Este fotógrafo vê Marrocos de uma forma minimal

Nuno Serrão percorreu 2200 quilómetros em oito dias. "O seu interior e o seu povo são uma ode à resiliência e ao minimalismo".

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As rectas e a linha do horizonte, o leito dos rios que serpenteia entre os vales e a ausência de ruído. Este é o Marrocos das fotografias de Nuno Serrão, director criativo, fotógrafo e realizador na agência de marketing Urbanistas. "Para alguém que se sinta mais confortável com o minimalismo e o isolamento, seja como conceito estético ou estilo de vida, encontrará um destino especial no interior deste país", descreveu à Fugas este explorador visual que percorreu 2200 quilómetros num Citroën Cactus em oito dias.

"Não me chamaria um viajante. A viagem acaba por ser um veículo para preencher o que despertou a curiosidade. Mas gosto imenso de conduzir, o que ajuda, poucas coisas me trazem tanta paz como conduzir numa estrada desconhecida sem fim à vista", conta Nuno Serrão, equipado com uma Canon 5DMkIII (e com as objectivas 16-35 e 70-200).

"Marrocos", repete, "é um país lindíssimo". "O seu interior e o seu povo são uma ode à resiliência e ao minimalismo", descreve Nuno, que já tinha perseguido Perseidas. A série de fotografias que nos apresenta foge naturalmente à tradicional explosão de cores e à paleta de cheiros dos ambientes citadinos, confunde-se com a "viagem fora-de-estrada", com o deserto que encontrou pela frente e com esse silêncio contagiante.

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A melhor noite que passou em Marrocos foi a primeira — depois de várias horas de estrada, de atravessar a Cordilheira do Atlas e de se ver "completamente rodeado de montanhas" (cenas desses e de outros capítulos na sua conta de Instagram). "Ali o horizonte começa a ficar mais distante e apercebemo-nos que estamos a entrar num cenário diferente. O objectivo parecia mais perto: fugir da confusão e passar a noite em Ait-Ben-Haddou, património da UNESCO. A recompensa de chegar às 23h após atravessar montanhas, vales e o leito de um rio, foi ver o ksar, a cidade fortificada, iluminada pela lua. Dormir na casa de locais, dentro do ksar, foi indiscritível: a arquitectura, a história, a ausência de electricidade, a iluminação das velas e, acima de tudo, a ausência de ruído, nem o mais pequeno zumbido eléctrico."

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Entre "estradas sinuosas" e "bloqueios policiais", Nuno Serrão visitou os estúdios de cinema CLA em Ouarzazate, o Vale de Dades e a aldeia berbere de Merzouga. "Após dois dias e duas noites no Sara, posso dizer que, apesar de toda a beleza, a impressão mais forte que fica é de um sentimento de admiração pelos berberes que tivemos oportunidade de conhecer. Em Marrocos, a dicotomia entre civilizações berberes e árabes não é tão visível à superfície como noutros casos, mas está lá. Nunca encontrámos um berbere que não fosse simpático e prestável."

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Com o Sara pelas costas, Nuno seguiu em direcção a Errachidia ("Tem pouco para contar: é uma cidade grande, industrial e militarizada; quanto mais perto da Argélia, maior a frequência de colunas militares") e ao que resta de "um lago que reflecte um grande problema em Marrocos, a seca". E explorou o interior, "sempre com estradas que rasgam a paisagem imaculada" antes de se aproximar do Norte e "inevitavelmente das cidades maiores e mais confusas". "Estivemos uma noite em Marraquexe. Saímos para explorar a cidade a pé e sem planear. Em poucas horas, tínhamos visto tudo o que de mau se lê sobre o país: o caos, a sujidade e o crime."

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