A vergonha da Europa

Margarida Gil quer falar da encruzilhada da Europa hoje, mas de boas intenções está o oceano cheio e Mar é um naufrágio sem salvação.

Fotogaleria

Desde Relação Fiel e Verdadeira, em 1987, Margarida Gil tem vindo a construir uma carreira irregular e multifacetada que atinge com Mar o seu ponto mais baixo de sempre. É que nada neste filme que pretende ser uma meditação sobre uma Europa à beira do naufrágio resulta como pretendido. As suas personagens são meros esboços sem rei nem roque, marionetas metafóricas que o mar arrasta sem destino, com os quais mesmo actores como Maria de Medeiros, Nuno Lopes e Catarina Wallenstein pouco ou nada conseguem criar. A “comissária europeia” de Medeiros é de uma ingenuidade inacreditável, uma mulher à toa cujo acolhimento de um refugiado à deriva tem qualquer coisa de mea culpa para aliviar consciências; a mulher fatal de Wallenstein passa de determinada e voluntariosa de um momento para o outro para supersticiosa e ciumenta sem que o filme justifique (ou sequer explique) essa transformação. E tudo se passa a bordo de um iate de prazer com o qual um Wellesiano Pedro Cabrita Reis faz contrabando de obras de arte pelas costas de uma Europa envergonhada.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Desde Relação Fiel e Verdadeira, em 1987, Margarida Gil tem vindo a construir uma carreira irregular e multifacetada que atinge com Mar o seu ponto mais baixo de sempre. É que nada neste filme que pretende ser uma meditação sobre uma Europa à beira do naufrágio resulta como pretendido. As suas personagens são meros esboços sem rei nem roque, marionetas metafóricas que o mar arrasta sem destino, com os quais mesmo actores como Maria de Medeiros, Nuno Lopes e Catarina Wallenstein pouco ou nada conseguem criar. A “comissária europeia” de Medeiros é de uma ingenuidade inacreditável, uma mulher à toa cujo acolhimento de um refugiado à deriva tem qualquer coisa de mea culpa para aliviar consciências; a mulher fatal de Wallenstein passa de determinada e voluntariosa de um momento para o outro para supersticiosa e ciumenta sem que o filme justifique (ou sequer explique) essa transformação. E tudo se passa a bordo de um iate de prazer com o qual um Wellesiano Pedro Cabrita Reis faz contrabando de obras de arte pelas costas de uma Europa envergonhada.