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Do Congo à Grécia, com o basquetebol como sonho

Aos 17 anos, Christ Wamba fugiu da República do Congo com apenas uma bola de basquetebol e uma muda de roupa. Dois anos depois de ter chegado à Grécia, está agora a treinar com uma das maiores equipas de basquetebol profissional do país.

O refugiado congolês Christ Wamba está desde Junho a treinar com uma das maiores equipas profissionais gregas de basquetebol. Alkis Konstantinidis/REUTERS
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O refugiado congolês Christ Wamba está desde Junho a treinar com uma das maiores equipas profissionais gregas de basquetebol. Alkis Konstantinidis/REUTERS

Christ Wamba abandonou o Congo em 2015, quando começaram os protestos e a violência em Brazzaville, depois de um contestado referendo do presidente de longa duração Denis Sassou Nguesso para poder prolongar o seu mandato. Esteve durante meses na Turquia a tentar reunir dinheiro para pagar a um contrabandista por uma viagem num pequeno barco para a Grécia. “Era de noite. Não sabíamos o caminho. Estivemos no mar durante quatro horas. A água estava muito fria em Março. Não te podias mexer. Se te mexias, as pessoas diziam logo “queres que as pessoas morram?”, recorda. Christ Wamba e os restantes tripulantes foram encontrados pela Guarda Costeira grega que os levou para Moria, o maior campo de refugiados da Grécia, em Lesbos.

Lá, chegava a andar vinte quilómetros para encontrar um campo de basquetebol onde pudesse treinar. Praticava sete horas por dia, muitas vezes abdicando das refeições. Já estava habituado: no Congo, quando não tinham comida, passava dias inteiros no campo a treinar. “Jogava de chinelos. Às vezes sem nada. Sem sapatos, só com as minhas pernas, com sangue, às vezes”. Com dois metros de altura, Christ era demasiado alto para jogar futebol, o desporto rei em África. Comprou a primeira bola de basquetebol com dinheiro que poderia ter gasto em comida e treinou-se a si mesmo, ao ver vídeos da NBA e a tentar imitar os seus ídolos, Kevin Durant e Kobe Bryant.

Não tinha muitas expectativas. Tudo mudou quando criou um perfil na aplicação Athlenda, uma espécie de “LinkedIn para atletas”, como descreve o fundador Lazaros Papadopoulos, antigo jogador da selecção nacional grega. A aplicação põe em contacto jogadores, treinadores, clubes e olheiros. Rapidamente foi descoberto por uma das maiores equipas profissionais da Grécia, Aris, onde está a treinar desde Junho. “Gostei logo dele, porque vi a paixão que tinha. E quando vejo um miúdo talentoso disposto a fazer o que tiver de ser para jogar, não consigo ignorar. Ele tem tudo para ter sucesso”, contou Papadopoulos à Reuters.

No entanto, sem que a sua situação na Grécia esteja legalizada, Wamba não pode jogar. “Ele é um óptimo miúdo e merece esta oportunidade. Estamos muito felizes de o termos connosco”, disse Vangelis Angelou, treinador da equipa, acrescentando que estão a considerar contratá-lo enquanto jogador estrangeiro. Até lá, continua a treinar para ser o melhor. Na sua página de Facebook, o jogador vai partilhando fotografias da sua nova vida. Na descrição de uma foto de perfil, diz-se feliz: "eu não era nada e agora sou alguma coisa". “Talvez um dia as pessoas falem de mim”, diz à Reuters. O sonho agora é a NBA.

Christ Wamba a bordo de uma embarcação da Guarda Costeira grega depois de uma operação de resgate. O basquetebolista congolês e outros migrantes tentaram atravessar parte do Mar Egeu da Turquia para Lesbos.
Christ Wamba a bordo de uma embarcação da Guarda Costeira grega depois de uma operação de resgate. O basquetebolista congolês e outros migrantes tentaram atravessar parte do Mar Egeu da Turquia para Lesbos. Alkis Konstantinidis/REUTERS
Christ Wamba dentro de uma tenda, no campo de refugiados e migrantes Moria, na ilha grega de Lesbos.
Christ Wamba dentro de uma tenda, no campo de refugiados e migrantes Moria, na ilha grega de Lesbos. Christ Wamba/via REUTERS
Na Grécia, Wamba vive num quarto cedido pela Agência de Refugiados das Nações Unidas.
Na Grécia, Wamba vive num quarto cedido pela Agência de Refugiados das Nações Unidas. Alkis Konstantinidis/REUTERS
Foi através da aplicação Athlenda, uma espécie de "LinkedIn para atletas" de Lazaros Papadopoulos, que a equipa Aris encontrou Wamba.
Foi através da aplicação Athlenda, uma espécie de "LinkedIn para atletas" de Lazaros Papadopoulos, que a equipa Aris encontrou Wamba. Alkis Konstantinidis/REUTERS
"Estamos muito felizes de o termos connosco”, disse Vangelis Angelou, treinador da equipa grega Aris.
"Estamos muito felizes de o termos connosco”, disse Vangelis Angelou, treinador da equipa grega Aris. Alkis Konstantinidis/REUTERS
No entanto, sem que a sua situação na Grécia esteja legalizada, Wamba não pode jogar.
No entanto, sem que a sua situação na Grécia esteja legalizada, Wamba não pode jogar. Alkis Konstantinidis/REUTERS
O sonho do basquetebolista congolês é a NBA.
O sonho do basquetebolista congolês é a NBA. Alkis Konstantinidis/REUTERS
Wamba numa sessão fotográfica da equipa Aris Thessaloniki B.C.
Wamba numa sessão fotográfica da equipa Aris Thessaloniki B.C. Alkis Konstantinidis/REUTERS