Mary McDonald já é presidente do Sinn Fein, substituindo Gerry Adams

Há uma nova geração ao leme e "é altura de haver ideias frescas e ousadas", disse a nova líder no congresso do partido.

Mary Lou McDonald
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Mary Lou McDonald AIDAN CRAWLEY/EPA
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Michelle O"Neill e McDonald Clodagh Kilcoyne/Reuters
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Gerry Adams PAUL MCERLAN/EPA

O Sinn Fein confirmou este sábado Mary Lou McDonald como sua presidente, um cargo que é deixado pelo líder histórico Gerry Adams. Esta passagem de testemunho pode dar alento à ambição do partido nacionalista de governar os dois lados da ilha irlandesa.

A eleição de uma mulher de uma nova geração, que não teve qualquer envolvimento directo nos 30 anos do conflito irlandês, representa uma ruptura considerável com o passado do partido que foi a ala política do IRA (Exército Republicano Irlandês).

McDonald, de 48, nasceu em Dublin numa família de classe média e foi a única que avançou quando abriu a sucessão. Gerry Adams, que tem 69 anos, é o líder do partido desde 1983 (tinha McDonald 14 anos).

"A guerra acabou", disse McDonald no congresso do partido num discurso em que citou a poeta e activista dos direitos civis americana Maya Angelou. A Adams chamou "político gigante". "Agora, quando uma nova geração está ao leme, o nosso trabalho é fazer avançar as nossas políticas com inovação e modernidade. É altura de ideias frescas e ousadas", disse.

McDonald, que esteve no Parlamento Europeu entre 2004 e 2009 - ano em que se tornou a número dois de Gerry Adams -, quer capitalizar o progresso feito nas últimas duas décadas, desde o fim dos Troubles na Irlanda do Norte.

Adams, que sempre negou ter sido membro do IRA mas que muitos viam como um dos rostos da guerra sangrenta contra o domínio britânico - o conflito acabou com o acordo de paz de 1998 - é reconhecido pelo seu papel na transformação do partido numa força política dos dois lados da Irlanda que pretende ver unificada.

Desde 2007 que o Sinn Fein partilha o poder com os partidos unionistas na Irlanda do Norte - está em difíceis negociações para um novo governo partilhado. Nas últimas eleições na Irlanda do Norte, o partido obteve um resultado histórico. Porém, nunca governou a República da Irlanda, onde se estabeleceu como terceira força política. 

McDonald pode ver o Sinn Fein de regresso ao governo de Belfast em breve - Michelle O"Neill chefia o partido na Irlanda do Norte - e vai tentar entrar no governo em Dublin nas legislativas na República da Irlanda em 2019, depois de em Novembro o partido ter aprovado uma moção que lhe permite participar em coligações governamentais e Dublin, o que estava proibido até então.

Sondagens realizadas recentemente mostraram que os eleitores estavam mais receptivos a votar pelo Sinn Fein com McDonald na liderança do que com Adams - que neste sábado não discursou, já tinha feito a sua despedida.

"A nova líder vai atrair eleitores diferentes. Gerry Adams ama-se ou odeia-se e creio que Mary vai trazer pessoas mais neutrais para o partido. Temos que progredir e ela faz parte do nosso progresso", disse Michael Gallagher, de 62 anos, conselheiro de Meath e participante no congresso. "Penso que a nova liderança vai desafiar a cultura do partido. No Norte podemos ter algumas dificuldades em manter os nosso unidos... mas ela vai fazer crescer as nossas hipóteses eleitorais no Sul".  

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