Lançada campanha que alerta para sintomas de cancro do pâncreas, um dos mais letais

Perda de peso inexplicável, dor abdominal e na zona dorsal, pele ou olhos amarelos e diagnóstico recente de diabetes são alguns dos sinais que as pessoas não devem ignorar, recomenda associação de doentes que lançou campanha de sensibilização nas redes sociais para os sintomas de cancro de pâncreas, um dos mais letais.

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Paulo Pimenta

Para tentar mudar o prognóstico do cancro do pâncreas, "o único cancro grave com uma taxa de sobrevivência inferior a 10%", a Europacolon Portugal, associação de apoio aos doentes com cancro digestivo, lançou esta quinta-feira uma campanha de sensibilização para os sintomas desta patologia “silenciosa” e organizou um debate com especialistas e doentes no Ipatimup, no Porto.

Escutem os sinais do corpo”, recomendou o presidente da Europacolon, Vítor Neves, no dia mundial do cancro do pâncreas. Foi justamente para alertar para os principais sintomas difusos desta doença — como a perda de peso inexplicável, dor abdominal e na zona dorsal, pele ou olhos amarelos e diagnóstico recente de diabetes mellitus – que a associação divulgou um vídeo nas redes sociais em que incentiva as pessoas a não ignorarem estes sinais, porque isso pode permitir um diagnóstico precoce. Um diagnóstico atempado que será determinante no prognóstico neste tipo de cancro que continua a ter taxas de sobrevivência muito baixas, e que em Portugal afecta em cada ano cerca de 1300 novos doentes.

O papel dos médicos de família, os primeiros a contactarem com os doentes, é importante e, por isso, a associação vai avançar em Janeiro próximo com um inquérito a 750 profissionais desta especialidade, anunciou Vítor Neves. O papel dos médicos de família pode ser fulcral para um diagnóstico precoce e por isso a associação lançou este projecto que visa uma sensibilização e encaminhamento mais eficaz dos doentes com possíveis sintomas de cancro do pâncreas.

"Está cientificamente comprovado que os doentes diagnosticados a tempo de uma intervenção cirúrgica têm muito mais hipóteses de sobrevivência a cinco ou mais anos, o que contrasta com a média de sobrevida de cerca de quatro meses nos doentes que têm um diagnóstico tardio, sem hipótese cirúrgica”, tinha já explicado a Europacolon em comunicado.

O que é, afinal, necessário fazer para que o cancro do pâncreas passe a ter um prognóstico diferente? José Carlos Machado, investigador do Ipatimup, explicou por que razão é que a quimioterapia funciona mal neste tipo de cancro e deu conta de uma linha de investigação que pode resultar em terapêuticas mais promissoras no futuro, enquanto a oncologista Sónia Rego lamentou que o cancro de pâncreas continue a ser "o parente pobre da oncologia" e o facto de muitos doentes lhe chegarem com a doença metastizada, depois de terem ido várias vezes ao médico e até a serviços de urgência.

Falta uma sensibilização maior da comunidade médica” e os profissionais também estão condicionados pelos limites orçamentais e o elevado número de pacientes que têm que ver em pouco tempo, justificou. Sem método de rastreio possível, por enquanto, os doentes chegam aos especialistas muitas vezes numa fase tardia, explicou igualmente o oncologista Carlos Sottomayor. 

O cancro do pâncreas é um dos mais letais. Num retrato da taxa de sobrevivência ao cancro a nível mundial, publicado na revista Lancet no início deste ano, era dos que tinha piores resultados. Entre 2010 e 2014 apresentou uma taxa de sobrevivência global entre os 5% e os 15% a nível mundial.

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