Do linho ao látex, às cores e com sabores: histórias da História do preservativo

A propósito do Dia Internacional do Preservativo, que se assinala 13 de Fevereiro, demos a volta ao arquivo e à actualidade: que evolução teve este contraceptivo ao longo dos séculos, o que já se fez e o que falta evoluir?

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kerryank/ Pixabay

Era uma espécie de saco de linho o primeiro preservativo, criado em 1564, pelo cirurgião e anatomista italiano Gabriele Falloppio para prevenir a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis. Sobretudo da sífilis. Havia, antes disso, alguns registos da existência de preservativos noutras civilizações, mas não com o mesmo uso. Depois da criação de Falloppio, outras se seguiram: há documentação, por volta de 1700, que fala de preservativos feitos de bexigas de animais e peles finas. E depois de seda. E até confecções caseiras de donas de casa que faziam preservativos com tripas compradas no talho. Os primeiros preservativos de borracha aparecem pelos anos 1870 e só nos anos 30 do século XX o látex foi sendo cada vez mais usado.

Mundo longínquo este, não? Agora, os preservativos têm várias cores, sabores, texturas, há os que brilham no escuro e os que têm desenhos. Uma pesquisa rápida na Internet devolve-nos imagens de todo o género: preservativos com fita métrica, com um smoking, de vénias ao ex-presidente Obama, até camuflado de bacon. Sim, há invenções de utilidade duvidosa. Mas há também interessantes.

Como a de um grupo de estudantes britânicos (com idades entre os 13 e os 14!), que deu nas vistas em 2015 ao vencer um concurso pela criação de preservativos detectores de doenças. Amarelo para o herpes, azul para a sífilis, roxo para a HPV (o vírus do papiloma humano) e verde para a clamídia.

O uso de preservativos cresceu exponencialmente pelo final dos anos 70, com o aparecimento do VIH. Mas o desconhecimento sobre o vírus e a doença continua a ser impressionante: um estudo recente mostrava, por exemplo, que mais de um quarto dos jovens (27%) ainda acham que podem ser infectados com VIH se comerem ou beberem de pratos, talheres e copos que já tenham sido usados por uma pessoa infectada; e 12% acreditam que podem contrair a doença se alguém com VIH tossir ou espirrar perto deles. Um alerta, até porque já se sabe que é possível viver com VIH, o que mata é o preconceito.

Portugal: uso em queda desde 2010

Preocupantes são também os números sobre a utilização de preservativo: apenas 37,7% dos jovens inquiridos afirmaram que usavam sempre preservativo. É bom lembrar que, no que ao VIH diz respeito, a principal forma de transmissão é, actualmente, sexual (já foi através das seringas, nos anos 80). Em Portugal, o uso de preservativo está em queda desde 2010 — e ainda há quem faça tudo sem pensar.

A tentar contrariar isso, vão surgindo campanhas, ora públicas ora privadas. A Associação para o Planeamento da Família criou em 2015 um jogo online, #ON__Sex, para “garantir que os jovens estão preparados para lidar com os vários temas à volta da sexualidade, desde o planeamento familiar, à saúde reprodutiva e a questões mais complexas como o género e a violência de género”. Entre as várias lições está, por exemplo, uma relacionada com a forma como se põe um preservativo. Ora vejam lá em que nível andam os vossos conhecimentos.

E se, como estudos encomendados pela marca de preservativos Durex sugerem, os jovens se sentem mais à vontade a comunicar por emojis, então esse assunto está resolvido: já há um para falar de sexo seguro e preservativos. E a propósito, pais deste país, já deram um preservativo à vossa filha?

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Estes preservativos detectam doenças sexualmente transmissíveis através da mudança de cor

Já agora, uma vez que a crise vive ainda no meio de nós, falemos de preços. Farta de se cruzar com o argumento de que os preservativos eram demasiado caros, a Associação Abraço fez uma parceria com a Bluemed e juntas criaram uma caixa de três preservativos a um euro. Low cost e igualmente eficazes, garantem. Já há estudos que garantem que o preservativo não reduz o prazer. Não há, portanto, justificação possível para não usar.

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