Irão lança mísseis contra o Daesh em resposta a atentado em desfile militar

O ataque surge em retaliação ao atentado de 22 de Setembro, na parada da Semana da Sagrada Defesa, em Ahvaz. “Os terroristas usaram balas em Ahvaz, nós respondemos-lhes com mísseis”, disseram as autoridades iranianas.

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Nos mísseis podia ler-se “morte à América”, “morte a Israel” e “morte à família real da Arábia Saudita”. LUSA/SEPAHNEWS

A Guarda Revolucionária Iraniana afirmou em comunicado ter lançado seis mísseis e sete bombas contra militantes do Daesh na Síria, em resposta ao atentado na parada da Semana da Sagrada Defesa, em Ahvaz, que matou 25 pessoas feriu 69, na semana passada. Tratou-se, explicou, de um sinal da sua determinação em “castigar a maldade dos seus inimigos”.

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A Guarda Revolucionária Iraniana afirmou em comunicado ter lançado seis mísseis e sete bombas contra militantes do Daesh na Síria, em resposta ao atentado na parada da Semana da Sagrada Defesa, em Ahvaz, que matou 25 pessoas feriu 69, na semana passada. Tratou-se, explicou, de um sinal da sua determinação em “castigar a maldade dos seus inimigos”.

Segundo o comunicado da Guarda, divulgada pela agência de notícias estatal IRNA, o ataque aéreo atingiu zonas em Al Bukamal, em  Deir Ezzor, no leste da Síria, provocando “vários mortos e feridos”, nos quais se incluem líderes de milícias associadas ao grupo jihadista Daesh e elementos que participaram no ataque terrorista em Ahvaz, na parada da Semana da Sagrada Defesa. Foram também destruídos arsenais de munição e infra-estruturas.

“O nosso punho de ferro está preparado para responder de forma decisiva e esmagadora à maldade e mau comportamento dos nossos inimigos”, diz o comunicado.

De acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos, “violentas explosões abanaram a região na madrugada de segunda-feira”, não havendo ainda qualquer informação quanto ao número de “vítimas”.

“Os terroristas usaram balas em Ahvaz”, disse o general Amir Ali Hajizadeh, chefe da divisão aeroespacial da influente Guarda Revolucionária, à agência de notícias Tasnim News Agency. “Nós respondemos-lhes com mísseis”.

Um jornalista da televisão estatal iraniana reportou o acontecimento em directo: “Este é o estrondo dos mísseis que pertencem à Guarda Revolucionária. Dentro de minutos, o mundo de arrogância, – especialmente a América, o regime israelita do sionismo e a família real da Arábia Saudita  –?, ouvirá o som dos ataques repetidos do Irão”, declarou.

Nos mísseis era possível ler “morte à América”, “morte a Israel” e “morte à casa de Saud [família real da Arábia Saudita]”, bem como um verso do Corão que significa “luta contra os amigos do Diabo”, segundo a agência de notícias Fars News.

O antigo comandante da Guarda, Mohsen Rezaie, reagiu ao ataque desta segunda-feira ao publicar na sua conta do Twitter que “o ataque aéreo do #Presidente na sede dos terroristas responsáveis pelo ataque em #Ahwaz foi um trovão para esses criminosos. A principal punição está a chegar”, garantiu.

Al Bukamal é uma das últimas zonas sob controlo do Daesh no território, sendo que tropas americanas e curdas têm combatido os jihadistas na região. O porta-voz da coligação, Coronel Sean Ryan, confirmou à CNN o ataque, mas disse “não haver perigo para o grupo”.

O ataque desta segunda-feira foi impulsionado pelo atentado em Ahvaz, que feriu 69 pessoas e matou 25 (muitas Guardas Revolucionários), incluindo uma criança de quatro anos. O Irão acusou a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos de terem pagado aos responsáveis pelo ataque de 22 de Setembro, e que iria “punir severamente” os autores. Ambos os países negaram qualquer envolvimento.

O atentado foi depois reivindicado pelo Resistência Nacional Ahvaz, movimento árabe de oposição ao regime iraniano, e pelo Daesh.

Contudo, segundo o Ayatollah Ali Khamenei, o Líder Supremo e a maior autoridade no Irão, o ataque foi “a continuação das conspirações dos estados regionais que são fantoches dos EUA, sendo o seu objectivo criar insegurança”, disse, citado pela Reuters.

O Presidente Hassan Rouhani, por sua vez, disse em comunicado que o governo estava pronto para “combater qualquer acto dos Estados Unidos da América”, e que “os americanos se iam arrepender”.

Esta é a terceira vez num ano que o Irão lança mísseis para lá da sua fronteira. O ano passado, o país respondeu da mesma forma perante um atentado do Daesh no Parlamento iraniano e no mausoléu do Ayatollah Khomeini em Teerão, que provocou 12 mortos e 42 feridos. E em Setembro, lançou mísseis que tinham como alvo um grupo separatista iraniano e curdo, no Iraque, que, segundo este, mataram pelo menos 15 pessoas e feriram mais de 50.

Texto editado por Ana Gomes Ferreira