Montenegro exige a Rio vitória do PSD nas legislativas

"Acordei o gigante adormecido", diz o ex-líder parlamentar, que se assume de "consciência tranquila" e disponível para o PSD.

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Luís Montenegro em foto de arquivo Daniel Rocha

O ex-deputado Luís Montenegro, que liderou a bancada social-democrata, baixou o machado de guerra e prometeu deixar “todo o espaço de intervenção política à direcção do partido", ajudando-a no combate ao Governo, ao primeiro-ministro, António Costa, e ao PS “por tudo aquilo que tem feito ou não tem feito no país”.

Horas depois de Rui Rio ter visto a sua moção de confiança aprovada de uma forma folgada pelo conselho nacional extraordinário do PSD, Luís Montenegro disse estar de “consciência tranquila” e passou essa ideia várias vezes. “Disponibilizei-me para o meu país e para o meu partido numa hora difícil. A minha iniciativa teve um efeito inegável: acordou um gigante adormecido", declarou o antigo líder do grupo parlamentar que, precisamente há uma semana desafiou o ex-presidente da Câmara do Porto a convocar eleições directas, assumindo-se como candidato à liderança social-democrata.

Numa conferência de imprensa, em Espinho, a cuja câmara foi candidato, em 2005, tendo perdido as eleições para o socialista José Mota, o ex-deputado afirmou, "sem hipocrisias", que as divergências para com o presidente do partido não desapareceram, mas prometeu reserva nas intervenções públicas quanto às divergências que mantém com Rui Rio.

"Deixarei todo o espaço de intervenção política à direcção do PSD, aproveitarei a minha intervenção pública para fazer um combate cerrado ao Governo, ao primeiro-ministro António Costa e ao PS por tudo aquilo que tem feito ou não tem feito no país", assegurou o ex-deputado.

Montenegro, ao declarar que o partido terá, a partir de agora, melhores condições para garantir "unidade interna" conquistar "uma terceira vitória nas legislativas de forma consecutiva", colocou a fasquia num patamar diferente daquele que o próprio Rui Rio fixou no conselho nacional extraordinário do Porto, onde disse que o ponto de partida do PSD era o resultado das últimas autárquicas e o resultado das últimas eleições legislativas, mas descontando o CDS.

Afirmando que a partir de agora nada será como dantes no PSD, o ex-deputado insistiu na ideia de que a realização de eleições directas antecipadas “seria a verdadeira clarificação". E acrescentou: "Não menosprezo nem ignoro o debate e deliberação do conselho nacional do PSD. Apesar das vicissitudes administrativas e apesar de não ter sido convidado para participar nessa reunião, segui de perto o que lá se passou. Sei que foi uma reunião muito viva, uma reunião à PSD", congratulou-se, recusando-se a falar dos "ataques pessoais" que lhe foram feitos, considerando-os "injustos, desadequados ou falsos".

Montenegro recusou-se a apontar vencedores e vencidos e disse que continuará, como sempre, ao lado do PSD. "Nunca na minha vida votei noutro partido", frisou, reconhecendo que "nada vai ficar como antes" e que "o PSD vai concentrar-se em garantir a sua unidade interna e garantir ao país uma oposição firme, efectiva que possa dar corpo a muito descontentamento que se sente na sociedade portuguesa".

Sublinhando que o partido está agora “mais forte e mais apto a poder disputar os confrontos eleitorais que tem pela frente”, Luís Montenegro declarou: "Vou estar onde sempre estive, no meu partido, a aprofundar e dissecar os resultados, espero que de bandeira na mão a festejar uma vitória".

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