A marca da mulher de Weinstein, Marchesa, cancela desfile de Nova Iorque

Marchesa vai apresentar a sua nova colecção, mas não terá desfile a 14 de Fevereiro, como planeado.

Foto
Keren Craig e Georgina Chapman no final de um desfile REUTERS/Eduardo Munoz

A apenas duas semanas da semana de moda de Nova Iorque, a Marchesa acaba de anunciar o cancelamento do seu desfile, que estava agendado para 14 de Fevereiro. A marca ressalva que a próxima colecção será apresentada, mas num novo formato, diferente do tradicional desfile, de acordo com o Business of Fashion

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A apenas duas semanas da semana de moda de Nova Iorque, a Marchesa acaba de anunciar o cancelamento do seu desfile, que estava agendado para 14 de Fevereiro. A marca ressalva que a próxima colecção será apresentada, mas num novo formato, diferente do tradicional desfile, de acordo com o Business of Fashion

A marca fundada por Keren Craig e Georgina Chapman – a mulher de Harvey Weinstein, que pediu divórcio no seguimento do escândalo de assédio sexual – foi durante anos uma das mais populares entre as grandes estrelas de Hollywood, mas tem estado visivelmente ausente da passadeira vermelha nesta temporada de entregas de prémios.

Pouco depois de a primeira reportagem que revelava os abusos do marido ter sido publicada pelo New York Times, Chapman anunciou a separação. "O meu coração está devastado devido às mulheres que sofreram uma dor tremenda com estas acções imperdoáveis. Escolhi deixar o meu marido", declarou então num comunicado enviado à revista People. A meados de Janeiro, terão chegado finalmente a acordo em relação aos termos do divórcio – inclusive custódia dos dois filhos, de sete e quatro anos – segundo divulgou fonte à Page Six.

Apesar de nenhuma grande estrela ter admitido algum tipo de boicote à marca ou criticado publicamente o carácter de Chapman – salvo, porventura, Rose McGowan, que acabou por pedir desculpa depois –, é difícil admitir que a ausência da passadeira se trate apenas de coincidência.

Foto

Chapman pode até não ter nada a ver com os crimes cometidos pelo marido, mas de acordo com os relatos de designers e actrizes a ascenção meteórica que a marca teve nos últimos anos deveu-se, em parte, à pressão que Weinstein fazia sob as actrizes que participavam nos seus filmes para usarem Marchesa em cerimónias, gerando assim publicidade à marca.

Felicity Huffman – uma das estrelas de "Donas de Casa Desesperadas" – confirmou à TooFab que Weinstein ameaçou destruir a sua carreira se não usasse um vestido da sua mulher, nos Globos de Ouro de 2006, quando estava nomeada pelo seu papel na televisão e no filme Transamerica.

"Ele foi o estratega por detrás da Marchesa – a orquestrar acordos e a usar a sua influência em termos de ligações a celebridades por ela [a mulher] em nome da marca", conta uma publicitária, que pediu o anonimato, ao The Hollywood Reporter. De acordo com a mesma, Georgina Chapman e Harvey Weinstein "ambos beneficiavam da sua relação, mas ela certamente sabia acerca do seu mau comportamento".

Citada pela Newsbeat, da BBC, a designer Alex Longmore comentou em Outubro – mês em que estalou o escândalo – que se alguma celebridade fosse vista a usar Marchesa seria "quase como se estivessem a apoiar suavemente o que aconteceu antes".