúde familiar.

O mote estava lançado e a comunicação social já não largaria a candidata para a ouvir sobre um tema nacional que já se esperava que entrasse pela campanha dentro: a Lei de Bases da Saúde. A bloquista insistiu que ainda é possível haver um entendimento com o PS, desde que, nas negociações que garantiu ainda decorrerem, este recue em questões polémicas como a manutenção ou fim das Parcerias Público-Privadas na saúde. “Estamos a tempo de o PS deixar o recuo e voltar-se para aquilo que têm sido as reivindicações de muitos militantes socialistas”, insistiu Marisa Matias, confiante de que há “muita gente dentro do PS”, uma “grande parte de militantes e apoiantes”, que se revê no legado de António Arnaut. A bloquista recusa, para já, falar em derrota neste processo: “Não perdemos. Queremos obviamente perceber qual será o posicionamento do PS”, acrescentou.

A Unidade de Saúde Familiar de Celas foi a metáfora perfeita para a candidata falar de um dos temas mais caros aos bloquistas: o SNS. Ali, contaram-lhe sobre o empenho das equipas, sobre os resultados alcançados, sobre os cuidados que prestam aos cerca de 15 mil utentes. Faltam, no entanto, entre outros problemas enumerados, instalações adequadas. Constrangimentos que a coordenadora daquela unidade, Fátima Branco, espera “que acabem com a força” não sabe “de quem”. Marisa Matias responde: “Sabe que defendemos de alma e coração o SNS.” O que a candidata quer é mais investimento num sector que considera ter vindo a ser “atacado a nível nacional e pelas imposições de Bruxelas”.

A eurodeputada lembrou que, “todos os anos, a cada dois meses” há, “nas recomendações aos orçamentos do Estado, uma redução da despesa pública” nos serviços públicos: “Por exemplo, o serviço nacional de saúde britânico que era reconhecido como sendo um dos melhores do mundo está completamente destruído, pese embora a vontade e o esforço dos seus profissionais. Foi entregue a privados. Em Portugal, ainda estamos a tempo de não entregar o nosso a privados”, insistiu.