O Charlie Chaplin do Afeganistão quer fazer “esquecer” a dor

Karim Asir veste-se de Charlie Chaplin e actua nas ruas de Cabul. Na capital do Afeganistão, fazer humor desta forma é um risco.

Reuters/MOHAMMAD ISMAIL
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Karim Asir testemunhou ataques suicidas e explosões, foi ameaçado por terroristas do Daesh, mas está determinado em alegrar o quotidiano dos afegãos: vestido como Charlie Chaplin, actua diariamente nas ruas da capital do Afeganistão, Cabul. “É muito simples, quero dar aos afegãos uma razão para sorrir”, diz.

Asir passou a infância no Irão, onde a sua família procurou refúgio dos talibãs, que tomaram controlo do Afeganistão em 1996. O comediante, hoje com 25 anos, via as actuações de Charlie Chaplin na televisão iraniana, e, antes de regressar ao Afeganistão, começou a maquilhar-se e a recriar as personagens do famoso actor do cinema mudo.

Apesar do receio dos seus pais, que queriam que Asir se tornasse médico ou político, profissões consideradas mais estáveis em termos de rendimento, Asir garantiu ao The World, da rádio norte-americana Public Radio International, ter dito aos seus progenitores que “não [podia] ser médico, mas que [tinha] capacidade para ser artista”. Começa a actuar em público e acaba por estudar teatro na Universidade de Cabul.

As suas actuações conferem algum “alívio” a uma cidade constantemente atacada pelos talibãs. “Quero dar ao meu povo uma oportunidade de esquecer os seus problemas, como a guerra, os conflitos e a insegurança no Afeganistão”, garante Asir.

Tem mais de um milhão de visualizações nos seus vídeos no YouTube, mas é também é alvo e críticas. “Há quem diga: ‘Não temos água, não temos onde viver e estás a tentar tornar as coisas engraçadas’”, diz. “Eu digo: ‘OK, temos estes problemas, mas também precisamos de ser felizes’.”

Asir confessa ter sido ameaçado por fundamentalistas que consideram as suas performances como anti-islâmicas. “Tenho medo de ser atacado por um bombista suicida ou por uma explosão, mas estas questões não me podem impedir de ser o Charlie Chaplin.” 

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