Marcelo diz que Portugal e Brasil “têm de se dar bem”

Reacções à eleição de Jair Bolsonaro no Brasil.

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LUSA/PAULO NOVAIS

Depois de, logo na noite de domingo, ter enviado uma nota de felicitações ao presidente eleito do Brasil, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu nesta segunda-feira que Portugal e Brasil "têm de se dar bem" e disse esperar "um trabalho em conjunto a nível de chefes de Estado" durante a presidência de Jair Bolsonaro.

À saída de uma iniciativa na Reitoria da Universidade de Lisboa, o chefe de Estado português considerou também "fundamental que o Brasil esteja empenhado" no "novo ciclo" que está em preparação na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). "Espero bem que aconteça", observou.

Quanto às relações bilaterais, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que "há uma comunidade portuguesa e lusodescendente fortíssima no Brasil, de várias gerações, e agora há uma comunidade brasileira fortíssima em Portugal".

"Portanto, os países têm de se dar bem, e eu espero que seja isso que aconteça no mandato de quatro anos do Presidente que acaba de ser eleito", afirmou.

Interrogado se Portugal vai relacionar-se com o Brasil com o mesmo entusiasmo que tinha até aqui, o Presidente da República respondeu que "os chefes de Estado não têm de ter entusiasmo ou não ter entusiasmo, esse é um problema dos cidadãos", e que a sua função é "defender, naturalmente, os respectivos povos".

"Fiz questão de enviar a mensagem ao Presidente Jair Bolsonaro e de lembrar a nossa fraternidade, que é histórica e actual, a comunidade portuguesa fortíssima no Brasil e a comunidade brasileira fortíssima em Portugal. Que o mesmo é dizer: esperar que nestes quatro anos haja um trabalho em conjunto a nível de chefes de Estado, mas também de chefe de Estado brasileiro com o Governo português, uma vez que o sistema brasileiro é presidencialista", acrescentou.

Costa cumprimenta Bolsonaro em nome do Governo português

O primeiro-ministro cumprimentou, em nome do Governo português, o Presidente eleito do Brasil, salientando a relação bilateral "intemporal" entre os dois países, assente numa língua comum" e "fortes laços históricos".

"O Governo português cumprimenta o Presidente eleito do Brasil, país com o qual mantemos uma relação bilateral intemporal, assente numa língua comum, em fortes laços históricos, económicos e culturais, e na presença, em ambas as sociedades, de comunidades dinâmicas e plenamente integradas", refere o primeiro-ministro, depois de questionado pela agência Lusa sobre os resultados na segunda volta das eleições presidenciais brasileiras.

CDS deseja continuidade de ralações

O CDS emitiu nesta segunda-feira uma nota da direcção do partido em “cumprimenta o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro”. Faz votos para que as relações entre os dois países mantenham “as relações económicas e culturais muito profundas”.

“Portugal mantém uma relação bilateral muito importante com o Brasil assente na língua comum, em fortes laços históricos, culturais e económicos. (…) Fazemos votos para que essas relações continuem no quaro do relacionamento entre dois estados de direito”, diz a nota do CDS.

PNR envia "parabéns" a Bolsonaro e ao país pela escolha

O líder do Partido Nacional Renovador (PNR) enviou, através da rede Twitter, "parabéns" a Jair Bolsonaro, e ao Brasil, pela escolha eleitoral.

"O país foi resgatado das garras esquerdistas e vai conhecer nova época de apogeu", escreveu o líder do partido de extrema-direita, José Pinto Coelho.

PSD: "As relações entre os países são relações Estado a Estado"

O dirigente do PSD Tiago Moreira de Sá defendeu que a eleição de Jair Bolsonaro como Presidente do Brasil em nada altera o relacionamento bilateral e que Portugal deve manter "óptimas relações" com o Estado brasileiro, "independentemente de quem é o seu Presidente".

Tiago Moreira de Sá argumentou que "as relações entre os países são relações Estado a Estado, não são relações entre a pessoa A e a pessoa B e essas relações permanecem, com base nos interesses e nos valores comuns, mas sobretudo nos interesses comuns, independentemente dos candidatos que ganham eleições".

"Em relação à vida política interna dos outros Estados, nunca nos pronunciámos e não faz sentido os países estarem a pronunciar-se sobre a política interna dos outros países. É um princípio de respeito pela soberania dos Estados, que se traduz na não intromissão na vida política de outros Estados", sustentou, acrescentando que "isto é válido para o Brasil, como é válido para qualquer outro país". 

BE pede vigilância da comunidade internacional

A deputada do Bloco de Esquerda Joana Mortágua apelou à "vigilância total" da comunidade internacional perante uma possível "degradação democrática" no Brasil após as eleições deste domingo. 

"É uma vitoria que tem que ser respeitada, mas que nos deixa, enquanto democratas, muito tristes porque diz muita coisa sobre a fragilidade das democracias, que julgávamos estarem sólidas e conquistadas", disse Joana Mortágua, em declarações à agência Lusa.

"As forças democráticas do Brasil têm de participar, não abdicar de participar de um regime que ainda é democrático. Não atirar a toalha ao chão, continuar a construir um futuro governo do campo democrático e continuar todos os dias a lutar contra as ideias" de Jair Bolsonaro, sustentou.

PCP sublinha "condições extraordinariamente difíceis" da campanha de Haddad

Numa nota enviada às redacções, o PCP saúda “os comunistas e as demais forças democráticas e progressistas brasileiras que convergiram na candidatura de Fernando Haddad e Manuela D’Ávila”, sublinhando as “condições extraordinariamente difíceis” da candidatura. “Um resultado que é, em si mesmo, um valor para continuar a enfrentar com determinação a ameaça fascista e defender a democracia”, descreve a nota.

Para o PCP, a vitória de Bolsonaro é "um gravíssimo desenvolvimento da ofensiva contra os direitos dos trabalhadores e do povo brasileiro", fruto de uma "sistemática acção" de apoio ao candidato de extrema-direita promovida pelos "grandes meios de comunicação social" e pelas "redes sociais".

Livre pede a Portugal que abra portas a brasileiros que peçam "asilo político"

Face ao discurso “profundamente autoritário, racista, homofóbico, misógino e averso à sustentabilidade do planeta” de Bolsonaro, o partido Livre pede que, se forem postas em prática políticas “discriminatórias e atentatórias dos direitos humanos das mulheres, da comunidade LGBT, dos negros ou índios brasileiros, ou quaisquer outras minorias”, Portugal e a União Europeia abram as portas a todos os brasileiros que “pedirem asilo político”.

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