Movimento quer inverter aumento de produção de resíduos na Queima de Coimbra

Cortejo da festa estudantil produziu 30 toneladas de resíduos numa tarde, atingindo um dos maiores valores dos últimos anos

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O volume de resíduos recolhidos no último cortejo da Queima das Fitas de Coimbra deixaram Fernando Paiva abismado. O activista do Movimento Não Lixes, que há anos luta para diminuir o impacto ambiental da festa académica dos estudantes, entende que tem de haver uma maior consciência dos estudantes e um maior esforço da organização para reduzir a produção de lixo.

No final do cortejo da Queima das Fitas, que decorreu no último domingo, foram recolhidas 30 toneladas de resíduos pelas equipas da Câmara Municipal de Coimbra (CMC) e das empresas contratadas para o efeito. Este valor diz respeito ao lixo recolhido no final do cortejo. De fora fica o que resta dos carros alegóricos, entre a esferovite, a madeira e os elementos metálicos, que o município estima que ascenda a 100 toneladas.

Embora seja possível reciclar 23 das 30 toneladas de resíduos, refere a autarquia numa nota enviada às redacções, a proporção não deixa Fernando Jorge Paiva satisfeito. “As pessoas esquecem-se que a própria reciclagem é um mal menor, não é o caminho. O caminho é reduzir drasticamente”, aponta.

Mas o caminho não tem sido o da redução. O volume de resíduos tem vindo a aumentar nas últimas três edições, mostram dados fornecidos pela CMC ao Não Lixes. Foram 25 toneladas em 2017 e 27 toneladas em 2018. Em 2016, foram recolhidas igualmente 30 toneladas de resíduos, mas a chuva que caiu durante o cortejo agravou o peso, ressalva Fernando Paiva.

Através das redes sociais, no início de Maio, a organização da festa dos estudantes tinha anunciado que a edição deste ano contava como o selo “ecoevento”, uma iniciativa de uma empresa de gestão de resíduos que “desafia a promover a sustentabilidade”. Era anunciado também que estava a trabalhar com os responsáveis dos carros alegóricos para reduzir os resíduos no Parque da Canção (onde decorrem os concertos) e no cortejo.

Já na edição de 2018 tinham sido introduzidos copos reutilizáveis no recinto da festa, uma medida que se repetiu este ano. No entanto, cada carro alegórico que percorre as ruas da cidade no cortejo transporta em média quatro mil latas de cerveja, estima o ambientalista.

Antes de começar a edição de 2019 da Queima das Fitas, que teve o primeiro dia a 2 de Maio e terminou nesta sexta-feira, Fernando Paiva diz ter reunido com a Comissão Organizadora da Queima das Fitas (COQF). “O filme é sempre o mesmo: recebem-nos cheios de vontade de mudar. Depois as ideias não são executadas”, lamenta.

À semelhança do que já se faz no parque, o activista sugere que poderiam ser utilizados recipientes reutilizáveis no cortejo, abastecidos a partir de barris instalados nos carros. Mas isso, refere, necessitaria da colaboração da organização da festa e das empresas que constroem os carros. Daí que, refere Fernando Paiva, o movimento vá propor em breve uma reunião com a CMC, a COQF e com as construtoras de carros para tentar implementar medidas efectivas. O PÚBLICO questionou a COQF, que não se mostrou disponível para responder.

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