Mais de dois mil profissionais de optometria exercem sem formação

Dados são citados num estudo divulgado nesta segunda-feira pela Associação de Profissionais Licenciados em Optometria.

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Tempo de espera por uma consulta no SNS ronda os seis meses Martin Henrik

Um estudo divulgado pela Associação de Profissionais Licenciados em Optometria (APLO) nesta segunda-feira revela que existem mais de 2000 profissionais desta especialidade a fazer diagnósticos sem terem formação adequada. Para além dos diagnósticos, estes profissionais dão ainda consultas de optometria sem estarem habilitados para tal.

Num país onde "mais de dois milhões de pessoas sofrem de deficiências visuais", o estudo Saúde da Visão – Impacto Socioeconómico, conduzido pela Universidade Nova de Lisboa, pretende “demonstrar o quanto a falta de legislação e acesso aos cuidados básicos de saúde ocular custa ao Estado e aos portugueses”, lê-se no comunicado da APLO.

De acordo com os dados recolhidos pelos investigadores que assinam o estudo, o tempo médio de acesso a uma consulta de oftalmologia no Serviço Nacional de Saúde ronda os seis meses. Dos mais de dois milhões de portugueses com algum tipo de deficiência visual, “dois terços dos casos de perda de visão depois dos 50 anos seriam evitáveis quando diagnosticados a tempo”, conclui o estudo.

O estudo alerta também que as consequências causadas pelas deficiências visuais se estendem até à produtividade laboral. Os custos causados pelas deficiências visuais ascendem “a valores entre os 203 e os 722 milhões de euros”, cita o estudo. Já o custo para contratar mil optometristas para o SNS — que eliminaria as listas de espera — não ultrapassaria os 28 milhões de euros no primeiro ano, estima o documento.

Em 2014, Portugal comprometeu-se a reduzir a deficiência visual e a cegueira evitável em 25% até 2019; no entanto, a associação garante que “até hoje nenhuma alteração foi implementada com vista à obtenção das metas estipuladas”. Sem acesso a médico de família que os possa reencaminhar para uma consulta de oftalmologia, os utentes têm dificuldades em recorrer ao Serviço Nacional de Saúde.

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