Aline Frazão: “É preciso escutar, apagar as luzes e silenciar o mundo”

De um lado, ela, procurando o silêncio. Do outro, o ruído exterior, as mudanças em Angola ou a relação antagónica com o Rio de Janeiro ou Lisboa. Dentro da Chuva é tudo isso e é magnífico. “Até a doçura, essa coisa, deixei de ter medo dela em mim. Faz parte do processo de construção, desse meu mundo político e identitário como mulher.”

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Falávamos sobre o silêncio – o real e simbólico, como forma de resistência num mundo cada vez mais ruidoso – e a frase saiu-lhe: “Às vezes é preciso escutar, apagar as luzes e silenciar o mundo.”

É isso. Essa é uma das portas de entrada possível em Dentro da Chuva, o novo e magnífico álbum da cantora-compositora Aline Frazão, que é editado esta sexta-feira, seguindo-se uma digressão, que passará pela Casa da Música do Porto a 9 de Novembro ou o São Luiz de Lisboa a 20 desse mês. É uma obra onde se aproxima do silêncio, despojado, minimalista, voz e violão na curvatura das emoções, tudo exacto, enxuto, sem rímel.

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É também um álbum de reencontro. Consigo. Com Angola. E até com o Rio de Janeiro. E no entanto nada disto acontece por acaso. É um processo. Corresponde a uma procura. O álbum anterior, Insular (2015), era mais eléctrico e ecléctico. Foi uma época em que sentiu necessidade de se colocar em causa. Desarrumar a casa sonora. Agora, dir-se-ia que a cantora de 30 anos regressa a casa, mas vem diferente, mais transparente e precisa na comunicação, tão capaz de mostrar vulnerabilidade e tranquilidade, como ser convicta, firme e audaz nas suas disposições.

Para Aline a geografia desempenha um papel importante. O álbum anterior foi gravado na Escócia. “Por um lado havia uma vontade de passar pela experiência de gravar num contexto de isolamento, até pela temática do disco, e por outro queria cortar com as linhas estéticas mais tropicais, ou com a ideia de músicas do mundo, no sentido mais convencional. Queria fazer um disco diferente, com uma linguagem mais dura, mais rock, que faz parte de mim, mas que é um lado que tenho mais dificuldade em afirmar. E era preciso, naquela fase, afirmá-lo por várias razões.”  

Foi por isso que procurou um produtor inglês, Gilles Perring, com referências distantes das suas, e convidou o guitarrista Pedro Geraldes (Linda Martini) para as gravações. “Isso acabou por ser importante para chegar a este disco, mas na altura não tinha noção disso. Talvez este novo álbum seja de reconciliação, porque tem mais a ver com coisas que fiz no início – até antes do primeiro álbum – e porque fui gravar ao Brasil, uma influência com a qual nunca lidei bem. É verdade. Nunca gostei de ser associado à bossa nova ou à música brasileira em geral.” Porquê?

Uma página em branco

“É uma longa conversa”, exclama por entre risos. Temos tempo, respondemos. “Tem a ver com questões de identidade”, remata. “Nasci e cresci em Angola. Depois, aos 18 anos, vim para a universidade em Portugal. Seguiram-se Barcelona e Madrid, onde comecei a minha carreira. Nessa altura tinha essa definição clara dentro de mim de que a minha música respirava o triângulo Brasil, Angola e Cabo Verde. Era a minha forma de me explicar ao mundo.” Uma forma, talvez, fácil demais.

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Nasceu e cresceu em Angola. Aos 18 anos, veio para Portugal. Seguiram-se Barcelona e Madrid, onde começou a carreira. miguel manso

E foi aprofundando essas questões dentro de si. “Como me colocar em Angola, por exemplo. Como mulher mestiça? Mas uma mestiça no Inverno passa a branca! Como lidar com essas questões até pelo facto de a minha família ter origem variada? Até que nos últimos tempos – coincidiu até com o meu regresso a Luanda há ano e meio – várias coisas ficaram mais claras dentro de mim. Mas, antes, essa ligação rápida que as pessoas faziam entre mim e a música brasileira incomodava-me, talvez porque sentisse que ocultava a minha identidade angolana. E é essa a minha identidade nacional que mais queria defender ou afirmar, pela qual tinha mais paixão e ligação, fosse ela poética, política ou identitária.”

Ouve-se a música, recebe-se a sua voz, olha-se até para a sua figura física e é fácil identificar uma certa doçura. Mas quem já a viu em palco, ou em actos públicos com carga política, como aconteceu aquando da prisão de Luaty Beirão, percebe que existem ali fortes convicções, resiliência, causas, um lado indomesticável. Era como se essa relação com o Brasil que era identificado no seu trabalho, de alguma forma aplanasse tudo, deixando ver apenas o lado mais suavizado. “A música brasileira tem um lado doce, tropical, é caipirinha – enfim, mais na Europa, do que em Portugal – e era como se isso tirasse força ao meu trabalho. E aí eu tentava dizer que não era só isso, essa doçura, essa suavidade, esses adjectivos que me cansavam um pouco, tentando puxar pelo meu lado político também.”

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O novo disco é uma obra onde Aline se aproxima do silêncio. É despojado, minimalista, voz e violão na curvatura das emoções, tudo exacto, enxuto, sem rímel miguel manso

Mesmo em Angola havia quem a achasse “demasiado brasileira”. Ri-se. “Sempre houve essa cobrança. E todo esse contexto fez com que rejeitasse essa influência brasileira apesar de ser inegável no meu trabalho. O álbum Insular surgiu também por isso. Era uma forma de dizer que aquilo não era Angola, Brasil ou Cabo Verde. Era tudo e nada. De repente era como tivesse uma página em branco. E isso foi bom.”

Essa demanda parece tê-la pacificado. E regressa agora com um disco onde estão as influências que a marcaram desde o início – o semba angolano, a bossa brasileira, a morna cabo-verdiana, ou o jazz, a folk e a soul – mas é como se isso nunca estivesse lá na verdade, porque o que se vislumbra é maior do que a soma das partes. É uma cantora-compositora segura de si. Mais transparente. Nem que seja para comunicar complexidade, diferentes pontos de vista sobre a mesma realidade.

“As referências de Angola, Brasil ou Cabo Verde estão lá, mas este é um disco de cantora-compositora. Era isso que queria. Queria que fosse cru. Sem muita produção. Com espaço para a canção. É como se a página em branco que foi o último disco me permitisse agora expressar na minha linguagem.” É como se agora não forçasse nada. É simplesmente. “Até a doçura, essa coisa, deixei de ter medo dela em mim. Faz parte do processo de construção, desse meu mundo político e identitário como mulher.”

Respirar em Luanda

O que não significa que tenha atingido um estado de beatitude. Questiona-se a toda a hora, problematiza, deseja perceber todos os ângulos. Às vezes exaspera-se. “Estou sempre a pensar, a pensar”, ri-se. Mas agora as escolhas apresentam-se mais límpidas. Quando se viveu em diversos países, como foi o seu caso, por vezes em vez de se escolher uma determinada nacionalidade, acaba-se por acumular, não só legalmente mas também afectivamente, sem qualquer problema. Não é o seu caso.

“Sempre me senti angolana. Mas o problema das identidades não reside apenas nas nossas escolhas. Tem também a ver como se é percepcionada pelos outros. Há muitas variáveis. É diferente a forma como me vêem em Angola e fora de Angola. É diferente se for vista como mestiça ou branca. Se pertencemos a uma classe social privilegiada ou não. E já nem falo das questões políticas, agora mais calmas, mas presentes no passado recente.”

Existem duas formas dominantes de olhar para as mudanças encetadas em Angola, desde que José Eduardo dos Santos se retirou, para dar lugar ao novo presidente João Lourenço. Há quem postule que as alterações são reais. Mas também existe quem diga que as mudanças são cosméticas, apenas com o objectivo de silenciar quem se sublevou nos últimos tempos, como aconteceu aquando da prisão de 16 activistas, entre 2015 e 2016. 

“Há mudança. Tenho isso é muito claro. É preciso colocar as coisas no seu lugar: a saída do José Eduardo dos Santos é uma mudança brutal. E todas as medidas, como a formação do governo, as mudanças na Sonangol, ou o afastamento dos filhos do ex-Presidente, são coisas importantes. Têm peso para a forma como as coisas estavam organizadas na realidade angolana. E são também medidas com um simbolismo muito forte. E isso não deve ser menosprezado. Dito isto, é preciso não confundir os planos. Não me parece que o actual presidente seja o salvador da pátria. Até porque essa é uma ideia de política muito ultrapassada. Mas há sintomas interessantes, seja em termos de política externa, ou na forma como o MPLA vai sendo arrumado. Mas é claro que Angola tem ainda muito que caminhar, tanto ao nível dos partidos, como da cidadania.”

A maior liberdade de expressão que se pressente na actualidade teve como efeito principal gerar um clima de debate. Algo que segundo Aline se constata na comunicação, mas também no espaço público. E aí, como acontece sempre em contextos semelhantes, têm-se expressado novas vozes progressistas, mas também conservadoras que até agora eram invisíveis. “Isso é verdade pelo menos ao nível de Luanda e de outros contextos urbanos, gente que participa nas redes sociais”, esclarece. “Ou seja, essa maior abertura acabou por revelar também todo o conservadorismo da sociedade angolana, a religiosidade perniciosa, a reactividade. Não é um fenómeno só angolano, é global, mas o meu receio é que essas forças opressoras para com as mulheres, os homossexuais, contribuam para que se ande para trás. Fazendo parte do movimento feminista em Angola sinto isso. Ao mesmo tempo que se conquista espaço para explicarmos as nossas ideias, há uma onda reactiva violenta e nada democrática, talvez porque ainda não se consegue olhar para a política como algo sério, objectivo, ao serviço das pessoas. Ainda impera uma lógica familiar ou grupal.”

Seja como for, quando pensa nas cidades onde viveu, Luanda, Lisboa, Barcelona e Madrid, não tem duvidas que é na capital angolana que hoje respira melhor. “Passei uma temporada sem vir a Lisboa e agora tive uma sensação estranha. Ambas mudámos muito. Sabe quando se encontra uma velha amiga e se tem aquela impressão que a conhecemos bem na intimidade, mas ao mesmo tempo já ambas mudámos tanto que já não sabemos se existe um encontro? Senti isso com Lisboa agora e fiquei angustiada.” Antes de partir para Luanda, há ano e meio, habitou na Baixa. Agora diz ter dificuldade em relacionar-se com algumas zonas da cidade. “Já sabia, claro, do turismo, da gentrificação, da perda de identidade. Mas quando se presencia isso é violento. Eu andava a pé na Baixa, onde morei antes de me ir embora, e agora já nem tenho vontade de ir para lá. É difícil lidar com essa transformação. Que mais uma vez, é algo globalizado.”

Em Luanda sente o oposto. “Paradoxalmente a crise foi o melhor que aconteceu àquele país”, exclama, antes de passar a explicitar, para não gerar mal entendidos. “A crise económica fez com que o ritmo da cidade diminuísse. Está menos vaidosa e caótica. Antes só se falava do trânsito, dos preços altos – bem, esses continuam. Mas a sensação é diferente, também pelas mudanças politicas.” Por outro lado, “há muita gente jovem com pequenos projectos a criar uma nova dinâmica. Há um diferente construir. Há dez anos estava tudo concentrado no petróleo ou na construção de prédios. Hoje sinto uma energia nova.” Mas recusa-se a idealizar a realidade. “Existe esperança e era preciso acabar com aquele circo, aquela ideia de progresso, mas é ainda tudo frágil. Como aqui, as coisas não estão fáceis para as pessoas.”

E a música feita em Angola como reflecte o que está a acontecer? “Há muitas coisas boas”, assegura, “inclusive de gente que estende essa ideia de país, para lá de Luanda, do semba, do kuduro ou da língua Kimbundu. “O Ndaka Yo Wiñi, por exemplo, que é do Sul do país, ou o Gabriel Tchiema, do Leste. E depois existe o Toty Sa’ Med. Sou suspeita, sou amiga. Mas tem feito um trabalho lindo. É dos músicos mais talentosos daquele país, com o coração no lugar certo. E há também a Anabela Aya que lançou agora um disco interessante, mais ligada ao afro-jazz.”

A mudança de Lisboa para Luanda acabou por ser determinante para o novo álbum. Todos os discos que concebeu acabam por corresponder a novos capítulos da sua vida. “Pelo menos até agora tem sido assim”, ri-se, descrevendo que a canção Areal de Cabo Ledo acaba por dar conta dessa transição. “Por norma existe sempre uma canção que começa a marcar o tom da tua nova fase. Neste caso foi esta.”

“Vou pela estrada nacional / Em direcção ao Sul / Tanto espaço / Tanta imensidão”, ouve-se ela a cantar nessa música que haveria de contaminar o restante que foi sendo criado, dando conta da aura de reencontro que se pressente no disco. “Fora de Angola por vezes sentia que tinha de me explicar a toda a hora, para mostrar quem era. Parecia que as pessoas não entendiam. E lá senti que não era preciso e isso foi uma paz grande.”

Ao mesmo tempo regressou aos lugares onde cresceu, com os quais foi dialogando à distancia durante dez anos, percebendo o que mudou e permaneceu, reencontrando-se com realidades da infância. “Há momentos em que nos interrogamos como era quando éramos crianças. Há certas coisas que fazem parte de nós e que não mudam independentemente dos lugares, mas mesmo assim sentimos que é melhor estar ali. Foi isso que me aconteceu neste voltar a Luanda”, expõe, como se evocasse a canção Um corpo sobre o mapa, digressão por várias cidades europeias e africanas, com inevitável despertar em Luanda.

Foi na capital angolana que compôs, sentia-se confortável ali, mas mais uma vez partiu, gravando no Rio. E um nome surgiu de imediato: Jaques Morelenbaum. “Está em todos os discos que considero essenciais nessa música brasileira que me influenciou. Sou fã da sua linguagem. Conheci-o em Lisboa. Essa música, O areal de Cabo Ledo, tinha essa melancolia e eu ouvia o violoncelo dele nela. Pensei nele quase em simultâneo ao Rio. Simboliza isso para mim, a descoberta dessa música com densidade – muitas vezes mal interpretada – com essa completude poética, num equilíbrio entre ritmo, balanço, poesia e harmonia.”

O Rio como campo de batalha

Mas o Brasil é grande, multifacetado e musicalmente rico e diverso. E aí surgiu o nome da Luedji Luna. “Não percebo porque é que ainda ninguém a trouxe a Portugal, só podem estar a dormir”, ri-se. “Ela tem uma ligação com Angola que começa no nome, mas é mais do que isso. Ouve-se os discos dela e fica-se confuso: é música africana ou brasileira? É muito verdadeira, nada impostora, o que é raro. Quando os brasileiros tentam aproximar-se de África, ficam por aquela coisa folclórica da Terra Mãe. Ela não. Já tínhamos trocado ideias e gosto muito da voz dela, da verticalidade, enraizada no chão, uma coisa muito selvagem. Uma outra forma de ser cantora, mulher, negra, lésbica, baiana, com uma carga política identitária em todos os poros dela.”

A brasileira Luedji Luna canta em Kapiapia, uma das canções mais bonitas do álbum, com palavras do escritor, cineasta e antropólogo Ruy Duarte de Carvalho, que morreu em 2010. “Estava no quarto quando encontrei aquele pequeno livro, Como Se o Mundo não Tivesse Leste, e comecei a ler um excerto, com métrica perfeita, como se tivesse sido escrito em verso, de uma profundidade brutal, com o qual me identifiquei muito e a música aconteceu assim. Foi uma força muito grande, muito estranha, que aconteceu ali, eu ter aberto aquele livro e aqueles dois parágrafos, e acontecer-me no formato canção. Logo a seguir escrevi à Luedji e mandei-lhe a música. Fiquei satisfeita porque queria mostrar diversas facetas do Brasil e se o disco tivesse só o Jaques seria enganador. Apesar de querer que o disco fosse despido, sentia que precisava de alguns elementos para contar essa história. Não para me defender, ou porque tenha medo da voz e violão, mas porque as canções pediam e era preciso significar essa ida ao Brasil.”

Mas existiram outras participações importantes, como Gabriel Muzak, “que foi crucial" para que se sentir "acompanhada no processo de gravação”. “Foi praticamente co-produtor do disco, ouvindo atentamente, sempre presente, sossegado, na mesma energia dos temas. Isso foi um privilégio e fez com que os dias de estúdio fluíssem de maneira bonita.” Também João Pires, autor de Um corpo sobre o mapa, foi parceria importante, “não só na composição da música comigo, mas em estúdio. O João é família e quando se está em estúdio a fazer um disco quase a solo sabe bem ter família por perto.”

Nos dias do Rio teve sensações contraditórias. Em estúdio sentiu paz. Na rua, medo. “O Rio é um campo de batalha. Senti medo de andar na rua, de estar em casa, dos tiros. De repente desconstruí toda a ideia do Rio idílico, maravilhoso, da Garota de Ipanema, dessa música burguesa dos anos 60, que me pode ter influenciado. Foi um desafio estar a fazer um disco com delicadeza e lá fora saber o que estava a acontecer.” Existiram momentos em que se interrogou sobre o que estava ali a fazer. “Tinha essa vontade, egoísta, que aquilo não poluísse o disco. Mas aquilo estava a acontecer. Tive que me atirar para o chão duas vezes em casa porque havia tiroteio num morro ao lado. E isso fez-me pensar muito sobre questões de violência e como as pessoas vivem em lugares assim". Por outro lado – “existe sempre um outro lado, não é?” – é “inspirador ver tanta gente a resistir, na arte e na política, numa fase politicamente desastrosa e incerta como aquela que o Brasil está a viver agora.”

E depois, surgindo do nada, uma versão de uma canção de Serge Gainsbourg, Ces petits riens. “Apeteceu-me, e pronto”, ri-se. “Às vezes os discos são muito eu e a minha cabeça. É preciso deixar entrar um pouco de oxigénio. Gosto dele há muito anos e do francês.” Em Gainsbourg gosta também das palavras. Para ela isso é essencial. “Assumi o compromisso da economia das palavras. Simplificar, condensar, só colocar o que fizesse mesmo sentido. Que cada verso estivesse lá porque tem de estar.” E voltamos ao silêncio. Em Kapiapia, nas palavras de Ruy Duarte de Carvalho, ouve-se ela a cantar às tantas: “Porque é o silêncio / Que governa tudo / Está dentro da chuva.”

“Esse texto é forte e o próprio nome do disco vem daí”, afirma. De alguma forma, numa altura em que a música se tornou omnipresente, transformando a nossa experiência com ela, e em que o ruído comunicacional é constante, alterando a relação com o mundo, é como se Aline procurasse o regresso a uma certa essência, por utópica que seja.

“A minha vida hoje é muito essa busca. Quando penso na música, no mundo, na política, na arte ou nos afectos, existe por vezes uma necessidade de esvaziar que é difícil, porque o mundo vai totalmente numa direcção oposta. Mas às vezes isso é fundamental. Não consegues aceder ao que queres dizer, expressar-te no sentido mais verdadeiro, se não escutares realmente, não apagares as luzes e silenciares o mundo.”  

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