Dono de café de Alfama conta como foi “despejado” por Ricardo Robles

Café funcionou durante 28 anos no rés-do-chão do edifício, mas dono também ocupava uma pequena fracção no primeiro andar. Acabou por ser despejado de ambas, depois de ter recusado suspender actividade durante as obras, assim como a proposta de actualização de renda.

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Rui Gaudêncio

Durante 28 anos, no prédio de Alfama que foi comprado pelo vereador do Bloco de Esquerda Ricardo Robles e pela irmã, funcionou um pequeno café onde trabalhavam cinco pessoas. O dono do Pão com Manteiga, que prestou declarações ao Correio da Manhã mas não se quis identificar, diz ter ficado “muito desgastado” com as obras que o vereador, e co-proprietário, mandou fazer no edifício, pelo que, com 63 anos, decidiu antecipar a reforma. Mas os outros quatro funcionários acabaram por ficar sem emprego.

De acordo com o relato deste antigo inquilino do prédio de Alfama, o despejo foi decretado por ordem do tribunal, e depois de lhe ter sido apresentada não só uma actualização de renda, mas também um pedido de libertação de um “quarto de arrumos do pessoal” que o café ocupava no primeiro andar do edifício. “Quis aumentar-me a renda de 270 para 400 euros, com a condição de eu sair do andar de cima. E como não aceitei, ele [Ricardo Robles] colocou-me uma acção de despejo que foi concretizada em Outubro de 2016”, afirmou.

É precisamente este inquilino quem está a discutir em tribunal com os novos proprietários do edifício o pagamento de uma indemnização de 120 mil euros relacionada “com as obras de benfeitorias [feitas] ao longo de 28 anos de arrendamento”, esclarece o anterior inquilino.

“Os últimos tempos que passei no café foram difíceis. Pela pressão de ter de sair e pelas obras de remodelação. Havia sempre muito ruído e muito pó. Fiquei muito desgastado e decidi ir para a reforma”, contou ao Correio da Manhã.

Ricardo Robles confirmou o pedido de indemnização e o processo que decorre em tribunal, e acrescenta que, apesar “das obras no café”, o prédio estava em mau estado e representava um “perigo” para a segurança do casal que lá morava, assim como para os funcionários e clientes do café. Ao mesmo jornal, o autarca de Lisboa insistiu que o dono do café não aceitou suspender a actividade enquanto decorriam as obras e que já o indemnizou pela sua saída do local.

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