PSD vota ao lado do PS na lei da paridade e impõe disciplina de voto

Bancada parlamentar do PSD está a tomar medidas para afinar uma melhor comunicação interna e com a imprensa.

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Rio e Negrão mostram que pensam diferente Paulo Pimenta

A direcção da bancada do PSD impôs disciplina de voto a favor das propostas do Governo que reforçam a paridade (e a abstenção num projecto do PCP). Vários deputados mostraram-se contra as propostas na reunião da bancada da manhã desta quinta-feira. O ex-líder parlamentar Hugo Soares foi uma das vozes que se levantou contra a intenção do Governo, apesar de ter defendido a disciplina de voto por não se tratar de uma questão de consciência. 

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A direcção da bancada do PSD impôs disciplina de voto a favor das propostas do Governo que reforçam a paridade (e a abstenção num projecto do PCP). Vários deputados mostraram-se contra as propostas na reunião da bancada da manhã desta quinta-feira. O ex-líder parlamentar Hugo Soares foi uma das vozes que se levantou contra a intenção do Governo, apesar de ter defendido a disciplina de voto por não se tratar de uma questão de consciência. 

A indicação do sentido de voto para as propostas que são votadas esta sexta-feira foi dada ao final desta tarde por e-mail aos deputados, depois de, na reunião da manhã, a direcção de Fernando Negrão não ter dado qualquer orientação sobre a posição do partido. Aliás, foi isso mesmo que disse aos jornalistas no final do encontro com os deputados.

Durante o debate sobre os diplomas, esta quinta-feira à tarde em plenário, os deputados do PSD anunciaram que a posição do partido seria favorável, mas não deixaram de fazer críticas às propostas do Governo que reforçam de 33% para 40% as quotas de mulheres nas listas eleitorais. Estas críticas foram o reflexo da discussão interna no grupo parlamentar. Ao que o PÚBLICO apurou, Hugo Soares disse ser contra as medidas do Governo por considerar que são populistas, outros deputados alegaram problemas constitucionais nos textos e outros chamaram a atenção para a dificuldade em conseguir mulheres para a composição das listas eleitorais, sobretudo nos concelhos e freguesias mais pequenos.

A questão da paridade marcou a reunião (em contraste com o silêncio em torno dos acordos formalizados na véspera por Rui Rio e António Costa) em que Fernando Negrão também não deu conta aos deputados de que o PSD iria apresentar um projecto de resolução sobre o Programa de Estabilidade do Governo. A iniciativa foi anunciada à saída da reunião aos jornalistas.

Também a intenção do Governo de pôr fim ao corte de 5% nos salários dos membros dos gabinetes de políticos – noticiada pelo PÚBLICO - não foi discutida, apesar de o líder parlamentar ter acedido, mesmo assim, a responder a perguntas dos jornalistas sobre a matéria, entrando em contradição com Rui Rio.

Já não é a primeira vez que Negrão assume uma posição diferente da que é defendida por Rio. Aconteceu há algumas semanas com a eutanásia e voltou a acontecer esta quinta-feira com a proposta do Governo de acabar com cortes ainda vigentes nos salários de membros de gabinetes.

Esta quinta-feira de manhã, quase à mesma hora, o líder do PSD recebia os responsáveis da Ordem dos Farmacêuticos e o presidente do grupo parlamentar estava reunido com a bancada. Rui Rio, que em iniciativas de saúde só presta declarações sobre o tema, abriu uma excepção para dizer que, por princípio, concorda com a intenção do Governo. “Se a política do Governo foi acabar com todos os cortes, não tenho nada a opor a que se acabem com todos os cortes mesmo", afirmou Rui Rio, na sede do PSD, citado pela agência Lusa.

Pouco tempo depois, Fernando Negrão falava aos jornalistas no Parlamento e assumia uma posição do partido contra: “Eu vejo isso com preocupação, a despesa pública é que deve estar controlada, o primeiro a dar o exemplo deve ser o Governo, e portanto discordamos profundamente dessa medida”.

O líder da bancada foi então confrontado com as declarações de Rui Rio em sentido oposto e disse que a sua posição era “diferente”. O líder do PSD mostrou ter uma posição que é a mais próxima do Governo no espectro parlamentar, já que CDS e BE são contra a medida, enquanto o PCP optou por desvalorizar. 

Ainda antes mesmo desta aparente desarticulação entre os dois dirigentes, a bancada parlamentar estava já a tomar medidas para afinar uma melhor comunicação. Nesse sentido foi pedido aos coordenadores do PSD nas comissões que enviem as intervenções dos deputados para a assessoria de imprensa da bancada na véspera das reuniões.

A assessoria de imprensa confirmou esta solicitação, argumentando que foi pedido aos coordenadores as ideias-chave das intervenções dos deputados para uma melhor articulação interna e para permitir uma mais eficaz divulgação à comunicação social.