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Do Congo à Grécia, com o basquetebol como sonho
Aos 17 anos, Christ Wamba fugiu da República do Congo com apenas uma bola de basquetebol e uma muda de roupa. Dois anos depois de ter chegado à Grécia, está agora a treinar com uma das maiores equipas de basquetebol profissional do país.
Christ Wamba abandonou o Congo em 2015, quando começaram os protestos e a violência em Brazzaville, depois de um contestado referendo do presidente de longa duração Denis Sassou Nguesso para poder prolongar o seu mandato. Esteve durante meses na Turquia a tentar reunir dinheiro para pagar a um contrabandista por uma viagem num pequeno barco para a Grécia. “Era de noite. Não sabíamos o caminho. Estivemos no mar durante quatro horas. A água estava muito fria em Março. Não te podias mexer. Se te mexias, as pessoas diziam logo “queres que as pessoas morram?”, recorda. Christ Wamba e os restantes tripulantes foram encontrados pela Guarda Costeira grega que os levou para Moria, o maior campo de refugiados da Grécia, em Lesbos.
Lá, chegava a andar vinte quilómetros para encontrar um campo de basquetebol onde pudesse treinar. Praticava sete horas por dia, muitas vezes abdicando das refeições. Já estava habituado: no Congo, quando não tinham comida, passava dias inteiros no campo a treinar. “Jogava de chinelos. Às vezes sem nada. Sem sapatos, só com as minhas pernas, com sangue, às vezes”. Com dois metros de altura, Christ era demasiado alto para jogar futebol, o desporto rei em África. Comprou a primeira bola de basquetebol com dinheiro que poderia ter gasto em comida e treinou-se a si mesmo, ao ver vídeos da NBA e a tentar imitar os seus ídolos, Kevin Durant e Kobe Bryant.
Não tinha muitas expectativas. Tudo mudou quando criou um perfil na aplicação Athlenda, uma espécie de “LinkedIn para atletas”, como descreve o fundador Lazaros Papadopoulos, antigo jogador da selecção nacional grega. A aplicação põe em contacto jogadores, treinadores, clubes e olheiros. Rapidamente foi descoberto por uma das maiores equipas profissionais da Grécia, Aris, onde está a treinar desde Junho. “Gostei logo dele, porque vi a paixão que tinha. E quando vejo um miúdo talentoso disposto a fazer o que tiver de ser para jogar, não consigo ignorar. Ele tem tudo para ter sucesso”, contou Papadopoulos à Reuters.
No entanto, sem que a sua situação na Grécia esteja legalizada, Wamba não pode jogar. “Ele é um óptimo miúdo e merece esta oportunidade. Estamos muito felizes de o termos connosco”, disse Vangelis Angelou, treinador da equipa, acrescentando que estão a considerar contratá-lo enquanto jogador estrangeiro. Até lá, continua a treinar para ser o melhor. Na sua página de Facebook, o jogador vai partilhando fotografias da sua nova vida. Na descrição de uma foto de perfil, diz-se feliz: "eu não era nada e agora sou alguma coisa". “Talvez um dia as pessoas falem de mim”, diz à Reuters. O sonho agora é a NBA.