Dois inquéritos, muito barulho e poucos resultados

Em 2016 e 2017 a oposição impôs duas comissões de inquérito que visavam a Caixa Geral de Depósito. A esquerda acusou PSD e CDS de instrumentalização do banco público e nunca chegaram a consenso.

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CGD esteve largos meses debaixo da atenção mediática Margarida Basto

A imagem saída da comissão de inquérito ao Banco Espírito Santo (BES), em que os vários partidos chegaram a consenso para um relatório final, não aconteceu nos dois inquéritos de que a Caixa Geral de Depósitos foi alvo entre 2016 e 2017. Ambas as comissões de inquérito foram impostas pela oposição, com os entraves da esquerda, que acusava PSD e CDS de quererem manter o banco público sob pressão mediática para o fragilizarem. 

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A imagem saída da comissão de inquérito ao Banco Espírito Santo (BES), em que os vários partidos chegaram a consenso para um relatório final, não aconteceu nos dois inquéritos de que a Caixa Geral de Depósitos foi alvo entre 2016 e 2017. Ambas as comissões de inquérito foram impostas pela oposição, com os entraves da esquerda, que acusava PSD e CDS de quererem manter o banco público sob pressão mediática para o fragilizarem. 

A primeira das comissões de inquérito nasceu na sequência do anúncio de António Costa da recapitalização do banco público em mais de cinco mil milhões de euros. Foram ouvidos ministros e ex-ministros, administradores do banco e ex-administradores e presidentes da Caixa e ex-presidentes. Apesar das várias audições, estas aconteceram sem que aos deputados tivessem chegado documentos importantes para o seu funcionamento. 

Foi uma comissão muito politizada, com uma divisão clara entre esquerda e direita. De um lado, PSD e CDS acusavam a esquerda de bloquear os trabalhos e de querer ocultar os problemas do banco público que tinham exigido uma recapitalização tão elevada, do outro, PS, BE e PCP acusavam os dois promotores de quererem fragilizar a Caixa.

O inquérito acabaria por fechar sem que os deputados tivessem recebido os documentos necessários. O relatório final, feito pelo socialista Carlos Pereira, que dizia que não havia provas de "pressões políticas" na CGD, baseando-se apenas nas audições, acabaria chumbado.

A segunda comissão foi de curta duração. Ficou conhecida como a "comissão dos SMS" e pretendia averiguar as circunstâncias da nomeação e da demissão de António Domingues, então presidente da CGD. A intenção era perceber se este tinha sido contratado com a promessa que estaria isento das obrigações de transparência. Fechou debaixo de fogo, com a esquerda a aprovar um relatório contestado pelo PSD e CDS.