Palavras, expressões e algumas irritações: caixa de Pandora

Abriu-se o “saco dos ventos”, disse Manuel Alegre, que ficou perplexo com a mudança de estratégia do secretário-geral do PS relativamente ao caso Sócrates. Mas só agora é que António Costa descobriu a brisa... da corrupção que se escapou da “caixa de Pandora”, onde cabiam Manuel Pinho e o Banco Espírito Santo.

A “caixa de Pandora” significa “a origem de todos os males”. A expressão voltou a circular na comunicação social através das palavras de Manuel Alegre, depois de, “de um momento para o outro, ter caído a estratégia de António Costa com mais de três anos de separar o caso Sócrates da política e do PS”. Falou e disse: “Abriram o saco dos ventos.”

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A “caixa de Pandora” significa “a origem de todos os males”. A expressão voltou a circular na comunicação social através das palavras de Manuel Alegre, depois de, “de um momento para o outro, ter caído a estratégia de António Costa com mais de três anos de separar o caso Sócrates da política e do PS”. Falou e disse: “Abriram o saco dos ventos.”

Afinal, quem foi e o que fez Pandora? O dicionário enciclopédico explica o mito grego: “Primeira mulher, segundo Hesíodo. Criada por Atena e Hefesto com todas as perfeições, Hermes fê-la curiosa e enganadora. Zeus entregou-lhe uma vasilha fechada, que Pandora destapou e todos os males que ela continha se espalharam pelo mundo.”

Os males teriam sido inveja, ódio, dor, velhice, fome, pobreza, guerra e morte. Entre as várias listagens dos “ventos” malévolos que se libertaram da caixa, não consta a corrupção. Mas foi esta brisa... que António Costa, ex-ministro de José Sócrates, descobriu (só) agora.

Para evitar “embaraço mútuo”, Sócrates “desfiliou-se” do PS. Se na altura da detenção do ex-primeiro-ministro o actual secretário-geral do PS conseguiu que sobre isso não se falasse no congresso que se avizinhava, agora será difícil fugir ao tema no próximo encontro na Batalha.

O homem da “palavra dada, palavra honrada” tem agora a versão da “desonra para a democracia”, caso se provem as ilegalidades. A “vergonha” que os dirigentes socialistas dizem sentir chegou com algum atraso.

Finalmente começou a reflexão no PS”, disse Ana Gomes, que andou a falar sozinha desde que se divulgaram as ligações duvidosas entre Manuel Pinho e o BES enquanto era ministro de José Sócrates.

Diz-se que no fundo da “caixa de Pandora” se encontrava a “esperança” e que foi a última a escapar. Mas também se diz que Pandora não voltou a abrir a caixa e, por isso, “a esperança permanece até hoje guardada”.

“Pandora” também significa “molusco hemibrânquio” e ainda “instrumento de dezanove cordas que é o baixo da mandolina”. E não há mal nisso.

A rubrica Palavras, expressões e algumas irritações encontra-se publicada no P2, caderno de domingo do PÚBLICO